Ramakrishna |
Sutra:
Assim
como vento não estremece uma montanha.
Nem
elogios nem censuras movem o homem sábio.
Tente entender: Ser sábio não é ser
instruído. “Ser sábio” quer dizer “dar-se conta de algo da sua consciência –
primeiramente dentro e, depois, fora: sentir a pulsação da vida dentro de você
e, depois, fora. Para perceber essa consciência misteriosa que você é,
primeiramente é preciso vive-la no âmago mais íntimo do próprio ser, porque
essa é a porta mais próxima da consciência universal.
Uma vez que você a tenha conhecido
dentro, não é difícil conhece-la fora. Mas lembre-se: o sábio jamais acumula
conhecimento – sua sabedoria é espontânea. O conhecimento sempre pertence ao
passado, a sabedoria pertence ao presente.
Lembre-se dessas distinções. A menos
que você compreenda muito claramente a diferença entre conhecimento e
sabedoria, você não será capaz de compreender esses sutras de Gautama, o Buda.
E eles são tremendamente importantes.
O conhecimento satisfaz o ego; a
sabedoria destrói o ego completamente – por isso as pessoas buscam
conhecimento. É muito raro encontrar um buscador que não esteja interessado em
conhecimento, mas que esteja comprometido com a sabedoria.
“Conhecimento” quer dizer “teorias
sobre a verdade”; “Sabedoria” quer dizer “a verdade em si”. Conhecimento quer
dizer crença. E todas as crenças são falsas! Nenhuma crença jamais é
verdadeira. Mesmo que você creia nas palavras de Buda, no momento em que você
crê, ela vira uma mentira.
Não se pode “acreditar” na verdade: ou
você conhece ou você não conhece. Se você conhece, não há nenhuma questão de
crença; se você não conhece, novamente não há nenhuma questão de crença. Se
você conhece, você conhece, se você não conhece, não conhece.
Crença é uma projeção da mente
trapaceira – ela lhe dá a sensação de saber, sem saber. Você pode facilmente
acreditar em Deus, você pode facilmente acreditar na imortalidade da alma, você
pode facilmente acreditar na teoria da reencarnação.
Na verdade, essas coisas ficam
simplesmente na superfície: lá no fundo, você não é afetado por elas, de modo
algum. Quando a morte bater à sua porta, você saberá que suas crenças todas
desapareceram. A crença na imortalidade da alma não o ajudará quando a morte
bater à sua porta – você vai lamentar e chorar e irá se apegar à vida. Quando a
morte chega, você se esquece de tudo sobre Deus; você não será capaz de se
lembrar das complicadas implicações da teoria da reencarnação. Quando a morte
bate à porta, ela derruba toda a estrutura de conhecimento que você construiu
ao seu redor. Ela o deixa absolutamente vazio... – e com a consciência de que
toda a vida foi um desperdício.
Sabedoria é um fenômeno totalmente
diferente. Trata-se de uma experiência, não de uma crença. Ela é experiência
existencial, não é “sobre”. Você não acredita em Deus – você conhece Deus. Você
não acredita na imortalidade da alma, você a saboreou. Você não acredita em
reencarnação – você se lembra de que teve muitos corpos: de que foi uma pedra,
de que foi uma árvore, de que foi animais, pássaros, de que foi homem, uma
mulher... De que viveu de tantas formas! Você vê que somente a superfície muda:
o essencial é eterno.
Isso é ver, não acreditar. E todos os
mestres verdadeiros estão interessados em ajuda-lo a ver, não a torna-lo
crente. Para acreditar, você se torna um cristão, um hindu, um muçulmano. A
crença é a profissão do sacerdote.
A sabedoria surge dentro de você, ela
não é uma escritura. E nesse estado, você começa a ler a sua própria
consciência – e lá estão escondidas todas as Bíblias, todos os Gitas e todos os
Dhammapadas.
·
Nesse
momento, olhe dentro e perceba quanta crença você está carregando – quanto peso
desnecessário... Porque desse conhecimento emprestado quanto você realmente
vivenciou?
Então não acredite, busque a verdade.
Porque só a verdade o libertará de todos os medos
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