26 de jun. de 2011

Métodos e Meditações


"As técnicas são úteis porque são científicas.
Irão poupá-lo de vagar a esmo, de tatear no escuro sem necessidade.
Se não conhecer nenhuma técnica, você levará muito tempo".


As técnicas são úteis
Com a ajuda de um mestre, com técnicas científicas, você pode aproveitar melhor o tempo, as oportunidades e a sua energia.
Algumas vezes, em questão de segundos, você pode crescer muito, de uma forma que nem mesmo em muitas vidas seria possível.
Quando se usa a técnica certa, o crescimento não tem limite. E as técnicas apresentadas aqui foram usadas ao longo de milhares de anos de experiência. Não foram inventadas por um único homem, mas por muitos dentre aqueles que procuravam. E apenas a sua essência é transmitida aqui.
Meditar significa tornar-se uma testemunha. A meditação não é uma técnica! Isso pode confundi-lo um pouco, porque Osho apresenta uma série de técnicas. Ainda assim no sentido mais profundo, a meditação não é uma técnica, é uma compreensão, uma percepção. Contudo você precisa das técnicas, porque está longe dessa compreensão final. Ela está em você, bem no fundo, mas ainda muito longe. Você precisa atingi-la agora mesmo, mas não consegue por causa da sua mente. Seria possível chegar lá agora mesmo e, no entanto, é impossível. As técnicas são um instrumento, servem para criar uma ponte por cima do intervalo.
No princípio, as técnicas são meditações, mas no final você vai rir - as técnicas não são a meditação. A meditação é uma qualidade totalmente de ser e não está relacionada com nenhuma outra coisa. Contudo, ela só acontece no final: não pense que já aconteceu no princípio, do contrário o intervalo não terá sido transposto.

Comece se esforçando
No princípio parecerá que você está se esforçando, já que a mente não consegue fazer nada sem esforço.
Mesmo que haja esforço e ação, será só um mal necessário no princípio. Lembre-se o tempo todo, que é preciso ir além do esforço.
Deve chegar um momento em que nada seja feito pra meditar: basta ficar parado e a meditação acontece. Sentado ou de pé, ela acontece. Sem fazer nada, apenas estando perceptivo, ela acontece.
Todas as técnicas apresentadas servem para ajudá-lo a atingir o momento em que não haverá esforço algum. A transformação e a realização interiores não podem se dar por meio de um esforço, pois o esforço é um tipo de tensão. Se você está se esforçando, não consegue relaxar totalmente; passa a ser o esforço uma barreira.
Tendo isso em mente, com o tempo, esforçando-se, você será capaz de ultrapassar esse estágio.

Primeiro entenda a técnica
A mente é a coisa mais complexa da existência, e também a mais delicada. As técnicas aqui apresentadas baseiam-se em um conhecimento muito profundo da mente humana, a partir de muita experimentação.
Lembre-se do seguinte: não faça nada por conta própria e não misture duas técnicas, porque todas funcionam de maneira diferente, usam bases diferentes. Levam ao mesmo fim, mas usam meios totalmente diferentes. Portanto, não misture duas técnicas, não misture nada: use a técnica da maneira como é apresentada.
Antes de começar a praticar uma técnica, tenha absoluta certeza de ter compreendido como ela funciona. Caso se sinta confuso, é melhor não utilizá-la, porque cada técnica irá provocar uma revolução em você.
Primeiro, tente entender a técnica corretamente. Depois de entendê-la, experimente praticá-la.

O método certo dá resultado
Enquanto as pessoas brincam, suas mentes ficam mais abertas. Se estamos sérios, a mente está fechada. Então brinque com os métodos, eles são simples; não leve nada muito a sério.
Siga este procedimento: primeiro escolha um método. Depois brinque com ele por pelo menos três dias. Se sentir alguma afinidade, se tiver uma sensação de bem estar e uma impressão de que aquele método é para você, então passe a levá-lo a sério. A partir daí, esqueça os outros métodos. Não brinque com eles; mantenha-se focado naquele, pelo menos durante três meses.

Quando abandonar o método
Todos os grandes mestres dizem que um dia é preciso abandonar o método. Quanto mais cedo você fizer isso melhor. No momento em que chegar lá, no momento em que se tornar perceptivo, abandone imediatamente o método.
Se você abandona um remédio, automaticamente começa a se ajustar ao seu próprio ser. A mente se prende às coisas e não permite nunca que você se ajuste ao seu ser. Ela o mantém interessado em algo que você não é.
Quando você não se prende a nada, não há para onde ir. Todos os caminhos foram abandonados: você não pode ir a lugar algum. Os sonhos e desejos desaparecem, não há como se mover. O relaxamento advém naturalmente.
Pense apenas na palavra relaxar. Seja... acomode-se... você está em casa.
Em um momento tudo é fragrância, porém no momento seguinte, você estará procurando por isso, mas nada irá encontrar: já se foi.
No princípio haverá apenas vislumbres> pouco a pouco, eles se tornarão mais palpáveis, vão durar cada vez mais. Lentamente, muito lentamente, vão se fixar para sempre. Antes, contudo, você não deve contar com isso, pois seria um erro.
Quando estiver sentado em meditação, isso acontecerá. Mas passará. Então o que fazer entre as sessões?
Continue a usar o método entre as sessões, mas abandone-o quando estiver mergulhado na meditação. A percepção se purifica cada vez mais, até chegar um momento em que, subitamente, fica totalmente pura: então abandone o método, esqueça o remédio completamente: acomode-se e espere.
No princípio, isso acontecerá por alguns momentos: como uma brisa, você é transportado para outro mundo, para o mundo da não mente. Durante um instante você sabe que sabe, mas é breve. Depois a escuridão retorna e a mente está de volta em todos os seus sonhos, os seus desejos e a sua estupidez.
Por um momento, as nuvens se abriram e você viu o sol.
Depois as nuvens voltaram: tudo é escuridão e o sol sumiu. É até difícil acreditar que o sol existe, é difícil acreditar que o que foi experimentado um momento antes era verdade. Pode ter sido uma fantasia. A mente pode lhe dizer que foi só imaginação.
É tão incrível, parece impossível que isso tenha acontecido com você. Com toda essa estupidez na mente, com todas essas nuvens e escuridão, isso aconteceu com você: ver o sol por um momento. Não parece provável: você deve ter imaginado ou talvez tenha sido um sonho.
Então, entre as sessões, recomece tudo .


Fonte: Livro "Primeira e última liberdade" por Osho (ed. sextante)

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