Buda
inspirou um grande número de pessoas a se tornarem saniassins – renunciados. O
próprio Buda viveu uma vida ascética – doutrina que se baseia no desprezo do corpo
e das sensações físicas. Essa vida monástica parece ser o outro extremo da vida
mundana. Isso não parece ser o caminho do meio. Como explicar?
Será difícil de entender se você não
está ciente de qual é o outro extremo da vida mundana.
O outro extremo da vida é sempre a
morte. Até mesmo agora, no presente, há pensadores que dizem que a vida é
absurda. Se a vida como tal é sem sentido, então, a morte se torna
significativa. Vida e morte são polos opostos, assim, o oposto da vida é a
morte. Tente entender isso. E será útil para você descobrir o caminho para si
mesmo.
Freud depois de quarenta anos de
constante trabalho com a mente humana, chegou à conclusão de que o homem, como
ele é, não pode ser feliz. A própria maneira da mente funcionar cria a miséria.
Se você ajustar a sua mente, você será menos miserável, isso é tudo Isso parece
muito sem esperança.
Os existencialistas – Sartre, Camus e
outros – dizem que a vida nunca pode ser bem aventurada. A própria natureza da
vida é apreensão, angústia, sofrimento.
O caminho de Buda era o do meio. Buda
disse: nem a morte, nem a vida. Isso é o que significa sânias: nem apego à
vida, nem repulsa, mas, simplesmente, estar no meio.
Assim, Buda diz que sânias é estar
exatamente no meio – não é negação da vida. Ao contrário, sânias é negação de
ambas, vida e morte. Quando você não está preocupado nem com a vida nem com a
morte, então, você se tornou um saniássin – um renunciado.
Se você pode ver os polos opostos de
vida e morte, então, a iniciação de Buda é apenas uma iniciação no caminho do
meio.
“Se a vida é uma miséria” – a mente
diz-, “então, mova-se para o outro extremo”. A vida é uma miséria, porque você
está no extremo. A vida é uma miséria porque ela está num extremo e a morte
também será uma miséria, porque ela está no outro extremo.
Bem aventurança está exatamente no
meio, bem aventurança é equilíbrio, nem se inclinando para a direita, nem para
a esquerda; exatamente no meio – em silêncio, sem se mover, não escolhendo nem
isto, nem aquilo, em uma não escolha, permanecendo no centro.
Assim, a escolha é a miséria. Se você
escolhe a morte, você escolheu miséria; se você escolhe a vida, você escolheu
miséria, porque vida e morte são dois extremos.
Se você escolher um, você terá de ir
contra o outro pólo. Isso cria miséria. No momento em que você escolhe vida,
você escolheu morte. Isso cria miséria. Perceba.. Se você escolheu felicidade,
simultaneamente, sem o seu conhecimento, você escolheu a infelicidade, porque
isso é parte dela.
Se você escolheu amor, então, você escolheu
ódio. E aquele que escolher o amor sofrerá, porque, então, ele odiará – e
quando ele vier para o ódio ele sofrerá.
Não escolha, esteja no meio, no meio
está a verdade. Em um extremo está a morte, no outro extremo está a vida. Mas
essa energia se movendo entre os dois, no meio, é a verdade. Não escolha,
porque escolha significa escolha de uma coisa contra outra coisa. Estar no meio
significa estar sem escolhas. Então, você abandonará a coisa toda. E quando
você não escolheu você não pode se tornar miserável.
O homem se torna miserável através da
escolha. Não escolha. Simplesmente seja! Isso é árduo, parece impossível – mas
tente. Sempre que você tiver dois opostos, tente ficar no meio. Em pouco tempo,
você conhecerá a sensação, e uma vez que você conheça a sensação de como estar
no meio – e isso é uma coisa delicada, muito delicada, a coisa mais delicada da
vida –, uma vez que você tenha a sensação, nada pode perturbá-lo, nada pode fazê-lo
sofrer.
Então, você existe sem sofrimento.
É isso que significa sânias: existir
sem sofrimento. Mas para existir sem sofrimento, você tem que existir sem
escolha; assim, permaneça no meio. E foi Buda quem tentou pela primeira vez,
muito conscientemente, criar um caminho para se viver sempre no meio.
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