Relaxe
seus olhos... Observe sua respiração...
Mova
sua atenção pelo corpo – parte por parte, pedaço por pedaço -, e percebendo
alguma tensão, respire nesses pontos e simplesmente solte tudo - relaxe.
Descobrir sua verdadeira natureza,
entrar em contato com sua essência, descobrir a verdade, não é uma mercadoria
desejada pelas pessoas. Elas acham que já a conhecem e, mesmo se acharem que
não a conhecem, elas pensam: “Quem precisa delas”? Suas necessidades são por
mais magia, ilusões e sonhos em suas vidas.
Descobrir a própria essência não
interessa as pessoas. No momento em que uma pessoa se torna interessada pela
verdade, ela não é mais parte da massa – ela se torna um indivíduo. Do
contrário, ela permanece parte da multidão e não existe realmente. Mas a busca
é árdua, e ela necessita de coragem, de inteligência e de consciência.
Em uma passagem, Buda afirma não haver
objetivo na vida – nada a ser alcançado externamente – deixe isso penetrar em
seu coração. Não há objetivo na vida.
O objetivo não existe, ele é
imaginário, é sua criação. Você cria o objetivo, então você cria a virtude e o
pecado e, então, a humanidade é dividida em santos e pecadores. Aqueles que
estão se movendo em direção aos objetivos são virtuosos e aqueles que não estão
se movendo em direção aos objetivos são pecadores. Abandone o objetivo, e os
santos, os pecadores, as divisões, o mais elevado, o mais baixo desaparecerão e
não haverá céu ou inferno.
Perceba a importância disso! A ideia
do objetivo cria o céu e o inferno. Aqueles que estão se movendo em direção ao
objetivo, as pessoas obedientes e boas, serão recompensados com o céu. E
aqueles que não estão indo em direção ao objetivo, os pecadores, as pessoas
más, serão punidos com o inferno.
Perceba... Primeiro você cria o
objetivo e então tudo segue... então são criados o céu e o inferno, os santos e
pecadores, o medo de perder o objetivo e o ego de atingir o objetivo. Você
criou toda confusão, toda neurose da mente.
Buda vem e ataca a própria raiz da
confusão: ele diz que não há objetivo. Apenas esta simples afirmação pode se
tornar uma força libertadora: não há objetivo. Então a pessoa não está indo a
lugar algum e está sempre aqui; ela nunca está indo a lugar algum, não há lugar
para se ir e ninguém para ir. Tudo sempre esteve aqui e sempre esteve
disponível.
O objetivo significa futuro; portanto
você começará a ficar mais interessado no futuro e a se esquecer do presente. O
objetivo cria tensão, angústia, medo – “vou consegui-lo ou não?” -, cria
competição, inveja, conflito e hierarquia. Aqueles que estão se aproximando do
objetivo são superiores e os que não estão são inferiores.
O entendimento de Buda é completamente
diferente. Ele diz: “A vida em si mesma é seu próprio sentido”. Você não
precisa criar qualquer outro sentido, e todos os sentidos criados se tornarão
apenas fontes de ansiedade. A rosa que desabrocha no jardim não está
desabrochando por algo mais! E o rio que flui para o oceano não está fluindo
por algo mais - o fluxo é a alegria, o florescimento é a celebração.
Quando você fica muito orientado pelo
futuro, começa a se esquecer do presente, o qual é a única realidade.
Os pássaros cantando, este momento!...
Este aqui e agora... Tudo isso é esquecido quando você começa a pensar em
termos de alcançar algo. Quando surge a mente conquistadora, você perde o
contato com o paraíso em que você está.
Esta é uma das abordagens mais
libertadoras: ela libera você agora mesmo! Esqueça-se de tudo sobre pecado e
santidade; ambos são estúpidos, ambos destruíram todas as alegrias da
humanidade. O pecador está se sentindo culpado, daí sua alegria ser perdida.
Como você pode desfrutar da vida se está continuamente se sentindo culpado;
como pode desfrutar da vida, se você está indo continuamente à igreja para
confessar que fez isso e aquilo de errado¿ E errado, errado, errado... Toda sua
vida parece ter sido feita de pecados. Como você pode viver com alegria?
Torna-se impossível ter deleite na
vida. Você fica pesado e carregado. A culpa se aloja em seu peito como uma
rocha e o esmaga; ela não permite que você dance. Como a culpa pode dançar,
cantar, amar e viver?
E a pessoa que acha que é santa também
não pode viver e se deleitar, pois ela está com medo: se ele tiver deleite,
poderá perder a sua santidade; se ela rir, poderá cair de sua posição. A risada
é mundana e a alegria é comum – o santo precisa ser sério, e ter uma face
triste. Ele não pode segurar a mão de alguém, pois pode se apaixonar e surgir o
apego. Ele não pode relaxar, pois, se o fizer, seus desejos reprimidos começarão
a emergir. Um santo não pode relaxar; e se não pode relaxar como pode desfrutar
e celebrar?
O pecador perde devido a culpa e o
santo perde devido ao ego – ambos são perdedores. Objetivos são criadores de
infelicidade.
A mente conquistadora é a fonte
original de todas as enfermidades, de todas as doenças.
Buda
diz: “Não há lugar para se ir – relaxe”.
No fundo, você é apenas um bambu oco,
e a existência flui através de você por nada além do puro deleite de fluir.
Observe as rosas, a grama, os rios e as
montanhas, viva com a natureza, e lentamente você perceberá que nada está indo
a lugar algum. Tudo está se movendo, mas não para alguma direção e objetivos.
Dissolva as metas, os objetivos. Nesse silêncio, a vida se torna a única
escritura e se torna tudo que existe.
Viva e saiba, viva e sinta, viva e seja.
Texto publicado em junho de 2011 e modificado em janeiro de 2017
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