9 de out. de 2013

Por uma intenção ardente III


Sutra:
Você está me procurando?
Quando me procurar,
Me encontrará imediatamente.

Kabir está dizendo que quando há a intenção, o desejo, o desejo absoluto de conhecer; quando você está pronto para apostar tudo por aquele desejo, este é o significado de...

Você está me procurando?
Quando me procurar, me encontrará imediatamente.

Nem mesmo um único instante você terá que esperar – porque Deus não está distante, assim, não há nenhuma necessidade de transcorrer qualquer tempo. Você não precisa viajar até ele, você só tem de estar acordado e sua grande intensidade pela busca o fará despertar.
Mas, se você decidir ficar adormecido, você permanece adormecido. Ele continua a chamar, mas ele não o perturba, não vem e o sacode e o abala. É por isso que sua voz é chamada “a silenciosa, a pequena voz”. E Ele continua a falar de modos tão silenciosos que, se você quiser ouvi-lo, escutará, se você não quiser, não há necessidade de escutar.
O que Kabir está dizendo é que a intensidade da busca deve ser total, a totalidade é necessária; todos os esforços parciais são inúteis. E se você está fazendo esforços parciais, é melhor não fazê-los. Para que desperdiçar tempo¿ - porque não vai acontecer, você poderia ter feito qualquer coisa.
Quando você está procurando por Deus, seja o olhar, e desapareça no olhar. Torne-se apenas os olhos e esqueça todo o resto, e instantaneamente Deus é revelado.

E o sutra continua...
Você me encontrará na morada mais minúscula de tempo.

A palavra que Kabir usa para a morada mais minúscula de tempo é intervalo - intervalo entre dois momentos. Um momento passa, outro vem, entre os dois há um minúsculo intervalo. Ele é muito rápido, mas aquele intervalo é a porta – por aquela abertura você entra na eternidade.

E o sutra continua...
Ele é a respiração dentro da respiração.

Siga a sua respiração e você saberá o que Kabir quer dizer: você verá uma coisa que não pode ser vista a menos que você siga a sua respiração. Buda fez disso uma grande técnica para a meditação, porque seguindo a respiração você irá conhecer a respiração dentro da respiração.
A palavra respiração significa vida.
Então tente apenas observar a respiração. E a maneira mais fácil de observar a respiração é desde a entrada do ar no nariz. Quando o ar entra, sinta o toque da respiração na entrada do ar – no nariz. O toque será mais fácil de observar, a respiração será muito sutil; no princípio apenas observe o toque...

A respiração entra, e você a sente entrando – observe-a. E então siga, vá com ela. Você encontrará ali um ponto onde ela para – por um instante minúsculo, por um intervalo, a respiração para. Depois se move para fora novamente; então siga – sinta novamente o toque, a respiração que sai pelo nariz. Siga, vá para fora com ela; novamente você chegará a um ponto, a respiração para por um momento muito minúsculo. Então novamente o ciclo começa.
Inalação, intervalo, exalação, intervalo – esse intervalo é o fenômeno mais misterioso dentro de você. Quando a respiração entra e para e não há movimento, esse é o ponto onde a pessoa pode se encontrar com Deus. Ou quando a respiração sai e para e não há movimento...
Lembre-se: você não para a respiração, ela para por si só. Se você para-la não entenderá todo o essencial, porque aquele que faz entrará na experiência e aquele que testemunha desaparecerá.
Nessa experiência, você não deve fazer nada. Não deve mudar o padrão da respiração, você nem inala nem exala. Não é como no pranayama do Yoga que você começa manipulando a respiração; não é isso. Nessa experiência você não altera nada na respiração – permite sua naturalidade, seu fluxo natural. Então, quando a respiração sair siga, quando ela entrar siga.
E logo você se dará conta de que há dois intervalos. Nesses dois intervalos encontra-se a porta. E nessas duas aberturas você entenderá; você verá que a respiração em si não é vida – talvez um alimento para a vida, mas não a vida em si. Porque quando a respiração para você está ali; você está perfeitamente consciente, totalmente consciente. E a respiração parou; a respiração não está mais ali, e você está ali.
Simplesmente siga a sua respiração... Ao continuar essa vigilância da respiração – o que Buda chamou de Vipassana -, se continuar a observá-la, observá-la e observá-la, lentamente, vagarosamente, você verá que a abertura está aumentando e tornando-se maior. E finalmente acontece que, durante minutos seguidos, a abertura permanece. Uma respiração entra, e a abertura... E durante minutos a respiração não sai. Tudo parou. O mundo parou, o tempo parou, o pensamento parou, porque, quando a respiração para, o pensar não é possível. E, quando a respiração para por minutos seguidos, o pensar é impossível, absolutamente impossível, porque o processo de pensamento necessita de oxigênio contínuo, e seu processo de pensamento e sua respiração estão profundamente relacionados.
Perceba... Quando você fica bravo, sua respiração tem um ritmo diferente; quando está estimulado sexualmente você tem um ritmo de respiração diferente; quando está silencioso, de novo há um ritmo de respiração diferente. Quando você está contente, há um ritmo de respiração diferente; quando está triste, um outro ritmo diferente, de novo.
Importante perceber que sua respiração vai mudando com os humores da mente. O vice-versa também é verdade: quando a respiração muda, os humores da mente mudam, e, quando a respiração para, a mente para.
Na parada da mente o mundo inteiro para. E naquela parada você conhece pela primeira vez o que é a respiração dentro da respiração; a vida dentro da vida. Essa experiência é libertadora. Essa experiência o torna alerta para Deus – e Deus não é uma pessoa, mas a própria experiência da vida.

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