E
Osho diz:
O
caminho está bem diante de seus olhos
O problema é que seus olhos não estão
diante do caminho – seus olhos estão fechados, fechados de modo muito sutil.
Milhões de pensamentos o estão fechando, milhões de sonhos estão pairando sobre
eles; tudo o que você vê está ali, tudo o que você pensou está ali. E você já
viveu muito – muitas vidas, e você já pensou muito, e tudo está acumulado em
seus olhos. Mas, como não se pode ver pensamentos, você acha que seus olhos
estão cristalinos. Mas a clareza não está lá. Milhões de camadas de pensamentos
e de sonhos estão em seus olhos. O caminho está bem diante de você. Tudo o que
existe está bem diante de você. O problema é que você não está aqui. Você não
está naquele momento de quietude em que os olhos estão totalmente vazios, sem
nuvens, e você vê, e você vê aquilo que existe.
Então, a primeira coisa a ser
entendida é: como conseguir essa clareza no olhar? Como tornar os olhos vazios,
de modo que eles possam refletir a verdade? Como não viver continuamente numa
corrida louca interiormente, como não viver continuamente pensando e pensando e
pensando, como relaxar o pensamento? Tente entender... Quando o pensamento não
existe, a visão acontece; quando o pensamento existe, você vive interpretando e
se equivocando.
Então, não seja um intérprete da
realidade, seja um visionário. Não pense, veja!
O que fazer? Sempre que você olhar,
seja simplesmente o olhar. Experimente. Vai ser difícil, difícil só porque é um
velho hábito. Mas tente. Acontece. Aconteceu com muitos, por que não com você? Você não é exceção. A lei universal está tão disponível para você como para um
buda ou a qualquer um. Basta fazer um leve esforço.
Você vê uma flor, por exemplo: então
simplesmente a veja, não diga nada. O rio está fluindo: sente-se na margem e
veja o rio, mas não diga nada. As nuvens estão se movendo no céu: deite-se no
chão e veja, e não diga nada. Só não verbalize!
Esse é o hábito mais profundo que
temos, o de verbalizar; e esse é todo o seu treinamento – saltar imediatamente
da realidade para as palavras, começar imediatamente a traduzir em palavras:
‘Que bela flor”! “Que belo pôr do sol”! Se é bonito, deixe que seja bonito! Por
que mencionar essa palavra? Se algo é bonito, você acha que a sua palavra
“belo” irá torna-lo mais bonito? Pelo contrário, você perdeu um momento de
êxtase. A verbalização interferiu. Antes que você pudesse ter visto, você se
moveu, passou a devanear interiormente. E se você for muito longe nessa
divagação, você fica louco.
Vamos entender... O que é um louco? É
aquele que nunca vem para a realidade, que sempre divaga em seu próprio mundo
de palavras – e ele foi tão longe em sua divagação que você não pode trazê-lo
de volta. Ele não está com a realidade, mas você está com a realidade? Você
também não está – você vive sonhando, desejando, vive se distraindo com seus
pensamentos... Você nunca está habitando o momento presente. Estou errado? Então podemos dizer que a diferença é apenas de grau. Um louco divagou para
muito longe, você nunca divagou para tão longe – apenas na vizinhança – e você
sempre volta e novamente toca a realidade e vai novamente.
Você apenas toca a realidade, mas essa
raiz é muito frágil e a qualquer momento ela pode ser quebrada – a mulher
morre, o marido a abandona, você vai a falência – e aquela raiz frágil se
quebra. Então você passa a divagar e divagar; então não há volta, então você
nunca toca a realidade realmente. Esse é o estado do louco, e o homem normal é
diferente apenas em grau.
E qual é o estado de um buda, de um
iluminado, de um homem desperto, de entendimento, de consciência? Ele está
profundamente enraizado na realidade, ele nunca se afasta dela ao divagar –
exatamente o oposto de um louco.
Então perceba... Você está no meio. A
partir desse meio, ou você pode mover-se na direção de ser um louco –
movendo-se continuamente para o passado ou futuro -, ou você pode mover-se na
direção de ser um buda – permanecendo presente, no momento presente. Depende de
você. Não dê muita energia aos pensamentos, isso é suicida; você está
envenenando a si mesmo. Sempre que os pensamentos começam, se forem
desnecessários – e noventa e nove por cento deles são desnecessários –
imediatamente volte a realidade. E qualquer coisa vai ajudar: até mesmo o toque
na cadeira onde você está sentado, ou o toque na cama onde você está deitado.
Sinta o toque – porque é mais real do que os seus pensamentos a respeito de
Deus, porque o toque é uma coisa real.
Toque aquilo, sinta o toque, seja o
toque, fique no aqui e agora. Você está comendo? Saboreie bem a comida, o
sabor. Cheire-a bem, mastigue-a bem – você está mastigando a realidade! Não
fique perdido em pensamentos. Você está tomando banho? Divirta-se! A água está
caindo em você? Sinta-a! Torne-se mais e mais um centro de sentimentos em vez
de um centro de pensamentos.
E sim, o caminho está bem diante dos
seus olhos. Mas o sentimento não é muito permitido. A sociedade vê você como um
ser que pensa e não como um ser que sente, porque o sentimento é imprevisível,
ninguém sabe aonde ele vai levar, e a sociedade não pode deixar você por conta
própria. Ela lhe dá todos os pensamentos: todas as escolas, colégios e
universidades existem como centros para treiná-lo para o pensamento, a
verbalizar mais. E quanto mais palavras você tem, mais talentoso você é
considerado; quanto mais articulado você é com as palavras, mais educado você é
considerado. E não vou lhe enganar... Será difícil, porque trinta, quarenta,
cinquenta, sessenta anos de treinamento... Mas quanto mais cedo você iniciar, melhor.
Então... Volte para a realidade.
Ótimo texto, gostei muito!
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