Sutra:
Os
livros Sagrados do Oriente nada mais são do que palavras.
Examinei
suas capas certo dia, de modo informal.
Se você examinar as capas de modo
informal, não achará nada de mais nos chamados livros sagrados, mas você terá
que olhar sem os olhos da crença, olhe sem qualquer preconceito. Olhe
corajosamente, não tenha medo de olhar, e será pego de surpresa.
Na Bíblia, no Alcorão, nos Vedas, olhe
diretamente. Muito raramente encontrará uma pedra preciosa. A pessoa se
pergunta por que tudo isso foi colecionado nas chamadas escrituras sagradas do
mundo.
Mas se olhar com um olhar
preconceituoso, com a convicção de que tudo que está ali é verdade e nada mais
que verdade, então você não poderá entender Kabir.
Kabir está dizendo: Livre-se das
escrituras, porque ficando livre das escrituras, você ficará livre da mente.
Ficando livre das escrituras você ficará livre dos pensamentos. Atingirá uma
espécie de inocência; e a partir desse ponto, o conhecimento tem início.
Primeiro torne-se ignorante.
Lembre-se, um homem instruído não é necessário, um homem de saber é necessário.
E há uma tremenda diferença entre os
dois. O homem instruído acredita que ele chegou, que ele sabe; e o homem sábio
sabe que ele não conhece, portanto, continua aprendendo.
E há maravilhas após maravilhas para
serem conhecidas. A realidade é inesgotável. Quanto mais você conhece, mais
compreende que muito foi deixado para ainda ser conhecido. No último estágio do
saber, todo o conhecimento desaparece, e o mistério o cerca.
Os
Livros Sagrados do Oriente nada mais são do que palavras
E lembre-se: a palavra pode criar
grandes ilusões. Alguém grita fogo! fogo! E você começa a correr. A própria
palavra dispara algo em você – medo. A palavra fogo não é fogo, a palavra deus
não é deus, a palavra amor não é amor.
E o que há nas escrituras sagradas? -
palavras e palavras. Elas não podem nutri-lo. Você precisará do próprio Deus,
não da palavra “deus”. Só então, e apenas então, haverá satisfação.
Kabir
fala apenas sobre o que ele viveu.
Se
você não viveu algo, o que diz não é verdade.
Continue a observar sua mente, como ela
é pretensiosa. Ela diz muitas coisas que não experienciou. Isso é
desonestidade. Se você não souber alguma coisa, diga claramente a si mesmo e
aos outros: “Eu não sei”. Essa honestidade o ajudará. Se você conheceu algo, só
então diga que sabe – porque 99% do conhecimento que carrega não é sua
experiência, ele é emprestado. E tudo aquilo que é emprestado é falso – não faz
nenhuma diferença de quem você o pegou. Você pode ter pegado isso de um homem
que você conheceu, de kabir, de Jesus, de Krsna, isso não faz muita diferença.
De quem você empresta não faz diferença; do momento em que pega emprestado, ele
é falso. A verdade não pode ser emprestada.
Perceba... Eu vejo algo. Mas, quando
eu lhe disser o que vejo, não é minha visão que o alcançará, mas apenas minhas
palavras. A visão é deixada comigo; só as palavras saem de mim. Essas palavras
são vazias. E você colecionará essas palavras, e pensará que vieram de um homem
que conhece, portanto, elas devem ser verdades. Elas não são. A verdade existe
apenas quando houver experiência.
Assim, quando Kabir se expressa, ele
não está falando apenas conta as escrituras antigas, ele também fala contra as
suas próprias palavras. E a tentação é grande. Quando você encontra um homem
que conhece, suas palavras têm tal autenticidade, tal paixão, que é contagiosa.
Tome cuidado com a tentação.
Quando digo algo a você, eu o faço de
modo tão abrangente que você pode começar a acreditar no que digo. Mas isso
será uma crença, e você estará apreciando simplesmente palavras.
E você pode perguntar por que eu falo
disso, por que Kabir fala? Se as palavras não podem descrever a verdade, então
por que falar? Ainda há uma razão para falar. As palavras não podem lhe dar a
verdade, mas podem criar uma sede em você. Eu não posso transferir minha
verdade a você, mas posso fazê-lo sentir que a verdade existe.
Agora a jornada começa – as palavras
podem coloca-lo no caminho, elas não podem lhe dar a verdade. Mas as palavras
de um homem que conhece a verdade, elas criam em você um grande desejo de saber,
de ver, de ser...
Mas essas palavras não são o bastante.
Não se contente com elas. Deixe-as contagiá-las em sua sede, em sua fome pela
verdade. Mas palavras são palavras, as palavras de Buda são palavras, todas as
escrituras são palavras. A pessoa sábia pegará apenas a indicação de que a
verdade existe: “Agora eu tenho que buscar”. E não esqueça que a busca deve ser
individual.
excelente texto... refletir sobre a palavra do outro!!
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