21 de jul. de 2016

A fonte

Solte seu corpo... não crie resistências, entregue-se...
Repouse seus olhos e olhe profundamente dentro...
Observe seus propósitos no caminho do Yoga...

No passado, os caminhos eram absolutamente diferentes. As pessoas estavam completamente livres da competição.
Mas toda aquela atmosfera, aquela era dourada da busca pela verdade, é agora apenas uma memória, um eco nas montanhas. Mas aquilo tinha uma beleza que precisa ser trazida de volta.

Todo o ser das pessoas deveria estar interessado primariamente na busca pelas suas próprias fontes de vida. Mas a situação moderna é justamente a oposta.
Atualmente estamos vivendo na era da escuridão (o que os hindus chamam de Kaliyuga) - era da cegueira, da ausência de indagação pela verdade. Nesta era, as pessoas estão interessadas em coisas mundanas. Elas devotam toda a sua vida a coisas que finalmente provam ser sem valor, inúteis.
Mas nem sempre foi assim...
Toda sua vida poderia ser um grande experimento em despertar a consciência, na busca pelas raízes da vida, em como ser completamente preenchido e contente.
As pessoas poderiam coletar toda alegria que o universo põe à sua disposição. Elas poderiam dançar, cantar e se deleitar com todas as belezas do universo.
Mas, perceba... Devido à nossa cegueira, permanecemos brincando euforicamente com nossos brinquedos de adultos... (celulares, carros, televisões de plasma). Estamos presos no nosso parquinho de diversão particular. As pessoas nunca se importam com o fato de haver mais coisas além dos brinquedos.
Hoje é muito difícil encontrar pessoas trabalhando continuamente, dispostas a dar o salto para o universo. E somente estes são os poucos afortunados.

Isso acontece porque somos todos programados desde a infância.
Programação! A palavra é nova no mundo dos psicólogos, mas surgiu com o computador. Você precisa programar o computador. Você pode por na mente do computador tudo o que quiser. E ele tem uma memória fantástica.
O que estamos fazendo com os computadores é o que as religiões têm feito com seres humanos. Alguém é hindu e alguém é cristão. A diferença entre eles é de programação. Se você educar desde o começo uma criança cristã numa casa hindu, você acha que ela pensará em Jesus ou na Bíblia Sagrada¿ Ela será hindu porque sua programação é hindu. Ela nem ao menos perderá tempo com Jesus. O mesmo é verdadeiro sobre todas as religiões; todas estão programando as crianças, agindo como se elas fossem computadores. Esse é um grande insulto à humanidade e o maior crime contra todo ser humano.

Toda criança vem como uma lousa em branco.
E então, você começa a escrever nela, a Bíblia sagrada, ou o Alcorão sagrado, ou o Gita sagrado – o que você quiser. A pobre criança está em suas mãos, ela não tem escolha.

Certa vez perguntaram a um grande cientista: “Você acredita em Deus”? O cientista disse que acreditava; o jornalista ficou chocado. Ele disse: “Você é um grande cientista, mesmo assim ainda acredita em Deus”?
O cientista respondeu: “Fui programado; não se trata de acreditar ou não acreditar. Fui programado desde minha infância que Deus existe – dito constantemente pelos pais, sacerdotes, professores, em todos os lugares, que isso se tornou como se eu soubesse que ele existe. Mas isso é apenas condicionamento”.

Perceba... É assim que a crença surge, mas a crença está na mente e mente é memória, é passado, não é a experiência real – é um subproduto da sociedade. Você não escolhe a sua própria religião, sua crença.
E, então, você passa a ter uma relação artificial com a Existência, com Deus, com Absoluto – ou o nome que você preferir usar.
Essas pessoas que fazem programação são todas profissionais – religiosos ou não.


Entendo que nascimento nada tem a ver com religião. Seus pais podem ser hindus ou cristãos, isso não significa que a criança terá que ser hindu ou cristã. A criança não é sua propriedade. Ela veio ao mundo através de você, mas se você tiver algum senso de humanidade, algum senso de respeito, respeitará a criança e a deixará só e permitirá que ela cresça em sua lucidez, inteligência, em sua indagação pela verdade, mesmo se ela sair do rebanho no qual você foi programado. Se você ama seu filho deixe-o ir de acordo com a sua natureza, aonde quer que ela leve.

Todo o meu esforço aqui está simplesmente em desprogramá-lo tão profundamente, que tudo que foi colocado em você desde a infância é tirado, e você é deixado novamente em sua inocência, em sua natureza original, em sua face original. A partir dessa inocência começa sua jornada real de crescimento.
Simplesmente dizer-lhe “Não tenha ego, seja compassivo, amoroso para com os seres humanos, para com as criaturas viventes” é apenas programação – você sai repetindo isso, mas não consegue por em prática.
No Zen todas essas coisas acontecerão, não devido à programação, mas devido ao seu despertar, devido à sua própria iluminação, sua própria consciência, sua própria intensidade e lucidez.
A compaixão virá, mas não será um cultivo. O amor virá, mas não será uma imitação de papagaio.
Então, relaxe e respire...

Esvazie um pouco sua mente de toda programação, filosofia, dogmas e permaneça livre, pleno no momento presente...

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