19 de fev. de 2012

Daruma, o Gato e a Concha I

Alexandre, O Grande


Desde que a jornada da vida
É nada além de aflição e dor,
Por que deveríamos ser tão relutantes
De retornar ao céu de nosso lugar nativo?

A vida é uma jornada de lugar nenhum para lugar nenhum.
Nada é alcançado através dela, ninguém jamais atingiu algo por meio da vida.
As pessoas correm, e correm rápido, e ficam ganhando velocidade, mas nunca chegam a algum lugar. Elas trabalham e se esforçam muito, porém nada jamais acontece deste trabalho, nada é criado.
Milhões de pessoas viveram antes de você, e onde elas estão?
Simplesmente desapareceram na poeira, poeira sobre poeira. E, mais cedo ou mais tarde, desapareceremos na mesma poeira.
Todas as nossas conquistas cairão na poeira e sumirão. Milhares de civilizações existiram e se foram sem deixar vestígio.
A vida parece não atingir nada – ela é uma tempestade num copo d’água, um estardalhaço por nada; uma história contada por um idiota, cheia de violência e barulho, nada significando.
Esse é o primeiro encontro com a verdade. Você deve olhar olho no olho para a vida. Não se esquive, não olhe para os lados – olhe direto para a vida.
Qual é o significado da vida? O que ela atinge? Aonde finalmente ela chega? A nada; como um grande sonho – belos palácios e um grande reinado no sonho, e pela manhã, quando você acorda, tudo se foi e para sempre.
Seu sucesso é sua crença.
Há um consenso entre os que trabalham com as profundezas da mente humana, que todo ser humano é neurótico. Não é que alguns são neuróticos – todos são neuróticos, e a diferença é de grau.
As pessoas normais que você vê andando nas ruas, fazendo seus negócios, indo ao escritório, à fábrica, são normais apenas por causa do nome. Ninguém é normal. Somente de vez em quando aparece um normal, como Buda, Cristo, Krishna... De vez em quando...
E o que é a anormalidade? Elas continuam a acreditar nesse sonho da vida, em novos sonhos. Se um sonho é frustrado, elas imediatamente criam outro. Elas nunca dão um intervalo. Um desejo o frustra, e você está novamente pronto a penetrar em outro desejo.
Uma esperança desaparece você cria outra, mas você continua com esperança. E você continua a ver a morte acontecer em todos os lugares, e ainda assim continua com esperança.
A vida é uma jornada de lugar nenhum para lugar nenhum: uma jornada de sonho. E esse também não é um sonho muito doce... Desejo e infortúnio, dor, sofrimento – o que você consegue?
Toda alegria é apenas uma esperança. O sofrimento é a realidade, a alegria é uma esperança. E a espernaç nunca acontece, ela é como o horizonte: somente parece estar acontecendo em algum lugar, porém nunca acontece em você. Você fica correndo em direção ao horizonte, e o horizonte fica fugindo de você.
Estar completamente frustrado com a vida é o começo da sabedoria. Perceber a futilidade da vida é o começo de uma jornada totalmente nova – a jornada para dentro. Do contrário, você fica enamorado por uma coisa ou outra.
Perceba: você viveu 20, 30, alguns 40, 50 ou 60 – Qual o ganho? Olhe suas mãos: elas estão vazias.

Ouvi contar...
Alexandre – O Grande disse a seus ministros: “Quando vocês carregarem meu corpo pelas ruas, deixem minhas mãos penduradas, fora do caixão.
Os ministros ficaram perplexos e disseram: “Por quê? Nunca ninguém ouviu falar disso. E isso não se faz”.
E ele disse “Mas isso precisa ser feito”.
“Por que” Indagaram eles.
E Alexandre respondeu: “Para que as pessoas possam ver que também estou indo com as mãos vazias. Trabalhei, lutei e conquistei, mas o nada é o único sabor que restou em minha língua. Minhas mãos estão vazias. Gostaria que as pessoas vissem que Alexandre está morrendo como um completo fracassado!”


Todo mundo morre assim – com as mãos vazias, mas não faz sentido reconhecer isso tão tarde. É de grande importância reconhecer isso no meio da vida, pois então a mudança radical se torna possível.

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