Certa noite fizeram
uma pergunta a Osho:
Osho,
eu quero rezar a Deus. Por favor, você poderia me ensinar a maneira?
E
Osho disse:
Por favor, não aborreça Deus, ele tem
os seus próprios problemas. Mantenha seus problemas para si. Deus não necessita
de suas orações. Você pode estar necessitando dessas orações, mas elas não são
nada mais que vocalização de seus desejos, seus pedidos, expressões de suas
reclamações.
Isso é o que as pessoas fazem em nome
de oração – mendigam o tempo todo, reclamam o tempo todo dizendo: “As coisas
não deveriam ser assim” – perceba... Tentando ajudar Deus a ser mais sábio.
Não, essa oração não é necessária. O
que é necessário, nesse primeiro momento, é a meditação. A meditação não faz
nenhuma referência a Deus. A meditação transforma você. E, além disso, você não
conhece Deus. Como rezar para algo desconhecido? A oração pressupõe uma
exigência básica, que você deveria conhecer, só então pode rezar; você deveria
conhecer, só então pode amar. Como você pode amar um Deus desconhecido? Sua
oração será formal, não será nada mais que um clichê.
A meditação é uma dimensão totalmente
diferente. Kabir sugere a meditação. Buda sugeriu a meditação. A meditação é
uma aproximação diferente: não tem nada a ver com Deus, ela tem algo a ver com
você, com sua mente. Ela deve criar um silêncio dentro de você, um silêncio
absoluto e profundo. Nesse silêncio absoluto você começa a sentir a presença de
Deus.
A oração é uma consequência da
meditação real. Só quem medita pode rezar, porque ele conhece, porque ele
sente; porque agora a presença de Deus não é apenas um argumento, mas algo
experienciado, algo vivido.
Deixe a oração vir depois da meditação.
A meditação preparará seu coração, irá limpá-lo. Limpá-lo de seus pensamentos,
jogará fora todo lixo que você tem carregado em sua cabeça há séculos; ela
abrirá espaço para a oração acontecer.
A meditação é como preparar a terra
para uma roseira; a oração é uma rosa. Primeiro você deve preparar a terra,
deve remover as ervas daninhas, deve mudar o solo, deve jogar fora todas as
pedras. E só em um terreno preparado você poderá plantar as rosas.
Primeiro prepare o terreno, então, a
oração acontecerá naturalmente. A oração é algo que você não pode fazer. A
meditação é algo que você pode fazer porque tem algo a ver com sua mente. A
oração tem algo a ver com Deus.
A meditação significa um silêncio sem
pensamentos, uma consciência sem pensamentos, significa paz. E quando aquela
paz estiver ali, um dia a oração acontece. Você simplesmente vê um botão se
abrindo em seu ser, seu coração se torna uma flor e há muita fragrância. Essa
fragrância é a oração. Você se inclina. Agora Deus não está mais muito
distante, ele está muito perto – você é atravessado por sua floração.
Primeiro você tem que fazer um grande
trabalho sobre si mesmo – esqueça a oração. Interesse-se completamente por uma
coisa: como abandonar a mente. No abandonar a mente está tudo - a oração surgirá.
A oração é uma consequência.
Os místicos orientais são muito
claros: de Patanjali a Krishnamurti, todos eles ensinam a meditação. E a razão
é que o trabalho tem a ver com a mente humana.
Quando você está em silêncio, ouve
aquela pequena e silenciosa voz dentro de seu coração. Na verdade, o diálogo é
sempre iniciado por Deus, do outro lado. Você não pode começar o diálogo, você
só pode ser receptivo; de seu lado, é necessária uma grande receptividade.
Você só precisa de um coração
silencioso que pode ouvir o chamado de Deus. Ele o está chamando, você não
precisa chama-lo. Apenas esteja em receptividade profunda. É isso que a meditação
faz: o torna receptivo. E nessa receptividade você começa a ouvir Deus falando
com você.
A oração real é quando Deus fala com
você, a oração irreal é quando você fala com Deus.
Volte sua atenção para dentro e
silencie todo o seu ser.
Reflexão profunda! obrigado!
ResponderExcluirA alma esticada faz música: de que livro você tirou esse texto? Ele é muito profundo!
ResponderExcluirBoa noite.
ResponderExcluirEsse texto faz parte do livro "A Revolução - conversas sobre Kabir" (págs. 50-53)
Editora Academia
Boa leitura