Enquanto respira suavemente buscando
equilibrar pensamentos e sentimentos – harmonizando o seu ser - observe os
movimentos da sua mente.
Mente é ilusão, aquilo que não é, mas
aparenta ser, e aparenta tanto que você pensa que é a mente. Mente é apenas um
sonho, uma projeção, uma bolha de sabão flutuando no ar.
Perceba... Os raios do sol penetram na
bolha, um arco íris é criado, mas não há nada ali. Quando você toca a bolha,
ela estoura e tudo desaparece – o arco íris, a beleza. Nada resta. Apenas o
vazio infinito. Existia apenas uma bolha.
Sua mente é apenas uma bolha – dentro,
o seu vazio; fora, o meu vazio. Apenas uma bolha. Fure-a, e a mente desaparece.
Algumas pessoas dizem que gostariam de
atingir um estado silencioso da mente. Pensam que a mente pode ser
silenciosa... Mas a mente nunca pode ser silenciosa, pois mente significa
tumulto, doença, mal. Mente significa o estado tenso, angustiado.
A mente não pode ser silenciosa.
Quando há silêncio, não há mente. Quando o silêncio vem a mente desaparece. E
quando a mente existe, o silêncio não existe mais. Por isso não pode haver uma
mente silenciosa, assim como não pode haver uma doença saudável. Quando existe
saúde a doença desaparece. O silêncio é a saúde interna e a mente é a doença
interna – o distúrbio interno.
Portanto, não pode haver uma mente
silenciosa – abandone essa ilusão. É como se você estivesse pensando em
percorrer o arco íris, e me perguntasse: Que passos devo dar para percorrer o
arco íris? Eu diria: Não há arco íris. Ele é apenas uma aparência. Um arco íris
apenas parece existir. Ele não existe; É uma falsa interpretação da realidade.
A mente não é a sua realidade – Você
não é a mente, nunca foi e nunca poderá ser a mente. Esse é o problema. Você se
identificou com algo que não existe. Você é como um mendigo que acredita
possuir um reino. E fica muito preocupado com esse reino, em como
administrá-lo, em como prevenir uma anarquia. Não existe nenhum reino, mas o
mendigo está preocupado.
Certa vez, o mestre zen (Chuang Tzu)
sonhou que tinha se tornado uma borboleta. De manhã, ele ficou muito deprimido.
Seus amigos lhe perguntaram: o que aconteceu? Nunca o vimos tão deprimido. Chuang
Tzu disse: Estou num dilema, não sei o que fazer, não posso entender. Durante a
noite, enquanto dormia, sonhei que me tornara uma borboleta. Os amigos riram e
disseram: Não é preciso ficar perturbado por causa de um sonho. Quando você
acordou o sonho desapareceu, então, por que preocupar-se? O mestre disse: Não é
esse o problema. Agora estou confuso. Se Chuang Tzu pode tornar-se uma
borboleta no sonho, também é possível que, agora, a borboleta tenha ido dormir
e esteja sonhando que é Chuang Tzu.
Se Chaung Tzu pode tornar-se uma
borboleta no sonho, por que não o contrário? A borboleta pode sonhar e
tornar-se Chuang Tzu. Então, qual é o real – Chuang Tzu sonhando que é uma
borboleta ou a borboleta sonhando que é Chuang Tzu?
Qual é o real? O arco íris está lá.
Você pode tornar-se uma borboleta no sonho. E você torna-se uma mente neste
sonho maior, que você chama de vida. Quando você acordar verdadeiramente, não
alcançará um estado desperto da mente; alcançará a não mente.
E o que significa não mente? É difícil
entender, mas às vezes, sem saber, você alcança esse estado, mesmo que não
reconheça. Algumas vezes, estando apenas sentado, sem fazer nada, a mente fica
sem pensamentos. E quando não há pensamentos, onde está a mente? Quando não há
pensamentos, não há mente, pois ela é justamente o processo de pensar.
A mente é exatamente como uma
multidão; os pensamentos são os indivíduos. Elimine cada pensamento, cada
indivíduo e, no final, nada restará. Perceba, não existe mente como tal, apenas
pensamentos. Mas eles se movem tão depressa, que você não pode ver o intervalo
entre dois pensamentos. Mas o intervalo existe sempre. E você é justamente esse
intervalo.
Nesse intervalo não há nem Chaung Tzu,
nem a borboleta. Borboleta é uma combinação de pensamentos, Chuang Tzu, outra
combinação diferente, mas ambas são mentes.
Quando não existe mente, quem é você? Chuang Tzu ou Borboleta¿ Nenhum dos dois. Então, entre dois pensamentos, tente
ficar alerta. Olhe para o intervalo, para o espaço entre os pensamentos... Você
verá a não-mente. Essa é a sua natureza. Os pensamentos são acidentais – eles
vêm e vão, mas esse espaço interior permanece sempre. As nuvens se juntam e
desaparecem, são acidentais, mas o céu permanece.
Você é o céu.
Aprofunde-se no silêncio... Tudo
aquilo que vem e vai – como os pensamentos – é irrelevante. Não se preocupe com
isso: é apenas fumaça. O céu que permanece eternamente não muda nunca, nunca é
diferente. Entre dois pensamentos, penetre nesse céu. Entre dois pensamentos, o
céu está sempre ali. Olhe para ele e, de repente, você perceberá que está na
não mente.
Que bom que retornou as reflexões, tão importante!
ResponderExcluirUma magnífica reflexão. O silêncio, o bom companheiro. Luz e paz. Abs
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