15 de jan. de 2016

Crescendo em amor


Hoje falaremos um pouco sobre sexo e ciúme.
A raiva e o sexo parecem bastante claros e diretos, mas há alguma confusão sobre o que é exatamente o ciúme, e é mais difícil chegar a raiz disso.

E Osho diz:
Sempre que você tem um desejo sexual em sua mente ou se sente atraído por alguém, o ciúme entra em cena porque você não está amando. Se você ama, o ciúme desaparece.
Tente entender a coisa toda. Sempre que você está ligado sexualmente, fica com medo, pois, na verdade, o sexo não é um relacionamento, e sim, uma exploração, uma utilização. Sempre que você está ligado a uma pessoa sexualmente, fica sempre com medo de que essa pessoa possa ir embora com outra. Não há um relacionamento real – é apenas uma exploração mútua. Vocês estão explorando um ao outro, mas não amam, e vocês sabem disso, por isso o medo.
Esse medo torna-se ciúme, e você começa a não permitir certas coisas. Começa a vigiar. Toma toda medida de segurança para que o homem não possa olhar para outra mulher. Só o olhar já é um sinal de perigo. O homem não deve falar com outra pessoa, pois falar... E você sente medo de que ele possa ir embora. Então você fecha todos os caminhos, todas as portas.
Mas aí surge um problema. Quando todas as portas estão fechadas, o homem torna-se morto, a mulher torna-se morta, ambos tornam-se prisioneiros, escravos, e não se pode amar algo morto.
Primeiro você toma medidas de segurança. Então a pessoa torna-se morta, como um objeto. Um amado ou amada podem ser pessoas, mas a esposa ou o marido tornam-se objetos para serem vigiados, possuídos, controlados. E a outra pessoa pode ficar por outras razões, mas não por amor.
O sexo cria ciúme. Portanto, a questão não é como eliminar o ciúme. A questão é como transformar o sexo em amor.
Quando você ama alguém, confia que ele não vai embora com ninguém. Se ele vai, é porque não há mais amor, e nada pode ser feito.
O amor traz essa compreensão. Não há ciúme. Portanto, se há ciúme, saiba que não há amor. Você está apenas fazendo um jogo; escondendo o sexo atrás do amor. O amor é apenas uma fachada; a realidade é o sexo.
Na Índia, como o amor não é permitido absolutamente, os casamentos são arranjados e existe um tremendo ciúme. O marido e a esposa nunca se amaram, estão sempre com medo, e sabem que tudo é um acordo, um arranjo. Como o amor pode crescer no medo? O casal pode viver junto, mas isso não é realmente viver junto. Os dois apenas se toleram juntos. É algo utilitário; o êxtase não é possível e o casamento torna-se um peso a ser carregado.
No Ocidente, um tipo diferente de fenômeno está acontecendo, mas que no fundo é o mesmo que no Oriente, só que no outro extremo. O casamento arranjado foi eliminado, mas ao eliminá-lo, o amor não surgiu; apenas o sexo tornou-se livre. E quando o sexo é livre, você está sempre com medo, pois é um arranjo temporário. Você está com uma mulher hoje. Amanhã ela pode estar com outra pessoa, e ontem estava com outra. Apenas esta noite ela está com você.
Como este relacionamento pode ser íntimo e profundo? Pode ser apenas um encontro de superfícies. Não se pode penetrar um no outro, pois isso requer amadurecimento, requer tempo, requer profundidade, intimidade, um viver junto, um estar junto. Então as profundezas de cada um se abrem e podem dialogar.
Se o sexo se torna uma coisa tão trivial, apenas um assunto do corpo, onde superfícies se encontram e se separam, sua profundeza permanece intocada. E você está perdendo algo – algo importante e muito misterioso -, pois você toma consciência de sua própria profundeza apenas quando alguém o toca. Somente através do outro você se torna consciente de seu ser interior.

Existem dois meios de se descobrir: um é através da meditação – sem ninguém, sem ninguém você busca suas profundezas. O outro meio é através do amor – com alguém, com alguém você busca suas profundezas.
Quanto mais profundo o amor, mais os amantes se sentem profundos. Seus seres interiores se revelam. Mas então não há ciúme. O amor não pode ser ciumento. É impossível. O amor é sempre confiante. E se algo acontece que vem quebrar a sua confiança, você tem de aceitar. Se não há confiança, separem-se, e quanto mais cedo melhor, para que você não se destrua, não se prejudique. E sua capacidade de amar permaneça viva e fresca, e você possa amar outra pessoa. Se esse não é o momento, se esse homem ou essa mulher não servem para você, separem-se, mas não se destruam mutuamente.
A vida é muito curta. E no que diz respeito ao amor, tanto ainda tem de ser feito por todos e tão pouco tempo resta para fazê-lo. Não desperdice sua energia com lutas, ciúmes, conflitos. Separe-se, e faça isso de forma amigável. Não fique preso a pessoa errada, que não lhe serve. Não fique com raiva. Isso também não adianta nada. Ou confia ou vá embora.

Por causa do sexo, o Ocidente está perdendo. Por causa do casamento, o Oriente perdeu. Mas, se você está alerta, não precisa ser oriental, nem ocidental. O amor não é oriental, nem ocidental.
Tente descobrir o amor dentro de você. E se você amar, mais cedo ou mais tarde aparecerá uma pessoa para você, pois um coração amoroso acaba encontrando outro coração amoroso. Isso sempre acontece. Mas se você for ciumento, não encontrará; se você só quer sexo, não encontrará; se quer apenas segurança, não encontrará.
O amor é um caminho perigoso, e só os que têm coragem podem trilhá-lo. E eu digo o mesmo para o caminho da meditação – ele é só para os corajosos.

E há apenas dois caminhos para se chegar ao Divino: Descubra qual é o seu caminho, qual pode ser o seu destino.

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