O ser humano está se sentindo
insignificante, vazio, oco por dentro. E no esforço para, de algum modo, preencher
esse vazio surge a ganância. Ganância é o esforço do homem não inteligente para
tornar sua vida significativa.
Mas esse esforço está fadado a
fracassar, pela simples razão de que, seja lá o que for que você acumule,
permanece do lado de fora – não pode atingir o seu interior... Você precisa de
certa riqueza interior – riqueza exterior não vai adiantar. Na verdade ela o
fará mais consciente da sua pobreza interior, por contraste. E se você tem um
milhão de dólares e não aconteceu, como você pode esperar que por ter dois
milhões de dólares vai acontecer?
O que você realmente precisa é de uma
transformação qualitativa do seu ser... Você precisa que sua vida fique cheia
de luz.
Ganância significa um desejo por mais,
sem ver a total futilidade disso. Se menos não lhe está dando nada, então, não
vai acontecer nada por ter mais da mesma coisa.
Ganância é estupidez, completa
estupidez. O homem ganancioso não está funcionando inteligentemente. A pessoa
inteligente pode ver isso, mas qual é realmente a necessidade dela? A sua
necessidade básica é saber, em primeiro lugar: “Quem sou eu?” Porque a menos
que eu saiba exatamente quem eu sou, seja o que for que faça vai ser errado:
não vai me preencher. Uma vez que eu saiba exatamente quem sou eu, então, seja
o que for que eu faça vai fortalecer minha riqueza, minha bem aventurança,
porque, então, estarei seguindo de acordo com a minha natureza.
Estar enraizado na sua própria
natureza é conhecer a bem-aventurança. Sem conhecer sua natureza, sem conhecer
seu ser interior, você está fadado a se extraviar.
Tente perceber que tudo o que você
está fazendo é apenas imitar os outros. As pessoas estão atrás de dinheiro,
então você vai atrás de dinheiro. As pessoas estão atrás de casas grandes,
então você vai atrás de casas grandes. As pessoas estão atrás disso e daquilo,
então você vai atrás disso e daquilo. Você está apenas sendo um imitador... E
somente uma pessoa estúpida é imitadora. E as pessoas estão fazendo isso o
tempo todo – simplesmente imitando os outros.
A pessoa inteligente jamais é
imitadora. Ela tenta descobrir primeiramente: “Qual é a minha natureza”. Ela
jamais imita, ela jamais segue os outros. Ela ouve sua própria voz interior.
A primeira coisa a ser feita é ser tão
silencioso, tão meditativo, que você possa ouvir à sua própria voz interior. Ela
é muito pequenina e muito calma, mas uma vez que você a ouve, ela o dirige e,
então, você jamais se extravia.
O mundo todo sofre de complexos de
inferioridade de um jeito ou de outro, pela simples razão de que nós continuamos
comparando. Na verdade, todo o mundo é tão único, que qualquer comparação é
errada, completamente errada. Mas vocês não conhecem suas singularidades. Vocês
jamais entraram nos seus próprios seres, jamais se encontraram. Vocês jamais
olharam nesta direção, absolutamente. Vocês estão fadados a se sentirem
inferiores.
A vida consiste em milhões de coisas
e, se você estiver constantemente comparando... Mas foi isso que nos ensinaram
a fazer. Fomos criados de tal modo, educados de um modo tão estúpido, que
estamos constantemente comparando. Alguém é mais alto que você, alguém é mais
bonito que você, alguém parece ser mais inteligente do que você, alguém parece
ter mais virtudes, mais religioso, mais meditativo... E com isso, você está
sempre num estado de inferioridade, sofrendo.
Olhe para dentro de si mesmo e você
experimentará uma grande singularidade. E toda a inferioridade desaparece,
evapora. Ela foi criada por você e sua educação errada, foi criada por uma
sutil estratégia – a estratégia da comparação. Uma vez que você entra em
contato com sua natureza interior, você fica feliz e, então, não há nenhuma
necessidade de seguir ninguém.
Você pode aprender de todo mundo, não
apenas do homem, mas dos animais, das árvores, das nuvens, dos rios... Mas não
existe a questão da imitação. Você não pode tornar-se um rio, mas pode aprender
alguma qualidade que seja própria dos rios: o fluxo, o deixar-ir... Você pode
aprender alguma coisa com uma rosa, não precisa disso, mas você pode aprender
algo da rosa. Você vê uma rosa tão delicada, contudo, tão forte ao vento, na
chuva, sob o sol. Ao entardecer ela terá morrido, mas ela não se liga nisso,
fica alegre no momento – agora a rosa está dançando ao vento, na chuva, sem
medo, sem preocupar com o futuro. Ao entardecer, as pétalas cairão, mas... Quem
se importa com o entardecer? Este momento é tudo e esta dança é o que existe.
Então aprenda algo com a rosa, aprenda algo com os pássaros voando: a coragem - a coragem de ir pra dentro do ilimitado. Aprenda de todas as fontes, mas não imite. Mas isso só é possível se você tiver encontrado o espaço certo com o qual começar, e este espaço é a familiaridade consigo mesmo.
Prática de Meditação
Procure experienciar seu vazio tão totalmente, de modo que o próprio vazio se torne plenitude.
Então, toda ganância desaparece.
Este é o único meio dela desaparecer – não há outro meio.
Penetre o vazio e silencie.
Nossa, que texto maravilhoso. Obrigada!
ResponderExcluir