15 de ago. de 2013

A alma esticada faz música



Certa noite fizeram uma pergunta a Osho:
Osho, eu quero rezar a Deus. Por favor, você poderia me ensinar a maneira?
E Osho disse:

Por favor, não aborreça Deus, ele tem os seus próprios problemas. Mantenha seus problemas para si. Deus não necessita de suas orações. Você pode estar necessitando dessas orações, mas elas não são nada mais que vocalização de seus desejos, seus pedidos, expressões de suas reclamações.
Isso é o que as pessoas fazem em nome de oração – mendigam o tempo todo, reclamam o tempo todo dizendo: “As coisas não deveriam ser assim” – perceba... Tentando ajudar Deus a ser mais sábio.
Não, essa oração não é necessária. O que é necessário, nesse primeiro momento, é a meditação. A meditação não faz nenhuma referência a Deus. A meditação transforma você. E, além disso, você não conhece Deus. Como rezar para algo desconhecido? A oração pressupõe uma exigência básica, que você deveria conhecer, só então pode rezar; você deveria conhecer, só então pode amar. Como você pode amar um Deus desconhecido? Sua oração será formal, não será nada mais que um clichê.
A meditação é uma dimensão totalmente diferente. Kabir sugere a meditação. Buda sugeriu a meditação. A meditação é uma aproximação diferente: não tem nada a ver com Deus, ela tem algo a ver com você, com sua mente. Ela deve criar um silêncio dentro de você, um silêncio absoluto e profundo. Nesse silêncio absoluto você começa a sentir a presença de Deus.
A oração é uma consequência da meditação real. Só quem medita pode rezar, porque ele conhece, porque ele sente; porque agora a presença de Deus não é apenas um argumento, mas algo experienciado, algo vivido.
Deixe a oração vir depois da meditação. A meditação preparará seu coração, irá limpá-lo. Limpá-lo de seus pensamentos, jogará fora todo lixo que você tem carregado em sua cabeça há séculos; ela abrirá espaço para a oração acontecer.
A meditação é como preparar a terra para uma roseira; a oração é uma rosa. Primeiro você deve preparar a terra, deve remover as ervas daninhas, deve mudar o solo, deve jogar fora todas as pedras. E só em um terreno preparado você poderá plantar as rosas.
Primeiro prepare o terreno, então, a oração acontecerá naturalmente. A oração é algo que você não pode fazer. A meditação é algo que você pode fazer porque tem algo a ver com sua mente. A oração tem algo a ver com Deus.
A meditação significa um silêncio sem pensamentos, uma consciência sem pensamentos, significa paz. E quando aquela paz estiver ali, um dia a oração acontece. Você simplesmente vê um botão se abrindo em seu ser, seu coração se torna uma flor e há muita fragrância. Essa fragrância é a oração. Você se inclina. Agora Deus não está mais muito distante, ele está muito perto – você é atravessado por sua floração.
Primeiro você tem que fazer um grande trabalho sobre si mesmo – esqueça a oração. Interesse-se completamente por uma coisa: como abandonar a mente. No abandonar a mente está tudo - a oração surgirá. A oração é uma consequência.
Os místicos orientais são muito claros: de Patanjali a Krishnamurti, todos eles ensinam a meditação. E a razão é que o trabalho tem a ver com a mente humana.
Quando você está em silêncio, ouve aquela pequena e silenciosa voz dentro de seu coração. Na verdade, o diálogo é sempre iniciado por Deus, do outro lado. Você não pode começar o diálogo, você só pode ser receptivo; de seu lado, é necessária uma grande receptividade.
Você só precisa de um coração silencioso que pode ouvir o chamado de Deus. Ele o está chamando, você não precisa chama-lo. Apenas esteja em receptividade profunda. É isso que a meditação faz: o torna receptivo. E nessa receptividade você começa a ouvir Deus falando com você.
A oração real é quando Deus fala com você, a oração irreal é quando você fala com Deus.

Volte sua atenção para dentro e silencie todo o seu ser.

3 comentários:

  1. A alma esticada faz música: de que livro você tirou esse texto? Ele é muito profundo!

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  2. Boa noite.
    Esse texto faz parte do livro "A Revolução - conversas sobre Kabir" (págs. 50-53)
    Editora Academia
    Boa leitura

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