13 de mai. de 2012

Repressão e controle I



Observe sua mente... Deixe que pensamentos e sentimentos fluam espontaneamente.
Pare de interpretá-los segundo racionalidade e crenças. Nós, agora, neste instante mesmo, somos os seres mais sublimes e autênticos da Terra.
Olhe para si mesmo e contemple. Não racionalize, nem interprete, apenas contemple. Precisamos estar livres de restrições e julgamentos.

A mente é certamente um mecanismo para gravar experiências do mundo exterior e para reagir e responder de acordo com essas experiências. Ela não é você.
É nisso que consiste toda tragédia da vida humana: você está dormindo e o mundo externo está dominando você; moldando a sua mente de acordo com as necessidades dele – e a mente é um fantoche.
Depois que sua percepção se torna uma chama, ela consome toda escravidão que a mente criou. E não existe bênção maior que a liberdade, que ser o mestre do seu próprio destino.
Mas isso só é possível se o mestre em você estiver desperto.
Nesse exato momento ele está num sono profundo, e o servo está fazendo o papel de mestre.
E o servo – a sua mente – não é nem você; ela é criada pelo mundo exterior, segue o mundo exterior e suas leis.

Kahli Gibran tem uma bela história...
Gibran diz:
Um dia eu perguntei ao espantalho, “Posso entender o fazendeiro que o fez, ele precisa de você. Posso entender os pobres animais, eles não têm muita inteligência para saber que você é de mentira. Mas, debaixo de chuva, no sol, no calor do verão, no frio do inverno, você continua parado aí – por quê?

E o espantalho disse:
“Você não sabe qual é a minha alegria. O simples fato de deixar esses animais com medo é uma alegria tão grande que vale a pena sofrer com a chuva, com o sol, com o calor, com o inverno, com tudo. Eu estou deixando milhares de animais apavorados! Sei que sou uma fraude, não há nada dentro de mim, mas nem ligo para isso. Minha alegria é deixar os outros com medo”.

Então, nesse momento, eu quero lhe perguntar: você gostaria de ser assim como esse homem de mentira? Sem nada por dentro, deixando um com medo, outro feliz, outro humilhado, outro respeitável? A sua vida é só para os outros?
Você alguma vez já olhou para dentro? Há alguém em casa ou não? Você está interessado em sair em busca do dono da casa?
O mestre existe – talvez esteja adormecido, mas pode ser desperto. E, depois que o mestre despertar dentro de você, toda a sua vida ganhará novas cores, novos arco-íris, novas flores, nova música, novas danças. Pela primeira vez você se sente vivo.
Tente perceber... A porta abre para a realidade não por intermédio da mente, mas através do coração.
O maior problema que o homem moderno enfrenta é que a mente é extremamente treinada e o coração, completamente negligenciado – não apenas negligenciado, mas condenado também.
Os sentimentos não são permitidos, são reprimidos.
O homem de sentimento é considerado fraco; o homem de sentimento é considerado infantil, imaturo; o homem de sentimento é considerado primitivo.
São tantas as condenações do sentimento e do coração que, naturalmente, a pessoa fica com medo dos sentimentos. Ela começa a aprender como se desligar dos sentimentos e, aos poucos, o coração é simplesmente ignorado; a pessoa passa diretamente para a cabeça.
Assim, pouco a pouco o coração vai se tornando apenas um órgão que bombeia sangue, purifica o sangue, e nada mais.
Na história da humanidade, pela primeira vez o coração está reduzido a algo absolutamente fisiológico – mas ele não é!
Oculto por trás da fisiologia do coração está o verdadeiro coração -, mas esse coração verdadeiro não faz parte do corpo físico, por isso a ciência não pode descobri-lo.
Será preciso aprender sobre ele com os poetas, os pintores, os músicos, os escultores.
Mas, depois que você descobre que existe uma câmara secreta no interior do seu ser – sem nenhum contato com a educação, a sociedade, a cultura; totalmente livre do Cristianismo, do Hinduísmo, do Islamismo, completamente apartada de tudo o que tem acontecido aos seres humanos modernos, ainda virgem – depois que faz contato com essa fonte do seu ser, você passa a viver a sua vida num outro plano.
Esse plano é divino. Viver na mente é o plano humano, viver abaixo da mente é o plano animal. Viver além da mente, no coração, é o plano divino. E o coração nos conecta ao todo. Essa é a nossa conexão.
Todas as meditações que tenho aconselhado têm uma única finalidade: transferi-lo da cabeça para o coração, tirá-lo da mira da cabeça e apresentá-lo à liberdade do coração, fazê-lo tomar consciência de que você não é apenas a cabeça.
A cabeça é um belo mecanismo; use-a, mas não seja usado por ela. Ela tem de servir aos seus sentimentos.
Quando o raciocínio começa a servir aos sentimentos, tudo fica equilibrado. Uma grande tranqüilidade e uma grande alegria emanam do seu ser, e elas não vêm de fora, mas de suas próprias fontes interiores.
Contemple a si mesmo...

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