22 de jan. de 2016

Compreensão e incompreensão


Os Místicos orientais costumam dizer que o mundo nada mais é do que maya – pura ilusão. Isso não quer dizer que as pedras não estejam aí, que as paredes não estejam aí e que você possa atravessá-las. Essa afirmação não significa que a matéria não exista! Simplesmente significa que o que existe não é conhecido por você, e o que é conhecido por você é uma outra história.
A mente é uma barreira muito grande. Ela não permite ver, sentir, saber, compreender. Ela vai criando incompreensões, ela é a fonte de todas as distorções. Desse modo, a menos que a mente seja posta de lado, a compreensão não surge.
Um exemplo simples: Na escuridão, você pode ver uma corda e achar que é uma cobra. A cobra não existe, mas esse é o seu medo projetado. E, para você, a cobra se torna real e ela o afetará. Você pode começar a tremer, pode começar a correr, pode até ter um ataque cardíaco – e tudo isso será real. E não havia nenhuma cobra. Você cria a coisa toda, você projeta.
Isso mostra que o mundo que conhecemos não é realmente o mundo que existe – é o mundo que nós projetamos. Por outro lado, compreensão significa um estado de não-mente, um estado de ausência da mente. E isso é meditação. Meditação é a arte de deixar a mente de lado, não permitindo que ela interfira entre você e o real.
Quando você encara a realidade sem nenhuma interferência de qualquer espécie – filosófica, política, religiosa, então, há compreensão. Mas todos nós vivemos nos nossos preconceitos, porque somos todos orientados pelo passado. Seja o que for que nos tenham ensinado, nós vamos repetindo. Seja o que for que nos tenham dito, nós vamos dizendo aos nossos filhos. Eis como as doenças são transferidas de geração a outra geração. Nós chamamos isso de herança, chamamos de cultura, religião, nós o chamamos de nosso grande passado.
Mas o passado está morto, e carregar o passado é estar morto também. Viver no presente é o único modo de se estar realmente vivo e de se estar em sintonia com a realidade. Deus é sempre presente, nunca passado, nunca futuro. Você não pode dizer Deus era ou Deus será... Você só pode dizer Deus é!
E esse estado de não-mente é. A mente nunca é – ou ela pertence ao passado ou ao futuro... Você pode fazer experiências com isso. Você pode olhar em cada um de seus pensamentos e você verá de onde eles vêm: eles pertencem ao passado. Ou talvez você tenha algum desejo para o futuro, mas isso nada mais é do que o passado refinado. A mente jamais é presente.
Se você quiser permanecer estúpido, agarre-se a mente. A mente pode tornar-se muito sofisticada. Os psicólogos descobriram que uma única mente tem um potencial inimaginável para colecionar informações, que chega parecer impossível. É estupidez fingindo-se de inteligente – os supostos intelectuais. Porém, estes não são inteligentes, caso contrário, teriam sido Budas – eles são apenas intelectuais. Sim, a mente tem um grande punhado de informações – ela tornou-se um computador.
Mas se você olhar na vida dessa pessoa, se você olhar na sua vida comum, ou em momentos em que suas informações são inúteis, onde ela tenha que encarar a vida e responder espontaneamente, você imediatamente verá sua mediocridade, sua estupidez. Qualquer pequena situação na qual sua informação não é aplicável, na qual sua erudição não tem nada a dizer será suficiente para expor sua estupidez.
Compreensão é um subproduto da meditação... Ela surge do silêncio e o silêncio significa o estado de ausência da mente.
Incompreensão é uma sombra da mente, são todas as espécies de ruídos na sua mente.

Então, nesse momento, procure sair da mente... Procure sair dos ruídos e penetre o silêncio.

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