Penetre cada palavra desse verso com amor e simpatia...
Embora não haja ponte,
A nuvem sobe até o céu;
Ela não pede pela ajuda
Dos sutras de Gautama.
Quando você fica natural, espontâneo e simples você começa a se elevar – naturalmente. Você não precisa pedir pela ajuda de Gautama Buda. Nenhuma ajuda é necessária.
Não há necessidade de ter nenhum guia. Se você for simples, então a simplicidade é suficiente.
Se você for natural, então essa naturalidade é suficiente.
Se você não for natural, você precisará da ajuda de um Mestre. E o Mestre não vai lhe dar coisa alguma; ele simplesmente tirará tudo o que for de plástico, que não for autêntico em você.
O Mestre, o Mestre real, simplesmente atira você de volta para a sua própria e completa naturalidade. Ele não o torna um conquistador, ele não lhe dá grandes sonhos de que você precisa conquistar isso e aquilo.
Ele simplesmente diz: “Relaxe, flua, seja – não se torne”.
Esta é uma das mensagens básicas de Buda: “Seja uma luz para você mesmo”.
O Mestre real não permite que você se apegue a ele. Ele o auxilia a se desapegar, pois o desapego é maturidade e o apego é infantilidade.
Pequenas ondulações aparecem
Na água não acumulada
Do poço não cavado,
Quando o homem sem forma e sem corpo
Tira água dele.
E este é o refrão constante de Buda, que tudo é sonho.
Nada jamais aconteceu e jamais vai acontecer. Mas a mente vive na esperança e através da esperança.
Tudo é. Você precisa ser constantemente lembrado disso, pois você insiste em fugir. Todo ir é sonho – esteja você indo pelo dinheiro ou por Deus, não importa.
Se você pensa no corpo ou na alma, não importa. Se você quer ficar muito rico, famoso ou iluminado, também não importa.
Tudo é sonho, tornar-se é sonho.
Investigue aquilo que você é e não fique procurando por aquilo que você gostaria de ser.
A esperança é o segredo da mente: ela vive através da esperança, se alimenta da esperança.
Quando você pára de esperar, quando você relaxa e apenas deixa as esperanças desaparecerem, de repente você acorda para a verdade – a verdade de seu ser e de toda a existência.
Pequenas ondulações aparecem
Na água não acumulada
Do poço não cavado...
Assim é a sua vida. Você não viu isto repetidamente em seus sonhos? Um lago está ali e pequenas ondulações aparecem, e um barco, e você está viajando no barco – e não há lago, ondulações, barco nem tampouco o viajante. E pela manhã você se encontra deitado em sua cama – não houve lago, água, barco, nada. Tudo apareceu.
Deixe-me contar um famoso sonho de um Mestre Zen – Chuang Tzu.
Uma noite ele sonhou que se tornou um borboleta. Na manhã seguinte, sentado entre seus seguidores, ele começou a rir loucamente, e um discípulo perguntou: “O que está havendo? Nunca vimos você rir tão loucamente”.
Ele respondeu: “Há um certo problema, e não acho que serei capaz de resolvê-lo um dia. Tropecei num grande mistério”.
Eles disseram: “Diga-nos qual é, talvez possamos dar alguma ajuda”.
E Chuang Tzu disse: “Na noite passada, sonhei que me tornei uma borboleta.
Então eles disseram: “Mas esse não é um grande mistério. Todos sonhamos, e sabemos que se trata de um sonho”.
Chuang Tzu disse: Esse não é o ponto. Agora surge o problema: pode ser que agora a borboleta tenha adormecido e esteja sonhando que se tornou Chuang Tzu. Agora quem está certo? Chuang Tzu estava certo sonhando que é uma borboleta ou a borboleta está certa sonhando que é Chuang Tzu? E quem sou eu? Sou apenas um sonho na mente de uma borboleta? Pois, se Chuang Tzu pode se tornar uma borboleta no sonho, então por que uma borboleta não pode se tornar Chuang Tzu no sonho?
Quem é real? A borboleta sonhando com Chuang Tzu ou Chuang Tzu sonhando com borboleta?
A resposta de Buda é que nenhum é real – somente quem se tornou consciente do problema, este é real. E ele não é nenhum, nem Chuang Tzu nem borboleta.
Aquele, o espelho no qual esses sonhos são refletidos, a tela sobre a qual esses dramas são representados... Esta testemunha é a única realidade.
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