26 de set. de 2013

Fora da lei


Sutra:
Não viva no mundo
Distraído e em falsos sonhos,
Fora da lei.

Perceba... Sua mente está continuamente criando distrações. Observe sua mente e você compreenderá o que Buda está dizendo. Ela nunca lhe permite se sentar silenciosamente, nem mesmo por alguns momentos;
Se você sentar silenciosamente, ela diz: “Por que não ouvir rádio? O jornal já deve estar aí, entra na internet para ver seus recados. Por que não ir ao cinema? Por que não ver TV”? Se você está numa loja, a mente diz: “Vá para casa, descanse – você está cansado”. Se você está em casa, a mente diz: “O que você está fazendo aqui, perdendo seu tempo? Vá às compras – você poderia ter ganho algo com isso”.
A mente nunca deixa você ficar onde está, ela nunca deixa você ver as coisas como elas são. Ela está sempre levando você para outro lugar, quer para o passado, quer para o futuro, ela nunca lhe permite estar presente.
Ou ela quer arrastá-lo para dentro das lembranças – que não são nada além de pegadas na areia do tempo – ou ela o arrasta na direção do futuro; grandes projeções, grandes expectativas, desejos, objetivos... E você fica muito envolvido com isso tudo – como se tivesse alguma realidade! E a realidade está escapando de suas mãos enquanto você está ocupado com todas essas viagens ao passado, ao futuro.
A mente jamais lhe permite e jamais lhe permitirá ver aquilo que existe; ela sempre o leva para aquilo que não existe.
Um dos nomes de Buda é Tathagata – aquele que vive naquilo que é, aquele que ficou livre de todas as distrações da mente. E o milagre é que a mente consiste somente em distrações; assim, uma vez que você se livra de todas as distrações, não sobra nenhuma mente. No presente não há nenhuma mente. No presente há somente consciência, percepção, observação.

Viva no mundo, mas não por meio da mente. Não deixe o passado ou futuro se interpor entre você e a realidade. E, se você puder conseguir o estado de não mente mesmo por alguns momentos – nisso se resume a meditação -, você se surpreenderá; de repente, você está no mesmo ritmo da existência. Você saberá o que Buda chama de aes dhammo sanantano – a lei eterna.

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