7 de jun. de 2016

Convivendo com os outros


Relaxe seus olhos, solte seu corpo e, por um momento olhe dentro... Olhe sua criança interior... esquecida, abandonada, sufocada por tantas metas, tantas obrigações, tantas coisas pra fazer no mundo adulto. Você esqueceu sua criança interior? Consegue encontra-la em seu espaço interior?
O conflito aqui é... Dar alento a sua criança interior ou o desejo emocional de reter, poupar, economizar. Usar o dinheiro para o essencial ou dar alegria a criança interior que quer se divertir? Apenas você poderá encontrar uma solução para este conflito, mas tenha em mente que é possível uma resolução equilibrada. Vale apenas ter auto observação.

Perceba...
Todos nascem livres. O começo da vida é totalmente natural, mas então entra a sociedade e as regras, os regulamentos, a moralidade, a disciplina e muitos tipos de treinamento, e o desprendimento e a naturalidade e o ser espontâneo se perdem.
A pessoa começa a proteger-se com um tipo de armadura. Ela começa a se tornar cada vez mais rígida. A suavidade interna não está mais visível.
Na fronteira do ser a pessoa cria um fenômeno parecido com um forte, para defender-se, e não tornar-se vulnerável, para reagir, para criar proteção e segurança.
A liberdade de existir é perdida. A pessoa começa a olhar nos olhos dos outros.
A aprovação, a negação, a condenação ou a apreciação deles tornam-se cada vez mais valiosas. Os outros passam a ser o critério e a pessoa começa a imitar e a seguir os demais.
Uma pessoa tem de conviver com outras – e uma criança é muito flexível, pode ser moldada de qualquer modo; a sociedade começa moldando-a – os pais, os professores, a escola – e logo ela se torna uma personalidade em vez de um ser. Ela aprende todas as regras. Torna-se conformista ou rebelde; ambos um tipo de servidão, porque a reação depende da mesma coisa contra a qual reage.

Uma pessoa centrada é desprendida e natural; não é nem a favor nem contra algo, é apenas ela mesma - é sempre livre em seu próprio ser, não é moldada por hábitos e condicionamentos. Ela é o mais elevado florescimento da civilização e da cultura. É verdadeira não por existir uma regra para ser verdadeira. Porém, sendo desprendida e natural, é simplesmente verdadeira. Ela tem compaixão, não por seguir um preceito de ser compassiva. Sendo desprendida e natural, apenas sente a compaixão fluindo ao redor. Ela não é contra a sociedade, nem a favor – simplesmente está além dela. Tornou-se de novo uma criança, uma criança de um mundo totalmente desconhecido, uma criança de uma nova dimensão – ela renasce.

É claro que a sociedade tem de atuar, porque, se a criança é deixada por sua própria conta, nunca crescerá e se tornará semelhante a um animal. A sociedade tem de atuar, a sociedade tem de ser experimentada – isso é necessário. A única coisa a lembrar é que ela constitui uma passagem a ser percorrida. A sociedade tem de ser seguida e depois transcendida. As regras devem ser aprendidas e depois desaprendidas.

As regras entrarão em sua vida porque existem outras pessoas. Você não está sozinho. As regras são estabelecidas com os relacionamentos.
Não há nada errado nisso. Isso tem de ser feito, porém de tal modo que a criança nunca perca sua percepção nem se identifique com o padrão refinado, mas permaneça livre na profundidade de seu ser, saiba que as regras devem ser obedecidas, mas que não são para toda a vida e saiba também que ela tem de ser ensinada.
E isso é o que uma boa sociedade ensinará: “Essas regras são boas porque você tem de conviver com as demais pessoas, porém não são absolutas. Não se espera que você permaneça limitado por elas – um dia você deve transcendê-las”.

Você tem de ouvir os outros até certo ponto e então deve começar a ouvir a si mesmo. No final, deve retornar ao estado original. Antes de morrer precisa tornar-se novamente uma criança inocente – desprendida e natural, porque na morte você entra novamente na dimensão de estar só.

Da mesma forma que você estava em seu útero... Você precisa encontrar alguns espaços, quando você simplesmente fecha seus olhos e vai além da sociedade, volta-se para si mesmo, em seu próprio útero - esse é o significado da meditação. A sociedade está presente; você apenas fecha seus olhos, esquece a sociedade e torna-se sozinho.

Ali não há regras, nenhuma personalidade é necessária, nenhuma moralidade, nenhuma palavra, nenhuma linguagem. Você pode ser desprendido e natural em seu interior.

Amplie essa condição de desprendimento e naturalidade. Mesmo que haja necessidade de disciplina exterior, você pode permanecer indomado em seu interior. Se uma pessoa pode permanecer livre em seu interior e ainda praticar o que é necessário na sociedade, então logo ela pode chegar ao ponto da transcendência.

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