Cena da dança no filme Zorba, o Grego - Inesquecível
A humanidade tem acreditado ou na realidade da alma e na ilusão da matéria ou na realidade da matéria e na ilusão da alma, mas ninguém se preocupou em olhar a realidade do homem.
Você pode dividir a humanidade do passado em espiritualistas e materialistas.
Mas o homem é uma tremenda harmonia entre consciência e corpo físico.
Você não pode apenas viver como um corpo e você também não pode viver apenas como consciência.
Você tem duas dimensões em seu ser e ambas as dimensões devem receber iguais oportunidades de crescimento.
Mas o homem não tem sido aceito como totalidade e isso tem criado infelicidade, angústia e uma tremenda escuridão.
Se você escuta o corpo, você se condena; se você não escuta o corpo, você sofre – fica faminto, fica pobre, fica sedento.
E se você escutar somente a consciência, o seu crescimento será desigual; sua consciência crescerá, mas seu corpo definhará e o equilíbrio será perdido.
E o que podemos constatar é que no equilíbrio está a sua saúde, no equilíbrio está a sua totalidade, no equilíbrio está a sua alegria, está a sua canção, a sua dança.
Tente entender... O Ocidente escolheu escutar o corpo, e tornou-se completamente surdo em relação à realidade da consciência.
O resultado final é uma ciência notável, uma tecnologia notável, uma sociedade afluente, uma riqueza nas coisas mundanas; e no meio de toda esta abundância, um homem pobre, sem uma alma, completamente perdido – não sabendo quem ele é, sentindo-se quase como um acidente, um capricho da natureza.
O Ocidente perdeu sua alma, sua interioridade. Cercado por insignificâncias, pela angústia, ele não está se encontrando. Todo o sucesso da ciência tem provado ser inútil, porque a casa está cheia de tudo, mas o dono da casa está faltando.
Já o Oriente escolheu a consciência, e tem condenado a matéria e tudo que seja material – inclusive o corpo – como maya, como ilusão.
O Oriente criou um Gautama Buda, um Mahavira, um Patânjali, um Kabir – uma longa linha de pessoas com grande consciência, com grande sabedoria, mas também criou milhões de pessoas pobres, famintas, em inanição, morrendo como cachorros – sem comida suficiente, sem água pra beber, sem roupas suficientes, sem abrigos suficientes.
No Oriente, o dono está vivo, mas a casa está vazia. É difícil estar alegre com estômagos vazios, com corpos doentes, com a morte à sua volta; é impossível meditar.
A resposta para este problema é a síntese entre a matéria e a alma; a resposta é a rebeldia; a resposta é Zorba o Buda.
Zorba é um personagem fictício, um homem que acreditava nos prazeres do corpo, nos prazeres dos sentidos. Ele desfrutava a vida ao seu máximo, sem se preocupar com o que iria acontecer a ele na próxima vida – se iria para o céu ou se iria ser jogado no inferno.
Ele é uma declaração que não existe conflito entre a matéria e a consciência, de que podemos ser ricos em ambos os sentidos: podemos ter tudo que o mundo pode oferecer, que a ciência e a tecnologia podem produzir, e ainda podemos ter tudo que um Buda, que um Kabir encontra em seu interior – as flores do êxtase, a fragrância da divindade, as asas da liberdade suprema.
Zorba o Buda é o novo homem, é o rebelde.
Sua rebelião consiste em destruir a esquizofrenia do homem, destruir a divisão – destruir a espiritualidade como contrária ao materialismo e destruir o materialismo como contrário à espiritualidade.
Zorba o Buda é um manifesto de que o corpo e a alma estão juntos. Quando a energia está purificada, ela se manifesta como consciência; quando a energia está crua, não purificada, densa, ela se manifesta como matéria.
Mas a existência inteira nada mais é do que um campo de energia.
Zorba o Buda é a mais rica possibilidade.
Ele viverá a sua natureza ao seu máximo.
Ele cantará canções desta terra.
Ele não trairá a terra e também não trairá o céu. Ele reivindicará tudo o que a terra tem – todas as flores, todos os prazeres – e também reivindicará todas as estrelas do céu. Ele reivindicará a existência inteira como seu lar.
Tudo que o mundo contém é para nós, e temos que usá-lo de todas as formas possíveis – sem culpa, sem conflito, sem escolha.
Sem escolher, desfrute tudo que a matéria é capaz de oferecer, e aprecie tudo o que a consciência é capaz de oferecer.
Seja um Zorba, mas não pare por aí...
Continue se movendo par tornar-se um Buda.
Buda pode contribuir com consciência, claridade, olhos para ver além. Zorba pode dar todo o seu ser à visão de Buda, mas faça-a um estilo de vida dançante, celebrativa, extática.
Zorba é um personagem fictício e Buda é um adjetivo para qualquer um que abandone seu sono, sua inconsciência, sua escuridão e se torne acordado. Sendo assim, nenhum Budista precisa se sentir ferido.
O rebelde não é outro senão Zorba o Buda.
Cada mensagem de Osho é como um cantil de água refrescante no deserto.
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