Relaxe seu corpo... Repouse seus
olhos... Busque um espaço de silêncio em seu interior... Um momento de profunda
quietude...
O Mestre Zen Basho disse:
Sentado silenciosamente, sem
fazer nada, a primavera chega, e a grama cresce por si mesma.
Perceba...
Tudo está acontecendo por si mesmo. É apenas a insanidade do homem que o deixa
envolvido e preocupado, deixa-o quase louco, correndo atrás do poder, de
posição, de dominação. Mas mesmo o homem mais rico do mundo ainda é muito
pobre, pois o homem mais rico do mundo ainda está faminto – ainda está
procurando, ainda está agitado...
Antes de entrar nesses diálogos,
gostaria de contar uma pequena história.
Um mendigo
bate a porta de um imperador. É de manhã bem cedo, ainda até um pouco escuro. O
imperador estava saindo para uma caminhada matinal, no seu lindo jardim.
O imperador perguntou: “O que
você quer?”
O mendigo respondeu: “Antes de
perguntar isto, pense duas vezes”!
O imperador
tinha combatido em guerras, conquistado vitórias, tinha deixado claro que
ninguém era mais poderoso do que ele. Mas, subitamente, o mendigo lhe diz:
“Pense duas vezes no que está fazendo, porque você não pode ser capaz de
cumpri-lo”!
O rei disse: “Não fique
preocupado, isto é comigo. Você pede e lhe será dado”!
O mendigo riu... O imperador não
podia compreender a risada.
O mendigo disse, então: “Vê a
minha cuia de mendigar? Quero que ela seja preenchida! Não importa com o quê; a
única condição é que ela deve estar enchida, deve ficar cheia. Você ainda pode
dizer não, mas, se disser sim, então você estará correndo um risco”.
A vez do imperador rir tinha
chegado, porque... Uma cuia de mendigo!... E ainda receber uma condição!
Ele mandou o seu primeiro
ministro encher a cuia do mendigo com diamantes, a fim de que esse mendigo
pudesse saber a quem ele estava pedindo.
O mendigo disse novamente: “Pense
duas vezes”.
E logo ficou claro que o mendigo
estava certo, porque, no momento em que os diamantes eram despejados na sua
cuia, simplesmente desapareciam. Mais diamantes, esmeraldas, rubis – o rei
tinha imensos tesouros -, mas, dentro de horas, tudo tinha sumido e a cuia do
mendigo ainda estava vazia.
O caso se
espalhou como fogo na capital; milhares de pessoas se aproximaram para ver esse
incidente miraculoso. Quando as pedras preciosas acabaram, o rei disse: “Tragam
todo o ouro e a prata, tudo! Todo o meu reino está em jogo, toda a minha
integridade está sendo desafiada”!
Mas, pela
noite, tudo tinha desaparecido na cuia do mendigo e sobraram apenas dois
mendigos – um deles era o imperador.
O imperador disse: “Antes de eu
tocar os seus pés e pedir-lhe desculpas por não ter ouvido sua advertência para
pensar duas vezes, por favor, diga-me apenas o segredo dessa cuia de mendigar”.
O mendigo respondeu: “Não há
nenhum segredo. Encontrei essa cuia num cemitério; é um crânio humano. Eu o
poli, fiz com que se parecesse como uma cuia. Sou um homem muito pobre, não
posso nem comprar uma cuia... Mas, por ser um crânio humano, você vai
despejando qualquer coisa dentro dele e ela desaparece”.
A história é
muito significativa. Você alguma vez já pensou na sua cuia de mendigar? Tudo
desaparece: poder, prestígio, respeitabilidade, riquezas, tudo desaparece e sua
cuia de mendigar continua abrindo a boca cada vez mais. E, devido a esse
contínuo esforço por mais, você continua perdendo Isto – o momento presente. O
desejo, o anseio por algo mais, o afasta deste momento.
E só existem
duas espécies de pessoas no mundo. A maioria das pessoas está correndo atrás de
sombras – elas jamais serão satisfeitas. Suas cuias de mendigar permanecerão
com elas até entrarem nos túmulos.
E uma minoria
muito pequena, um em um milhão, para de correr, simplesmente permanece de pé
aqui e agora, abandona todos os desejos, não pede nada e, subitamente, encontra
tudo dentro de si mesmo. Isto é a porta do reino de Deus.
Isto não é uma
palavra, mas um momento existencial. Você não encontrará no dicionário, e sim
na existência.
Não existem
detalhes. É o mais simples espaço silencioso, nada pode ser dito sobre ele.
E como Isto
não é uma palavra, não pode ter nenhum significado. Você pode viver esse
momento, mas não pode significar nada com ele.
É simplesmente
uma rosa, despercebida, desvalorizada, desconhecida, abrindo suas pétalas e
espalhando sua fragrância aos ventos, sem nenhuma outra razão além de ser esta
a sua natureza.
E se você
puder compreender Isto, nada mais é necessário, você chegou em casa. Você
esteve desviado por muito tempo, você perambulou através de muitas vidas em
muitas formas, por muitos caminhos. Isto (este momento) o traz subitamente de volta
ao seu Si mesmo essencial. E não há nenhuma distinção entre o individual e o
essencial. Uma vez que a gota do orvalho cai no oceano, todas as distinções
desaparecem – a gota de orvalho torna-se o oceano.
Isto, este
momento... Apenas um puro silêncio, um espaço sem nuvens... Isto é a única
poesia, a única canção, a única dança, a única resposta, aqui, agora, na sua
própria respiração, na sua própria pulsação.
A todo
momento, não importa onde você esteja, estou pedindo repetidamente, insistindo
para que você volte pra casa... Apenas seja e pare de correr atrás de sombras.
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