9 de jan. de 2012

Mente com m minúsculo


 
Nós estamos vivendo num planeta insano – da Segunda Guerra Mundial até hoje, sem nenhuma grande guerra acontecendo, dezessete milhões de pessoas foram mortas em pequenas guerras, que as pessoas mal notaram.
Tem alguma coisa basicamente errada com a mente? Ela é violenta, é assassina, suicida: dá-lhe miséria, sofrimento, agonia, angústia e, ainda assim, você continua apegado a ela.
Isso tem de ser lembrado: que a menos que a sua arte, a sua criação, venha da meditação, ela não tem nenhum valor, absolutamente.
Partindo da meditação, do silêncio, toda canção se torna a canção de Salomão. Então, antes de criar qualquer coisa descrie a sua mente.

Quero que vocês sejam realmente ricos. E há somente uma riqueza: a que está escondida no fundo, bem no fundo, dentro de você. Ela está além do alcance dos seus pensamentos, da sua razão; ela está à disposição somente para aqueles que podem ficar completamente silenciosos. Então, seja o que for que venha disso, tem uma beleza, uma felicidade, um êxtase.

Basho (um Mestre Zen) escreveu:
Todos que alcançaram uma real excelência em qualquer arte
Possuem algo em comum, ou seja,
Uma mente para obedecer à natureza,
Para ser uma com a natureza,
Durante todas as quatro estações do ano.
Seja o que for que tal mente veja,
É uma flor;
E seja com o que for que tal mente sonhe,
É a lua.
Apenas uma mente bárbara
É que vê outra coisa
Que não uma flor;
Apenas uma mente animal
Sonha com outra coisa
Que não a lua.

Nossa assim chamada mente tem quase quatro milhões de anos. Ela passou por muitas noites escuras, quando não havia fogo, nem roupas, nem casas; ela viveu durante milhões de anos em constante perigo. Isso a fez agressiva, medrosa, defensiva, sempre com medo da noite escura, dos animais selvagens.
A mente carrega aqueles quatro milhões de anos de escuridão, de medo da morte. Daí, ela ter medo, embora, a situação tenha mudado. Agora, não há animais selvagens, exceto nós mesmos. Mas a mente não sabe nada do presente, ela carrega somente o passado.
Se você quer conhecer o universo e seus mistérios, você tem de dar um pulo para fora da mente.
HY 445 (fl.3)
Essas pessoas, esses Mestres Zen, estão falando de coisas que não podem ser ditas, mas por compaixão elas estão tentando fazer todas as espécies de esforços para lhes indicar o seu verdadeiro ser, que é a sua liberdade; caso contrário, todo mundo é um prisioneiro.

E você terá de meditar para ver o ponto – que o seu corpo é sua prisão; sua mente não é nada mais que suas correntes.
Mas nenhuma corrente, nenhuma algema, nenhuma cela de prisão pode te prender. Você pode se deslocar, abrir as suas asas e ficar no eterno – isso não importa.
Há somente uma liberdade, a liberdade de ser; há somente uma vida, aquela que está escondida dentro de você. No momento em que você a toca, você se deslocou para além das palavras, você ouviu a canção celestial e uma dança que continua da eternidade para a eternidade.

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