A vida é o viver
– é um processo.
Não há maneira
de atingir a vida exceto vivendo-a, exceto estando vivo, fluindo, jorrando com
ela. Se você está buscando o significado da vida em algum dogma, em alguma
filosofia, em alguma teologia, essa é a maneira certa de perder tanto a vida
quanto o significado.
A vida não está
em algum lugar esperando por você, ela está acontecendo em você. Não está no
futuro como um objetivo a ser alcançado; está aqui agora, neste exato momento –
na sua respiração, circulando no seu sangue, batendo no seu coração.
Então a pergunta
fundamental aqui é: Quem é você? Mas você precisa saber quais são os seus
desejos, as suas vontades, as suas ambições.
Se você é um
ego, então evidentemente você quer dinheiro, poder, prestígio. Então você
estará em luta constante com outras pessoas, você será competitivo – ambição
significa competição. Você estará continuamente em competição furiosa com os
outros e eles estarão em competição furiosa com você.
Então a vida se
torna o que diz Charles Darwin, a sobrevivência do mais adaptado. Mas na
verdade, seu uso da palavra “mais bem adaptado” não é correto. O que ele
realmente quer dizer com “o mais bem adaptado” é o mais sagaz, o mais parecido
com o animal, o mais obstinado, o mais feio.
Porque Charles
Darwin não dirá que Buda é o mais bem adaptado, ou que Jesus ou Sócrates são os
mais bem adaptados. Essas pessoas foram mortas tão facilmente, e as pessoas que
os mataram sobreviveram.
Podemos dizer,
então, que o uso de Darwin das palavras “mais bem adaptado” foi infeliz.
Mas vamos
voltar... Se você está vivendo no ego, então sua vida será uma luta; será
violenta, agressiva. Você vai criar infelicidade para os outros e infelicidade
para você porque uma vida de conflito não pode ser nada além de uma vida de
conflito.
Portanto, tudo
depende de você, de quem é você.
Se você não se
conhece está vivendo na inconsciência, e uma vida de inconsciência só pode ser
uma vida de equívocos – você pode escutar Buda, você pode escutar Jesus, mas
você irá interpretar segundo a sua própria inconsciência – você irá interpretar
mal.
Se você está
identificado com o corpo, então seus desejos serão diferentes; então o alimento
e o sexo serão suas únicas vontades; seus únicos desejos. Estes dois são
desejos animais, os mais primários.
Gostaria de
lembrar que não os estou condenando por chama-los os mais primários; não os
estou avaliando. Estou apenas estabelecendo um fato. Eles estão no degrau mais
baixo da escada. O corpo é muito limitado; tem preocupações simples – alimento
e sexo – e para ele nada mais existe.
Mas se você está
identificado com a mente, a mente tem muitas dimensões e seus desejos serão
diferentes: música, dança, poesia, e mais milhares de coisas.
Agora, se você
está identificado com o coração, então seus desejos serão de uma natureza mais
elevada, mais elevada do que a mente.
Portanto,
depende de onde você está fixado: no corpo, na mente, no coração. Estes são os
três locais mais importantes a partir de onde uma pessoa pode funcionar.
Mas há também um
quarto espaço em você – no Oriente é chamado de Turya – o transcendental.
E se você está
consciente da sua transcendentalidade, então todos os desejos desaparecem.
Então você simplesmente existe, sem nenhum desejo, sem nada a ser perguntado, a
ser preenchido. Não há futuro nem passado. Você vive apenas o momento,
totalmente satisfeito, preenchido. No quarto espaço, seu Lótus de mil pétalas
se abre; você se torna divino.
E você terá de
indagar dentro de você – e isso não é muito difícil. Se são os alimentos e o
sexo que absorvem a maior parte da sua energia, então é com o corpo que você
está identificado. Se é algo relacionado com o pensamento, então é com a mente;
se está preocupado com o sentimento, então é com o coração que você está identificado.
Olhe dentro de
você. Onde está exatamente o seu problema?
Investigue,
busque o lugar exato onde você está. Todo desejo é puro desperdício, todo o
querer isso e aquilo é errado, mas se você está identificado com o corpo eu não
posso te dizer isso.
Se você está
identificado com o corpo, vou lhe dizer para passar a ter desejos um pouco mais
elevados, os desejos da mente, e depois para desejos um pouco mais elevados
ainda – os desejos do coração -, e, então, finalmente, para o estado de ausência
de desejo.
É preciso ir
além de todos os desejos; só então há contentamento.
Portanto,
mova-se de desejos inferiores para desejos superiores, de desejos brutos para
desejos mais sutis, depois para o mais sutil, porque do mais sutil o salto para
o não desejo, para a ausência de desejo, é fácil.
A ausência do
desejo é o nirvana – é a cessação do ego e de todos os desejos.
No momento em que
o ego morre, os desejos desaparecem. E estar desprovido de desejos, estar
desprovido do ego, é conhecer a máxima bem aventurança, é conhecer o êxtase
eterno.
Muito bom artigo, muito didático, parabéns!!!
ResponderExcluirQuerido José Augusto. Leia também "Os mistérios de quem sou eu" - é um complemento
ResponderExcluirGrande e querido Osho!
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