19 de dez. de 2013

Todas as esperanças são falsas


Certa vez alguém disse para Osho: “Você nos tem dito o quanto é fácil abandonar nossos egos e nos unificarmos à nuvem branca. Tem dito também que tivemos milhões de vidas e que muitas delas foram junto a Budas, Krishnas e Cristos. Mesmo assim, ainda não desistimos de nossos egos. Você estaria criando em nós falsas esperanças”?

E Osho diz:
Todas as esperanças são falsas. Esperar é viver na falsidade. Portanto, a questão não é criar falsas esperanças; seja o que for que se espere será falso.
Tente entender... A esperança brota da sua falsidade de ser. Se você é real, não tem necessidade de ter esperança. Não há porque pensar no futuro, no que acontecerá. Você é tão real e autêntico que o futuro desaparece.
Mas quando não se é real o futuro torna-se importante – e passa-se a viver nele, a realidade deixa de ser aqui e agora para estar em algum lugar nos seus sonhos. Você faz com que esses sonhos pareçam reais, porque através deles você ganha a sua realidade.
Assim como está, você é irreal. É por isso que há tanta esperança.
Todas as esperanças são falsas... Você é real. E todo meu esforço está em jogá-lo para si mesmo.
O ego são todas as esperanças combinadas entre si. O ego não é uma realidade – é o coletivo de todos os seus sonhos, de tudo o que é irreal, de tudo o que é falso.
O ego não pode existir no presente. Observe este fenômeno: o ego sempre está no passado ou no futuro, jamais aqui e agora, jamais. É impossível. Sempre que se pensa no passado, o ego, o eu, está presente. Sempre que se pensa no futuro, o eu surge. Mas quando se está aqui, não há pensamento passado ou futuro. Onde está o eu?
Sentado sob uma árvore, sem pensar no passado ou no futuro, apenas aí sentado, onde está você? Onde está o eu? Não se pode senti-lo. Ele não está presente. O ego nunca existe no presente.
O passado não existe mais. O futuro ainda não existe. Ambos não estão. O passado já desapareceu. O futuro ainda não apareceu. Ambos não estão – só presente existe. E, no presente, não se pode encontrar nada que se assemelhe ao ego. Então, o que significa quando digo abandone o ego? Não estou lhe dando nenhuma esperança, mas fazendo com que perca todas elas. A dificuldade é esta: se você viver de esperanças e sentir que todas desapareceram, morrerá.
Virá então uma pergunta: Por que viver?... Para quê? Por que se mover de um momento para o outro?... Para quê? O objetivo desapareceu com o desaparecimento da esperança. Por que continuar se não há nada a alcançar? Você não pode viver sem esperanças; eis porque é tão difícil abandonar o ego. A esperança tornou-se sinônimo de vida.
Toda vez que um homem tem esperanças parece estar mais vital, parece estar mais vivo, mais forte. Quando não tem esperança parece fraco, deprimido, jogado de volta a si mesmo, sem saber o que fazer, para onde ir.
E quando não há esperanças, parece que tudo perdeu o significado. Imediatamente você cria novas esperanças, cria substitutos.
Quando uma esperança é frustrada é imediatamente substituída por outra, porque você não consegue viver num espaço vazio. Não consegue viver sem esperar alguma coisa.

Mas eu lhe digo que este é o único modo de viver; sem nenhuma esperança, a vida é real; pela primeira vez, a vida é autêntica.

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