23 de mar. de 2011

O dedo de Gutei II


Olhe para a sua mente...
Quantos pensamentos desnecessários, quantos desejos, quanta necessidade de acumular, de ganhar mais e mais...
Por alguns instantes, olhe para a sua vida.
Se você interromper o que quer que esteja fazendo, o que será perdido?
Nada se ganha com o seu fazer.
De manhã à noite nos ocupamos com coisas triviais.
Então, no fim do dia, você fica cansado e vai dormir.
Na manhã seguinte está pronto para iniciar as mesmas coisas não-essenciais. É um círculo vicioso.
Mas você tem tanto medo de olhar a banalidade dessa vida que se mantém sempre de costas para ela.
Se a olhar, sentirá muita depressão, pensará: “O que estou fazendo?”
Se você perceber que a maioria das coisas que faz, se não tudo, é absolutamente inútil, seu ego estará perdido.
Seu ego precisa sentir-se importante, por isso você cria significados para as coisas triviais.
Você sente como se estivesse desempenhando grandes feitos para a família, para a humanidade, como se sem você, a existência fosse acabar.
Você tem que dar significado a tudo, porque por meio da significação seu ego é alimentado.
Na ignorância, tudo é não-essencial.
O que quer que seja feito, mesmo meditação, sua prece, sua ida ao templo: tudo é trivial.
Até mesmo sua prece não é mais profunda que a leitura de um jornal. Porque a questão não é a prece, é você – é a sua superficialidade. É o modo inconsciente como você realiza suas ações.
Mas se você tem profundidade, então cada momento, cada ação é um ato de profundidade.
Mas quando ela não existe, mesmo ir ao templo não faz nenhuma diferença. Você entra num templo como se estivesse entrando num hotel.
Você é o mesmo, nenhuma transformação...
Todos os seus problemas existem porque você está dividido, fragmentado, em desunião, em caos – não em harmonia.
O que é Zen? O que é Yoga? O que é meditação? Nada mais do que chegar à unidade.
Quando se vive na diversidade, os problemas são criados, porque mover-se em muitas direções simultaneamente torna-o dividido, impede sua união.
Tente perceber: um desejo o conduz para o norte, outro para o sul.
Uma parte da mente ama, a outra odeia.
Uma parte da mente quer acumular riquezas e a outra diz: “Isto é inútil, renuncie”.
Uma das mentes quer meditar, tornar-se profunda, silenciosa, e a outra diz: “Por que você está perdendo seu tempo?” Sentado como um tolo e os outros aproveitando a vida enquanto a minha se acaba.
Quando sua mente está dividida, você não pode nem orar nem meditar porque uma parte fica sempre contra. E mais cedo ou mais tarde ela vencerá.
Uma de suas partes ama uma mulher ou um homem e a outra odeia.
Assim todos os casamentos caminham para o divórcio.
A unidade é essencial. Se não há unidade a luta é constante.
Existem várias religiões, muitos caminhos, vários métodos, mas o ponto essencial é o mesmo: a unidade.
Seja qual for a escolha, seja um.
Se você puder ser infinitamente paciente, se tornará um.
Se você puder se render totalmente se tornará um.
Se você puder silenciar completamente, será um.
Se não houver pensamentos e você estiver em meditação, será um.
Se você rezar a Deus e a reza for intensa, a ponto de você não estar mais presente, a ponto de se dissolver nela, a unidade virá.
Se o meditador se transformar na meditação, se o observador se tornar a observação – de repente todas as ondas de ilusão desaparecerão.
Você será elevado a uma camada diferente, a um diferente plano do Ser.
Então, simplesmente flutue... Como nuvens brancas... Sem nenhum lugar pra ir... Sem querer alcançar nada...
Simplesmente desfrute esse momento de união com toda a existência... Em silêncio... Em profundo silêncio...

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