Deseje
apenas o que está dentro de você.
Parece absurdo, paradoxal, ilógico:
Deseje apenas o que está dentro de você. Perceba... Desejamos, basicamente,
aquilo que não está em nós. Desejar significa querer algo que não está em nós. Se
já estivesse em nós, qual seria então a necessidade de desejá-lo?
Nós nunca nos desejamos tal como
somos. Sempre desejamos algo mais. Ninguém deseja a si mesmo; não há
necessidade. Você já é isso; Não está faltando nada. Você deseja o que está
faltando
O sutra diz: Deseje apenas o que está
dentro de você – por muitas razões. Em primeiro lugar, se você desejar algo que
não está dentro de você, poderá obtê-lo, mas ele nunca será seu. Não pode ser. Na
verdade, você nunca poderá ser o senhor dele, será apenas um escravo. O
possuidor é sempre possuído por suas posses. Quanto maior a quantidade de
coisas possuídas, maior a escravidão criada.
Você é possuído por suas posses e
deseja seu o senhor. A frustração se inicia porque toda a sua esperança foi
frustrada. Você chega a um ponto no qual as coisas que desejava estão
presentes, tudo o que você desejou aconteceu, mas você se tornou o escravo.
Agora, o reino parece ter se tornado uma prisão, e tudo o que você possui, ou
pensa possuir, não é realmente possuído, pois lhe pode ser tomado a qualquer
momento. Mesmo se ninguém o tomar, a morte certamente o tomará.
Na terminologia religiosa, aquilo que
pode ser tomado pela morte não lhe pertence. Então, qual o critério? A morte é
o critério. Há apenas um critério para julgar se você realmente possui alguma
coisa. Julgue levando em consideração a morte. Se a morte a tomar de você, você
nunca a possuiu. Era apenas uma ilusão.
Existe algo que a morte não lhe pode
tirar? Se não há nada, então a religião é inútil, sem sentido. Mas existe algo
que a morte não pode tomar de você, e esse algo está oculto em seu interior –
você já possui. É sua natureza mais essencial – seu Buda interior. Você é ela –
ela é o seu próprio ser, sua própria base, sua existência. E esse é todo o
ensinamento deste sutra: Deseje apenas o que está dentro de você. Deseje seu eu
mais profundo, deseje o centro que você já possui, mas do qual se esqueceu
completamente.
Mas por que o homem se esquece? Isso é
uma necessidade. Para sobreviver, é necessário prestar atenção ao mundo
exterior. Para sobreviver, existir, estar vivo, você precisa continuamente
prestar atenção às coisas: comer, abrigar-se. O corpo necessita de atenção. Ele
fica doente, está propenso a sofrer. O corpo está continuamente se esforçando
para sobreviver, porque, para o corpo, existe a morte.
O corpo sempre se encontra em estado
de emergência, porque a morte pode ocorrer a qualquer momento. Portanto toda a
sua atenção se move para o exterior. Não sobra nenhuma energia para se mover
pra dentro. Trata-se de uma necessidade de sobrevivência. Por esse motivo,
continuamos a esquecer que existe dentro de nós um centro imortal, um centro
eterno, um centro de bem-aventurança absoluta.
A dor atrai a atenção; o sofrimento
atrai a atenção. O corpo é sentido apenas quando está doente. Se o seu corpo
está absolutamente saudável, você não o sente. Você fica leve. Esse é o único
critério da autêntica saúde: o corpo não é absolutamente sentido. Sempre que o
corpo é sentido, significa que há alguma doença, algum distúrbio. Há tantos
problemas oriundos do exterior que sua atenção está constantemente ocupada com
ele. Por isso, você se esquece de que alguma coisa existe exatamente no centro
do seu ser, alguma coisa imortal, divina, bem aventurada.
O
sutra diz: deseje apenas o que está dentro de você.
...Pois dentro de você está a luz do
mundo – a única que pode iluminar o Caminho. Se você é incapaz de percebê-la em
seu interior, é inútil procurá-la em outra parte.
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