Traga sua consciência para o presente...
No momento presente a oportunidade da transformação...
O despertar produz uma mudança radical em sua consciência, uma mudança em suas próprias raízes.
Traz um novo olhar e uma nova clareza.
Nesse momento olhe pra dentro...
Um monge perguntou ao Mestre Pai-Chang: “Quem é Buda?”
E o Mestre respondeu: “Quem é você?”
Perceba... “Quem é Buda?” Seria fácil responder. O mestre poderia ter dito: “É Sidarta Gautama”. Mas isso é irrelevante. Ele não está preocupado com um determinado homem chamado Gautama Buda; está mais preocupado com o despertar que pode acontecer a cada um: o verdadeiro estado búdico.
O mestre diz: “Quem é você?” Não me pergunte sobre os Budas, faça apenas uma pergunta: “Quem sou eu?” e você saberá quem é Buda.
“Cada pessoa leva em si o potencial para ser um Buda – um ser desperto; você não precisa olhar para fora de si”.
Lao-Tzu diz: “Para encontrar a verdade, você não precisa sair do seu quarto, não precisa abrir a porta, não precisa ir para a Índia, não precisa nem mesmo abrir os olhos – a verdade é o seu próprio ser”.
Então lembre-se: os ensinamentos dos mestres Zen não são ensinamentos no sentido usual do termo, não se destinam a transmitir algo que você não saiba. Eles pretendem chocá-lo, provocá-lo para uma nova qualidade de consciência.
Escute esse verso com amor e simpatia
“Chegamos sós a este mundo, Partimos sós”...
Isto vem sendo sempre repetido, através dos tempos. Ou seja, todo companheirismo é ilusório. A própria idéia de companheirismo surge porque somos sós e a solidão dói. Desejamos afundar nossa solidão nos relacionamentos.
É por causa disso que ficamos tão envolvidos com o amor. Tente perceber esse ponto.
Se você observar profundamente a si mesmo, você vai se surpreender – todas as suas atividades podem ser reduzidas a uma fonte única: o medo da solidão. O resto é desculpa.
E estar só é ser infeliz. Parece que não existe nenhum lugar para se ir, ninguém para se relacionar, ninguém em quem se fundir.
Nesse caso, a poesia servirá, a música servirá, o sexo servirá, o álcool servirá – você vai precisar de alguma coisa para afogar a solidão, para esquecer que é só.
É esse o espinho da alma que continua ferindo. Porém, você continua arrumando desculpas. Todos os seus pretensos casos de amor não passam de evasões.
Se você é só, então essa é a realidade. Ela precisa ser aceita, não pode ser evitada. Se você é só, o que vem depois? Se isso é um fato você precisa mergulhar dentro dele.
Você precisa penetrar nesse vazio, encontrar-se com a própria solitude, desaparecer nesse vazio.
É dessa transformação que estou falando. Você usa seu mundo como um grande artifício para fugir de si mesmo. Os Budas (seres despertos) destroem os seus artifícios, e o trazem de volta a si mesmo.
A mente comum não pode suportar a presença de um Buda (ser desperto). Por quê? Por que as pessoas se opuseram tanto a Buda, a Cristo, a Zaratustra, a Lao-Tzu? Por uma única razão: porque esses homens não permitem a você o luxo da inverdade, o conforto da mentira, a comodidade de viver de ilusões.
Esses homens não desistem de você; eles insistem em que você caminhe para a verdade.
A primeira verdade a ser vivenciada é que cada um é só. A primeira verdade a ser vivenciada é que o amor é ilusório.
Pense bem nisso, pense bem na amplitude disso: o amor é ilusório. E você tem vivido somente dessa ilusão...
Você amou seus pais, seus irmãos e irmãs, depois se apaixonou por uma mulher ou homem. Você ama seu país, sua igreja, sua religião; ama seu carro, seu sorvete e assim por diante. Esse tipo de amor é falso!
E, de repente, descobre que está nu, sozinho. Todas as ilusões sumiram. Isso dói. Cadê o amor que você sente? Quem ama se eleva nunca está só – sempre preenchido. O verdadeiro amor preenche.
E você pode estar pensando... “esses discursos são pesados e depressivos”.
É inevitável que sejam assim, porque sempre que suas ilusões são tocadas, provoca uma grande inquietação. Você fica com medo.
Ninguém quer reconhecer que seu amor é falso. As pessoas estão dispostas a acreditar que os amores passados eram falsos, mas e este - agora?
Não, este é um amor verdadeiro. Quando ele tiver desaparecido, dirão que também era falso, e que algum outro amor será verdadeiro. Perceba... Seja qual for a ilusão na qual as pessoas estejam vivendo, fingem que é a verdadeira.
Eu sei que esses discursos são depressivos, mas porque eles tocaram suas feridas e você gostaria de esconder suas feridas. Gostaria de buscar um consolo. “Talvez o amor ainda não tenha acontecido e pode acontecer agora”.
Muita gente continua apegada a este falso amor. Algumas pessoas, então fogem dele, mas se apegam à meditação.
Tente perceber... Se o amor é falso, a meditação não pode ser verdadeira. Quem escolhe a meditação em oposição ao amor está escolhendo uma polaridade – e uma polaridade depende da outra.
Se você ficar em silêncio, observando o funcionamento da mente, perceberá isso continuamente acontecendo.
Você ama uma pessoa, mas logo começa a sentir necessidade do seu próprio espaço. É a necessidade da meditação. Ao lado de alguém você começa a se sentir sufocado, pressionado, esmagado. Então percebe que precisa de seu próprio espaço, gostaria de ficar sozinho alguns dias.
E uma pessoa que está no mundo, cansada, preocupada, tensa, começa a pensar numa forma de renunciar a ele. Essa pessoa começa a pensar em ir para as montanhas e ficar lá, naquele silêncio e naquela az, com a satisfação de gozar tudo isso.
Nesse caso, o amor é ilusão e a meditação também é.
Mas deixe-me lembrá-lo de uma coisa para que você não interprete erroneamente tudo isso. Quando desaparece aquilo que você chama de amor, surge outro tipo de amor, do qual não temos nenhuma noção dele.
Quando desaparece a meditação, surge uma espécie totalmente distinta de estado meditativo, da qual não temos a mínima idéia.
Sua meditação atual é um esforço, uma prática, um condicionamento. Quando esse tipo de meditação é abandonado, uma simples qualidade meditativa nasce em seu ser – você simplesmente fica silencioso, sem qualquer motivo
Meditação
A verdade é que cada um precisa ultrapassar o amor e a meditação, transcender o relacionamento e a solitude.
Quando ambos desaparecem, o que resta?
Não resta nada; esse nada é o sabor da existência. Você não é só e não está ligado a ninguém. Na verdade você não é.
A partir do dois você chega ao um; a partir do um você chega ao nem um.
Essa é a fonte, é o oceano. Nós somos as ondas.
E ao ver esse oceano você reconhece que nunca nasceu e que nunca irá morrer.
Toda a sua existência foi uma existência de sonho. Tudo desapareceu.
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