23 de jun. de 2012

As emoções e o corpo II



Perceba que não somos máquina, mas um organismo.
Seja o que for que aconteça a você, no corpo, na mente, no coração ou na sua percepção, isso vai mudar tudo no organismo inteiro. Você vai ser afetado como um todo.
É por isso que existem diferentes sistemas. Por exemplo, o yoga é um dos sistemas mais proeminentes para quem está se empenhando para atingir a auto-realização.
Mas ele funciona quase que exclusivamente com o corpo, com as posturas corporais.
E trata-se de uma grande pesquisa – as pessoas que o criaram empreenderam uma tarefa quase impossível. Descobriram em que posturas a mente toma uma certa atitude, em que posturas o seu coração assume um certo ritmo, em que posturas a sua percepção fica mais ou menos aguçada.
Essas pessoas desenvolveram todas as posturas corporais de tal modo que, só agindo sobre o corpo, sem tocar nada mais, elas mudam todo o seu ser.
Mas perceba... Trata-se de um trabalho longo, porque o corpo é uma parte totalmente inconsciente do nosso ser. Treiná-lo, e com posturas que não são naturais, nunca é tarefa fácil.
E a dificuldade com o corpo é que você pode se empenhar durante toda a vida – sessenta, setenta anos – e até atingir um certo estado, mas esse corpo morrerá. E quando você tiver um novo corpo, terá de recomeçar do zero; não poderá começar de onde parou na vida anterior.
Essa é a grande dificuldade do sistema de yoga.
No entanto, por meio do corpo, as pessoas podem alcançar a iluminação – o despertar. Tudo o que elas têm de fazer é aprender e praticar certas posturas corporais de forma consciente.
E você também pode ver isso no dia a dia. Todo estado de espírito, emoção ou pensamento faz com que o corpo assuma uma certa postura.
Do mais inferior ao mais elevado em você, tudo está ligado.
O yoga atuou sobre o corpo – trata-se de um longo e árduo processo, que talvez nem tenha futuro, pois o homem moderno quase não tem tempo; é preciso encontrar caminhos mais curtos.
Mas se você está trabalhando com a mente, saiba que esse caminho é mais curto do que o caminho do corpo, e o trabalho, mais fácil – porque com a mente não há muito que fazer, basta a percepção, a atenção plena.
Aqueles que trabalharam com a mente fizeram isso com atenção plena, testemunhando; e, quando você testemunha a mente, ela aos poucos começa a ficar silenciosa, pára de tagarelar, fica mais calma e tranqüila.
E, quando a mente fica calma e tranqüila, o corpo começa a passar por mudanças, mudanças impressionantes. Você verá que o corpo está se comportando de novas maneiras, como nunca se comportou antes.
Seu modo de andar muda, seus gestos mudam. Quando a mente fica calma e tranqüila, o seu corpo também começa a ficar calmo e tranqüilo – ele passa a mostrar uma certa quietude, e uma vivacidade que nunca sentiu antes.
Você tem vivido no corpo, mas nunca entrou em contato profundo com ele, porque a mente está sempre mantendo você ocupado. A mente era a barreira, por isso a sua percepção nunca chegava ao corpo.
Então, quando as mudanças começarem a acontecer no corpo, observe... Fique mais alerta e mais mudanças acontecerão. Fique mais consciente e você verá que até o corpo começa a ter a sua própria consciência.
E, à medida que fica mais alerta e mais consciente, você começa a sentir mais carinho pelo seu corpo; você fica mais próximo, mais íntimo.
Até hoje você simplesmente usou-o. Você nunca disse um obrigado a ele – e ele tem servido você de todas as maneiras possíveis.
Portanto, isso é uma boa experiência. Deixe que ela fique mais intensa e contribua com ela.
E o único jeito de contribuir com ela é ficando cada vez mais e mais alerta.

2 comentários:

  1. Osho é um precioso amigo que a Existência me brindou... detalhe: eu só fui conhecer seus textos em 2010/2011, ou seja, num ano que ele já não estava mais entre nós... e como eu posso sentí-lo como amigo mesmo não o estando presente fisicamente? Como posso sentir sua voz tão viva ainda? Mistérios da vida que é pra ser vividos, e não explicados.

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