22 de nov. de 2013

Individualidade e ficção


Osho fala sobre a vida:
Ele diz:
A vida está profundamente inter-relacionada – é como um rio fluindo. Nós a dividimos em presente, passado e futuro, mas esta divisão é apenas utilitária. A vida não é dividida – o fluxo da vida é contemporâneo.
Tente entender... O rio Ganges na sua própria fonte, o rio Ganges passando pelos Himalaias, o rio Ganges das planícies, o rio Ganges desaguando no oceano... É um só!
É contemporâneo! Na sua origem ou no final, quando começa ou termina, não são duas coisas separadas; é um só fluxo. Não é passado ou futuro, mas presente eterno. Isso terá que ser profundamente entendido.

Osho diz:
Você esteve comigo e está comigo. Não é uma questão de passado. Se ficar em silêncio, se deixar a sua mente um pouco de lado, se puder se tornar uma nuvem branca que paira sobre as montanhas – sem nenhum pensamento, apenas sendo -, sentirá isso.
Você esteve comigo, está comigo e estará comigo. Estar comigo não é uma questão de tempo.
Alguém perguntou a Jesus: Você fala sobre Abraão – como sabe? Há longo espaço de tempo entre Abraão e Jesus – milhares de anos. E Jesus disse uma frase muito misteriosa, a mais misteriosa que já formulou: Ele disse: Antes que Abraão fosse, eu sou.
Perceba... O tempo dissolveu-se. A vida é eterno presente. Sempre estivemos aqui e agora – sempre, sempre. É claro que com formas diferentes, aspectos diferentes, em situações diferentes – mas sempre e sempre estivemos aqui.
Os indivíduos são fictícios. A vida não está dividida. Não somos ilha, somos um. A unidade tem que ser sentida. E quando você a sente o tempo desaparece e o espaço não tem mais sentido. De repente, você é transportado tanto do tempo quanto do espaço, e então é – simplesmente é.
Neste exato momento você pode ter um vislumbre. Se não estiver pensando, então, quem é você? Onde está o tempo? Existe algum passado? Haverá algum futuro? Este momento transforma-se na eternidade. Todo o processo de tempo é só um longo e extenso agora. Todo o espaço é só um aqui estendido.
Talvez você não consiga ver isso agora. Os elos não estão tão claros para você porque o seu inconsciente não está claro, porque você não se conhece na totalidade. Só um décimo do seu ser é conhecido e nove décimos estão na escuridão.
Você é como uma floresta com uma pequena clareira. As árvores foram cortadas e o pequeno espaço no qual vive foi criado. Mas imediatamente após a clareira está a floresta. Você desconhece os limites dela. E teme tanto a sua escuridão e seus animais selvagens que jamais se afasta da clareira.
Mas sua clareira é apenas uma parte da floresta escura – você só conhece uma parte do seu ser.

E Osho diz:
Eu vejo a totalidade de sua escuridão, toda a sua floresta. E quando vejo um único indivíduo na sua totalidade, todos os demais estão envolvidos, porque a floresta não está dividida. Na escuridão, as fronteiras encontram-se, dissolvem-se e a floresta torna-se uma.
Você está aqui. E se presto atenção a um único indivíduo estou focando a mim mesmo. Mas mesmo assim, mesmo focando, estou sempre sentindo que as fronteiras estão se fundindo com as outras.
Então, para certas coisas posso considera-lo como um indivíduo, mas na realidade não é assim. Quando não estou focando, apenas olhando para você sem vê-lo – apenas olhando – você não existe mais.
Suas fronteiras diluem-se com as de todos os outros. E não só com as dos outros seres humanos, mas com as plantas, das pedras... Do céu... De tudo. Fronteiras são ficções e, por isso, indivíduos são fictícios.

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