1 de dez. de 2014

O poder do vazio


Hoje falaremos um pouco sobre o poder do vazio...
Aconteceu de um homem muito rico morrer e no mesmo dia um mendigo da cidade também morrer. O nome do mendigo era Lázaro. O homem rico foi diretamente para o inferno e Lázaro, diretamente para o céu. O homem rico olhou para cima e viu Lázaro sentado perto de Deus; então gritou para o céu: “Parece que houve um engano. Eu deveria estar aí e esse mendigo Lázaro deveria estar aqui!”
Deus sorriu e disse: “Aqueles que são os últimos serão os primeiros, e aqueles que são os primeiros serão os últimos. Você já usufruiu o primeiro lugar por tempo suficiente, agora vamos deixar Lázaro de divertir um pouco”.
E o homem rico estava se sentindo muito quente – é claro que no inferno ninguém tem ar condicionado. Ele estava sentindo muita sede e não havia água. Assim, gritou novamente e disse: “Deus, por favor, pelo menos mande Lázaro com um pouco d’água, estou com muita sede”.
E Deus disse: “Lázaro ficou com sede muitas vezes, moribundo em sua porta, e você nunca lhe deu nada. Ele estava morrendo de fome à sua porta e havia banquetes todos os dias, e muitos eram convidados, mas ele sempre era escorraçado por seus servos, porque os convidados estavam chegando, convidados poderosos, políticos, homens ricos, e um mendigo ali ia parecer estranho. Seus servos o afugentavam e ele tinha fome, e as pessoas que eram convidadas não estavam com fome. Você nunca olhou para Lázaro. Agora é impossível”.
Tente perceber... Neste mundo, como existem egos, todas as avaliações pertencem ao ego. No outro mundo, na outra dimensão, a avaliação pertence aos destituídos de ego. Por isso a ênfase de Buda no não eu, anatta. Buda disse: Não acredite nem mesmo em “Eu sou uma alma” ou em “Eu sou o eu supremo”. Não diga nem isso, porque o “eu” é muito traiçoeiro. Ele pode enganá-lo. Ele o enganou por muitas vidas. Basta dizer: “Eu não sou eu” e permanecer neste estado de não ser; permaneça nesse nada – torne-se vazio de si mesmo.
A pessoa tem que se desvencilhar do eu. Depois que o eu é deixado para trás, nada fica faltando. Você começa a transbordar e flores começam a se derramar sobre você.

Procure perceber o poder do vazio...
... Ficando vazio! Você não conhece o poder do vazio. Você não sabe o poder que tem estar totalmente ausente de si. Você só conhece a pobreza do ego.
Mas tente entender. Com o ego você já se sentiu realmente poderoso? Não... Com o ego você sempre se sente impotente. É por isso que o ego diz: “Torne o seu império um pouco maior para você se sentir poderoso. Não, esta casa não vai ser suficiente, é preciso uma casa maior; não, este saldo bancário não vai ser suficiente, é preciso um saldo maior; não, esse tanto de fama não vai ser suficiente, um pouco mais”.
O ego sempre pede mais. Por quê? Se ele é poderoso, por que continua pedindo mais? O próprio anseio por mais revela, mostra, que o ego se sente impotente.
Nada vai ser suficiente para o ego. Tudo só prova que você é impotente, não tem poder nenhum. Quanto mais poder você adquire, mais impotente você se sente, em contraste. Quanto mais rico você se torna, mais pobre se sente; Quanto mais saúde tiver, mais medo da morte; O oposto está virando à esquina e, se você tiver um pouco de compreensão, o contrário vai alcançá-lo. Quanto mais belo você for, mais vai sentir a sua feiura interior.
O ego nunca se sente poderoso. Ele só sonha com poder, pensa em poder, contempla o poder – mas esses são simplesmente sonhos e nada mais. E sonhos existem apenas para esconder a impotência que está dentro de você.
Mas ninguém percebe isso, porque ele continua pedindo mais. Antes que você tome consciência, ele empurra você cada vez mais em direção a algum lugar. O objetivo está sempre em algum lugar perto do horizonte. Mas o horizonte é uma ilusão, todos os objetivos do ego são apenas ilusões.
É isso o que está acontecendo com todo mundo: seu poder permanece nos sonhos, você permanece impotente. A verdade é exatamente o oposto: quando você não busca, a coisa vem; quando você não pede, lhe é dado; quando você não almeja, acontece; quando você não busca o horizonte, de repente, percebe que ele sempre foi seu – só que você nunca o viveu.
Ele está lá dentro, e você procura fora. Está dentro de você e você vive sem. E você fica procurando daqui e dali, como um mendigo.

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