26 de out. de 2011

Deus está morto. E o homem está livre... Pra quê?

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Deus está morto. E o homem é livre... Para quê?

Só pode existir Deus ou a liberdade; ambos não podem existir ao mesmo tempo.
Esta é a implicação básica da frase de Nietzsche: “Deus está morto; portanto o homem é livre”.
Primeiramente gostaria de discutir a afirmação de Nietzsche.
Todas as religiões acreditam que Deus criou o mundo e também a humanidade. Mas se você é criado por alguém, é apenas uma marionete, não tem alma própria.
Se você é criado por alguém, ele pode acabar com a sua existência a qualquer momento. Ele não lhe perguntou se você gostaria de ser criado nem perguntará: “Você quer ser eliminado?”
Caso você aceite a ficção de que ele criou o mundo e também a humanidade, Deus é o maior dos ditadores.
Se Deus é uma realidade, o homem é um escravo, um fantoche. Todos os fios estão sob o comando dele, até a sua vida. Nesse caso, não existe a questão da Iluminação. Não existe a questão de existir um Gautama, O Buda ou um Jesus, pois não existe liberdade alguma.
Ele puxa as cordas, você dança; Ele puxa as cordas, você chora; Ele puxa as cordas e começa os assassinatos, o suicídio, a guerra – Você é apenas uma marionete, Ele é o manipulador.
Então não existe a questão do pecado ou virtude, nem pecadores e santos. Nada é bom e nada é mau, porque você é apenas um fantoche.
Um fantoche não pode ser responsável por suas próprias ações. Responsabilidade pertence a alguém que tem liberdade de ação.
Esta é a implicação básica da frase de Nietzsche: Deus está morto; portanto o homem é livre.
A declaração de Nietzsche limita-se somente a uma face da moeda. Ele está perfeitamente certo, mas esqueceu de uma coisa, pois sua afirmação é baseada na racionalidade, lógica e intelecto e não em meditação.
O homem é livre, mas livre para quê?
Essa liberdade seria totalmente licensiosa.
Você remove Deus e deixa o homem completamente vazio. Você declara a sua liberdade, mas com que propósito?
Como ele usará essa liberdade de forma criativa e responsável? Como evitará que a liberdade seja reduzida a libertinagem?
O homem é livre, mas sua liberdade só poderá ser uma alegria e bênção caso ele esteja ancorado na meditação.
Remova Deus – está perfeito; Ele tem sido o maior perigo para a liberdade humana – mas dê ao homem algo que tenha significado e sentido, um pouco de criatividade e receptividade, algum caminho para que encontre sua eterna existência.
O vazio sempre leva as pessoas à insanidade. Você precisa apoiar-se em alguma coisa, centrar-se; precisa de uma relação com a existência.
Se Deus está morto, você foi deixado só e sem raízes. Uma árvore não pode sobreviver sem raízes. Nem você.
Deus tem sido um grande consolo para as pessoas em seu medo, em seu pavor diante do envelhecimento, morte e além – um grande consolo às trevas desconhecidas.
Nietzsche perdeu seu Deus e sua consolação. Tornou-se livre para ser louco. E não apenas Nietzsche, mas muitos gigantes intelectuais acabaram em hospícios ou cometeram suicídio porque ninguém pode viver em uma escuridão negativa.
As pessoas precisam de luz e experiência da verdade que seja positiva e afirmativa.
Existe, no homem, uma necessidade tremenda de se relacionar com a existência. Ele precisa de raízes na existência, porque somente quando as raízes se aprofundarem na existência ele poderá florescer como um ser consciente (Buda), desabrochará em milhões de flores e sua vida não será sem sentido.
Então sua vida transbordará em abundância e significado, sentido, felicidade suprema.
Sua vida será simplesmente uma celebração.
Não existindo Deus, você ganha a dignidade de um indivíduo que é livre – livre para tornar-se um ser consciente, Desperto (um Buda).
Este é o supremo objetivo da liberdade. A menos que sua liberdade se torne o florescer de sua consciência e a experiência da liberdade o leve à eternidade, às raízes, ao cosmo e à existência, você ficará louco.

3 comentários:

  1. Nascemos simples e livres, sem paradigmas sem crenças. Com o tempo tudo isso nos é imposto, nasce a crença e a adoração! A felicidade nunca é plena se não tivermos a garantia suprema de que somos abençoados e submissos em todas as nossas virtudes.
    Vez por outra me pego em momentos depressivos e vazios que vão embora rapidinho, apenas pelo fato de observar a cachorrinha de nome "Shiva" que mora conosco. Sem crenças, sem paradigmas. Não vive o ontem o amanhã está sempre no agora e sempre transbordando felicidade pra si e todos envolta.

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