Hoje
falaremos um pouco sobre sexo e ciúme.
A raiva e o sexo parecem bastante claros e diretos, mas
há alguma confusão sobre o que é exatamente o ciúme, e é mais difícil chegar a
raiz disso.
E
Osho diz:
Sempre que você tem um desejo sexual
em sua mente ou se sente atraído por alguém, o ciúme entra em cena porque você
não está amando. Se você ama, o ciúme desaparece.
Tente entender a coisa toda. Sempre
que você está ligado sexualmente, fica com medo, pois, na verdade, o sexo não é
um relacionamento, e sim, uma exploração, uma utilização. Sempre que você está
ligado a uma pessoa sexualmente, fica sempre com medo de que essa pessoa possa
ir embora com outra. Não há um relacionamento real – é apenas uma exploração
mútua. Vocês estão explorando um ao outro, mas não amam, e vocês sabem disso,
por isso o medo.
Esse medo torna-se ciúme, e você
começa a não permitir certas coisas. Começa a vigiar. Toma toda medida de
segurança para que o homem não possa olhar para outra mulher. Só o olhar já é
um sinal de perigo. O homem não deve falar com outra pessoa, pois falar... E
você sente medo de que ele possa ir embora. Então você fecha todos os caminhos,
todas as portas.
Mas aí surge um problema. Quando todas
as portas estão fechadas, o homem torna-se morto, a mulher torna-se morta,
ambos tornam-se prisioneiros, escravos, e não se pode amar algo morto.
Primeiro você toma medidas de
segurança. Então a pessoa torna-se morta, como um objeto. Um amado ou amada
podem ser pessoas, mas a esposa ou o marido tornam-se objetos para serem
vigiados, possuídos, controlados. E a outra pessoa pode ficar por outras
razões, mas não por amor.
O sexo cria ciúme. Portanto, a questão
não é como eliminar o ciúme. A questão é como transformar o sexo em amor.
Quando você ama alguém, confia que ele
não vai embora com ninguém. Se ele vai, é porque não há mais amor, e nada pode
ser feito.
O amor traz essa compreensão. Não há
ciúme. Portanto, se há ciúme, saiba que não há amor. Você está apenas fazendo
um jogo; escondendo o sexo atrás do amor. O amor é apenas uma fachada; a
realidade é o sexo.
Na Índia, como o amor não é permitido
absolutamente, os casamentos são arranjados e existe um tremendo ciúme. O
marido e a esposa nunca se amaram, estão sempre com medo, e sabem que tudo é um
acordo, um arranjo. Como o amor pode crescer no medo? O casal pode viver junto,
mas isso não é realmente viver junto. Os dois apenas se toleram juntos. É algo
utilitário; o êxtase não é possível e o casamento torna-se um peso a ser
carregado.
No Ocidente, um tipo diferente de
fenômeno está acontecendo, mas que no fundo é o mesmo que no Oriente, só que no
outro extremo. O casamento arranjado foi eliminado, mas ao eliminá-lo, o amor
não surgiu; apenas o sexo tornou-se livre. E quando o sexo é livre, você está
sempre com medo, pois é um arranjo temporário. Você está com uma mulher hoje.
Amanhã ela pode estar com outra pessoa, e ontem estava com outra. Apenas esta
noite ela está com você.
Como este relacionamento pode ser íntimo
e profundo? Pode ser apenas um encontro de superfícies. Não se pode penetrar um
no outro, pois isso requer amadurecimento, requer tempo, requer profundidade,
intimidade, um viver junto, um estar junto. Então as profundezas de cada um se
abrem e podem dialogar.
Se o sexo se torna uma coisa tão
trivial, apenas um assunto do corpo, onde superfícies se encontram e se
separam, sua profundeza permanece intocada. E você está perdendo algo – algo
importante e muito misterioso -, pois você toma consciência de sua própria
profundeza apenas quando alguém o toca. Somente através do outro você se torna
consciente de seu ser interior.
Existem dois meios de se descobrir: um
é através da meditação – sem ninguém, sem ninguém você busca suas profundezas.
O outro meio é através do amor – com alguém, com alguém você busca suas
profundezas.
Quanto mais profundo o amor, mais os
amantes se sentem profundos. Seus seres interiores se revelam. Mas então não há
ciúme. O amor não pode ser ciumento. É impossível. O amor é sempre confiante. E
se algo acontece que vem quebrar a sua confiança, você tem de aceitar. Se não
há confiança, separem-se, e quanto mais cedo melhor, para que você não se
destrua, não se prejudique. E sua capacidade de amar permaneça viva e fresca, e
você possa amar outra pessoa. Se esse não é o momento, se esse homem ou essa
mulher não servem para você, separem-se, mas não se destruam mutuamente.
A vida é muito curta. E no que diz
respeito ao amor, tanto ainda tem de ser feito por todos e tão pouco tempo
resta para fazê-lo. Não desperdice sua energia com lutas, ciúmes, conflitos.
Separe-se, e faça isso de forma amigável. Não fique preso a pessoa errada, que
não lhe serve. Não fique com raiva. Isso também não adianta nada. Ou confia ou
vá embora.
Por causa do sexo, o Ocidente está
perdendo. Por causa do casamento, o Oriente perdeu. Mas, se você está alerta,
não precisa ser oriental, nem ocidental. O amor não é oriental, nem ocidental.
Tente descobrir o amor dentro de você.
E se você amar, mais cedo ou mais tarde aparecerá uma pessoa para você, pois um
coração amoroso acaba encontrando outro coração amoroso. Isso sempre acontece.
Mas se você for ciumento, não encontrará; se você só quer sexo, não encontrará;
se quer apenas segurança, não encontrará.
O amor é um caminho perigoso, e só os
que têm coragem podem trilhá-lo. E eu digo o mesmo para o caminho da meditação
– ele é só para os corajosos.
E há apenas dois caminhos para se
chegar ao Divino: Descubra qual é o seu caminho, qual pode ser o seu destino.
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