15 de out. de 2016

Deseje apenas o que está dentro de você



Deseje apenas o que está dentro de você.

Parece absurdo, paradoxal, ilógico: Deseje apenas o que está dentro de você. Perceba... Desejamos, basicamente, aquilo que não está em nós. Desejar significa querer algo que não está em nós. Se já estivesse em nós, qual seria então a necessidade de desejá-lo?
Nós nunca nos desejamos tal como somos. Sempre desejamos algo mais. Ninguém deseja a si mesmo; não há necessidade. Você já é isso; Não está faltando nada. Você deseja o que está faltando
O sutra diz: Deseje apenas o que está dentro de você – por muitas razões. Em primeiro lugar, se você desejar algo que não está dentro de você, poderá obtê-lo, mas ele nunca será seu. Não pode ser. Na verdade, você nunca poderá ser o senhor dele, será apenas um escravo. O possuidor é sempre possuído por suas posses. Quanto maior a quantidade de coisas possuídas, maior a escravidão criada.
Você é possuído por suas posses e deseja seu o senhor. A frustração se inicia porque toda a sua esperança foi frustrada. Você chega a um ponto no qual as coisas que desejava estão presentes, tudo o que você desejou aconteceu, mas você se tornou o escravo. Agora, o reino parece ter se tornado uma prisão, e tudo o que você possui, ou pensa possuir, não é realmente possuído, pois lhe pode ser tomado a qualquer momento. Mesmo se ninguém o tomar, a morte certamente o tomará.
Na terminologia religiosa, aquilo que pode ser tomado pela morte não lhe pertence. Então, qual o critério? A morte é o critério. Há apenas um critério para julgar se você realmente possui alguma coisa. Julgue levando em consideração a morte. Se a morte a tomar de você, você nunca a possuiu. Era apenas uma ilusão.
Existe algo que a morte não lhe pode tirar? Se não há nada, então a religião é inútil, sem sentido. Mas existe algo que a morte não pode tomar de você, e esse algo está oculto em seu interior – você já possui. É sua natureza mais essencial – seu Buda interior. Você é ela – ela é o seu próprio ser, sua própria base, sua existência. E esse é todo o ensinamento deste sutra: Deseje apenas o que está dentro de você. Deseje seu eu mais profundo, deseje o centro que você já possui, mas do qual se esqueceu completamente.
Mas por que o homem se esquece? Isso é uma necessidade. Para sobreviver, é necessário prestar atenção ao mundo exterior. Para sobreviver, existir, estar vivo, você precisa continuamente prestar atenção às coisas: comer, abrigar-se. O corpo necessita de atenção. Ele fica doente, está propenso a sofrer. O corpo está continuamente se esforçando para sobreviver, porque, para o corpo, existe a morte.
O corpo sempre se encontra em estado de emergência, porque a morte pode ocorrer a qualquer momento. Portanto toda a sua atenção se move para o exterior. Não sobra nenhuma energia para se mover pra dentro. Trata-se de uma necessidade de sobrevivência. Por esse motivo, continuamos a esquecer que existe dentro de nós um centro imortal, um centro eterno, um centro de bem-aventurança absoluta.
A dor atrai a atenção; o sofrimento atrai a atenção. O corpo é sentido apenas quando está doente. Se o seu corpo está absolutamente saudável, você não o sente. Você fica leve. Esse é o único critério da autêntica saúde: o corpo não é absolutamente sentido. Sempre que o corpo é sentido, significa que há alguma doença, algum distúrbio. Há tantos problemas oriundos do exterior que sua atenção está constantemente ocupada com ele. Por isso, você se esquece de que alguma coisa existe exatamente no centro do seu ser, alguma coisa imortal, divina, bem aventurada.

O sutra diz: deseje apenas o que está dentro de você.

...Pois dentro de você está a luz do mundo – a única que pode iluminar o Caminho. Se você é incapaz de percebê-la em seu interior, é inútil procurá-la em outra parte.

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