Para
a maioria das pessoas o silêncio é um tédio.
Essas pessoas não suportam estar com
elas mesmas. Quando não têm nada pra fazer ligam pra alguém, entram na
internet, ligam a televisão, enfim... Fogem delas mesmas.
Elas permanecem na superfície,
escolhem viver na superfície – e pensam que são livres. Acabam perdendo a
oportunidade de se observarem, de conhecerem um pouquinho de si mesmas.
O
mestre Zen Tokusan diz:
Retire-se! Se existe escuridão do lado
de fora, algo pode ser feito. Se seu corpo está doente, você pode procurar um
médico, mas se é o seu Ser que está doente, então nenhum médico poderá
auxiliá-lo – você é que tem de fazer algo. O mestre pode apenas trazê-lo para
este ponto em que apenas você pode fazer algo. Se alguém puder penetrar no seu
interior, então esse lugar não é o seu interior, porque como pode alguém entrar
no templo mais interior do seu Ser¿ Apenas você existe aí, na sua total
solidão.
No seu mais íntimo ser, você é
totalmente só – ninguém pode entrar aí. Nem mesmo um mestre iluminado pode
entrar aí. No centro de um círculo pode haver apenas um ponto, não dois. Se
existirem dois, ainda não é o centro.
Você está no ponto mais profundo do
seu ser. O mestre pode auxiliá-lo a tornar-se alerta para esse fato. E, uma vez
que você conheça o ponto mais profundo do seu ser, toda doença interior
desaparecerá. Quando você aceitar sua total solidão, você será liberdade, não
haverá nenhum apego – então, o amor poderá fluir!
Na realidade, apenas nesse momento o
amor pode fluir, porque então o amor não é uma dependência, você não é
dependente do outro. Quando você depende de outra pessoa, ao mesmo tempo se
sente contra ela – porque tudo o que o torna dependente é seu inimigo, não pode
ser seu amigo. Assim os amantes continuamente brigam, porque o amado é o
inimigo. Quando você se torna dependente, não pode viver sem ele ou ela. Sua
liberdade é destruída, e qualquer amor que destrói a liberdade mais cedo ou
mais tarde transforma-se em ódio.
Apenas o amor que lhe dá liberdade
nunca se transforma em ódio, é eterno. Assim, apenas um Jesus, um Buda, pode
amar eternamente. Com eles, a mesma harmonia continua.
No verdadeiro pico, você está só. No
mais íntimo centro do seu ser você é só. Quando você aceita isso, então o amor
pode fluir como o Ganges. Então, nenhuma perturbação existe, e você pode amar
sem qualquer condição. Então você pode amar sem tornar-se dependente, sem fazer
da outra pessoa dependente de você. Assim, o amor pode ser uma liberdade.
A palavra “solidão” não é boa porque
carrega em si uma tristeza – por sua causa, não por causa da palavra. Por causa
das velhas associações, você sempre se sente triste quando está sozinho.
Lembre-se disto: quando você chegar ao
âmago do seu centro, você não estará solitário, estará só! Essa solidão não é
um vazio – é um preenchimento. Essa solidão não é vazia, é transbordante. Essa
solidão não é um vácuo, é o Todo.
Tudo que o mestre pode fazer é
torna-lo alerta para este fato; ele apenas o acorda para a verdade – o tesouro
está escondido aí – e você nunca olhou para ele. Seu Ser já é iluminado!
Se você não pode olhar para dentro e
ver a escuridão em que está vivendo, a escuridão da mente... Eu lhe darei uma
vela para encontrar seu caminho.
Conta-se que Buda falou que os Budas só mostram o caminho
– você é que tem de caminhar. Eles não podem ir com você, pois é impossível
outra pessoa leva-lo ao seu centro. Os Budas apontam o caminho, mas você é que
tem de caminhar.
Quando a mente é aberta você se
ilumina, mas sua mente cria sua própria prisão. A mente é um fechamento, a
mente é uma porta fechada. O ser é uma porta aberta – esta é a única diferença.
Quando a mente se abre, você se ilumina – você é um ser. Quando a mente se
fecha – você é apenas um passado, uma memória, não uma vida, uma força viva.
Com a mente fechada, você pode olhar apenas para fora porque como olhará pra
dentro? A mente está fechada, a porta está fechada. Com a mente aberta você
pode olhar pra dentro.
E ao olhar pra dentro você é
totalmente transformado. Se você tiver um único vislumbre do interior, nunca
mais será o mesmo. Então, poderá caminhar, poderá olhar pra fora e andar no
mundo – poderá ser um comerciante, poderá ser um funcionário, poderá ser um
professor, um açougueiro – você pode ser tudo que era antes – mas a qualidade
terá mudado.
Os mestres dizem que um home iluminado
vive do mesmo modo que um homem comum – sem nenhuma diferença exterior. Come
quando sente fome, dorme quando sente cansaço – no exterior, nenhuma diferença.
Apenas a natureza do ser, a qualidade do ser é que muda – Se sua mente está
aberta, você pode olhar pra fora, mas nesse estado permanece dentro. Você pode
andar pelo mundo, mas o mundo não é parte do seu ser. Pode fazer qualquer coisa
que seja necessária, mas nunca fica apegado.
O Zen diz que a mente comum é a mente
iluminada, com apenas uma diferença: a mente está aberta, acordada. O sono se
foi, a inconsciência se foi. Você está alerta.
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