Solte
seu corpo... não crie resistências, entregue-se...
Repouse
seus olhos e olhe profundamente dentro...
Observe
seus propósitos no caminho do Yoga...
No passado, os caminhos eram
absolutamente diferentes. As pessoas estavam completamente livres da
competição.
Mas toda aquela atmosfera, aquela era
dourada da busca pela verdade, é agora apenas uma memória, um eco nas
montanhas. Mas aquilo tinha uma beleza que precisa ser trazida de volta.
Todo o ser das pessoas deveria estar
interessado primariamente na busca pelas suas próprias fontes de vida. Mas a
situação moderna é justamente a oposta.
Atualmente estamos vivendo na era da
escuridão (o que os hindus chamam de Kaliyuga) - era da cegueira, da ausência
de indagação pela verdade. Nesta era, as pessoas estão interessadas em coisas
mundanas. Elas devotam toda a sua vida a coisas que finalmente provam ser sem
valor, inúteis.
Mas nem sempre foi assim...
Toda sua vida poderia ser um grande
experimento em despertar a consciência, na busca pelas raízes da vida, em como
ser completamente preenchido e contente.
As pessoas poderiam coletar toda alegria
que o universo põe à sua disposição. Elas poderiam dançar, cantar e se deleitar
com todas as belezas do universo.
Mas, perceba... Devido à nossa
cegueira, permanecemos brincando euforicamente com nossos brinquedos de
adultos... (celulares, carros, televisões de plasma). Estamos presos no nosso
parquinho de diversão particular. As pessoas nunca se importam com o fato de
haver mais coisas além dos brinquedos.
Hoje é muito difícil encontrar pessoas
trabalhando continuamente, dispostas a dar o salto para o universo. E somente
estes são os poucos afortunados.
Isso
acontece porque somos todos programados desde a infância.
Programação! A palavra é nova no mundo
dos psicólogos, mas surgiu com o computador. Você precisa programar o
computador. Você pode por na mente do computador tudo o que quiser. E ele tem
uma memória fantástica.
O que estamos fazendo com os
computadores é o que as religiões têm feito com seres humanos. Alguém é hindu e
alguém é cristão. A diferença entre eles é de programação. Se você educar desde
o começo uma criança cristã numa casa hindu, você acha que ela pensará em Jesus
ou na Bíblia Sagrada¿ Ela será hindu porque sua programação é hindu. Ela nem ao
menos perderá tempo com Jesus. O mesmo é verdadeiro sobre todas as religiões;
todas estão programando as crianças, agindo como se elas fossem computadores.
Esse é um grande insulto à humanidade e o maior crime contra todo ser humano.
Toda criança vem como uma lousa em
branco.
E então, você começa a escrever nela,
a Bíblia sagrada, ou o Alcorão sagrado, ou o Gita sagrado – o que você quiser.
A pobre criança está em suas mãos, ela não tem escolha.
Certa
vez perguntaram a um grande cientista: “Você acredita em Deus”? O cientista
disse que acreditava; o jornalista ficou chocado. Ele disse: “Você é um grande
cientista, mesmo assim ainda acredita em Deus”?
O
cientista respondeu: “Fui programado; não se trata de acreditar ou não
acreditar. Fui programado desde minha infância que Deus existe – dito
constantemente pelos pais, sacerdotes, professores, em todos os lugares, que isso
se tornou como se eu soubesse que ele existe. Mas isso é apenas
condicionamento”.
Perceba... É assim que a crença surge,
mas a crença está na mente e mente é memória, é passado, não é a experiência
real – é um subproduto da sociedade. Você não escolhe a sua própria religião,
sua crença.
E, então, você passa a ter uma relação
artificial com a Existência, com Deus, com Absoluto – ou o nome que você
preferir usar.
Essas pessoas que fazem programação
são todas profissionais – religiosos ou não.
Entendo que nascimento nada tem a ver
com religião. Seus pais podem ser hindus ou cristãos, isso não significa que a
criança terá que ser hindu ou cristã. A criança não é sua propriedade. Ela veio
ao mundo através de você, mas se você tiver algum senso de humanidade, algum
senso de respeito, respeitará a criança e a deixará só e permitirá que ela
cresça em sua lucidez, inteligência, em sua indagação pela verdade, mesmo se
ela sair do rebanho no qual você foi programado. Se você ama seu filho deixe-o
ir de acordo com a sua natureza, aonde quer que ela leve.
Todo o meu esforço aqui está simplesmente
em desprogramá-lo tão profundamente, que tudo que foi colocado em você desde a
infância é tirado, e você é deixado novamente em sua inocência, em sua natureza
original, em sua face original. A partir dessa inocência começa sua jornada
real de crescimento.
Simplesmente dizer-lhe “Não tenha ego,
seja compassivo, amoroso para com os seres humanos, para com as criaturas
viventes” é apenas programação – você sai repetindo isso, mas não consegue por
em prática.
No Zen todas essas coisas acontecerão,
não devido à programação, mas devido ao seu despertar, devido à sua própria
iluminação, sua própria consciência, sua própria intensidade e lucidez.
A compaixão virá, mas não será um cultivo.
O amor virá, mas não será uma imitação de papagaio.
Então, relaxe e respire...
Esvazie um pouco sua mente de toda
programação, filosofia, dogmas e permaneça livre, pleno no momento presente...
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