15 de set. de 2013

Nem aplausos nem reprovação

Ramakrishna

Sutra:
Assim como vento não estremece uma montanha.
Nem elogios nem censuras movem o homem sábio.

Tente entender: Ser sábio não é ser instruído. “Ser sábio” quer dizer “dar-se conta de algo da sua consciência – primeiramente dentro e, depois, fora: sentir a pulsação da vida dentro de você e, depois, fora. Para perceber essa consciência misteriosa que você é, primeiramente é preciso vive-la no âmago mais íntimo do próprio ser, porque essa é a porta mais próxima da consciência universal.
Uma vez que você a tenha conhecido dentro, não é difícil conhece-la fora. Mas lembre-se: o sábio jamais acumula conhecimento – sua sabedoria é espontânea. O conhecimento sempre pertence ao passado, a sabedoria pertence ao presente.
Lembre-se dessas distinções. A menos que você compreenda muito claramente a diferença entre conhecimento e sabedoria, você não será capaz de compreender esses sutras de Gautama, o Buda. E eles são tremendamente importantes.
O conhecimento satisfaz o ego; a sabedoria destrói o ego completamente – por isso as pessoas buscam conhecimento. É muito raro encontrar um buscador que não esteja interessado em conhecimento, mas que esteja comprometido com a sabedoria.
“Conhecimento” quer dizer “teorias sobre a verdade”; “Sabedoria” quer dizer “a verdade em si”. Conhecimento quer dizer crença. E todas as crenças são falsas! Nenhuma crença jamais é verdadeira. Mesmo que você creia nas palavras de Buda, no momento em que você crê, ela vira uma mentira.
Não se pode “acreditar” na verdade: ou você conhece ou você não conhece. Se você conhece, não há nenhuma questão de crença; se você não conhece, novamente não há nenhuma questão de crença. Se você conhece, você conhece, se você não conhece, não conhece.
Crença é uma projeção da mente trapaceira – ela lhe dá a sensação de saber, sem saber. Você pode facilmente acreditar em Deus, você pode facilmente acreditar na imortalidade da alma, você pode facilmente acreditar na teoria da reencarnação.
Na verdade, essas coisas ficam simplesmente na superfície: lá no fundo, você não é afetado por elas, de modo algum. Quando a morte bater à sua porta, você saberá que suas crenças todas desapareceram. A crença na imortalidade da alma não o ajudará quando a morte bater à sua porta – você vai lamentar e chorar e irá se apegar à vida. Quando a morte chega, você se esquece de tudo sobre Deus; você não será capaz de se lembrar das complicadas implicações da teoria da reencarnação. Quando a morte bate à porta, ela derruba toda a estrutura de conhecimento que você construiu ao seu redor. Ela o deixa absolutamente vazio... – e com a consciência de que toda a vida foi um desperdício.
Sabedoria é um fenômeno totalmente diferente. Trata-se de uma experiência, não de uma crença. Ela é experiência existencial, não é “sobre”. Você não acredita em Deus – você conhece Deus. Você não acredita na imortalidade da alma, você a saboreou. Você não acredita em reencarnação – você se lembra de que teve muitos corpos: de que foi uma pedra, de que foi uma árvore, de que foi animais, pássaros, de que foi homem, uma mulher... De que viveu de tantas formas! Você vê que somente a superfície muda: o essencial é eterno.
Isso é ver, não acreditar. E todos os mestres verdadeiros estão interessados em ajuda-lo a ver, não a torna-lo crente. Para acreditar, você se torna um cristão, um hindu, um muçulmano. A crença é a profissão do sacerdote.
A sabedoria surge dentro de você, ela não é uma escritura. E nesse estado, você começa a ler a sua própria consciência – e lá estão escondidas todas as Bíblias, todos os Gitas e todos os Dhammapadas.

·         Nesse momento, olhe dentro e perceba quanta crença você está carregando – quanto peso desnecessário... Porque desse conhecimento emprestado quanto você realmente vivenciou?

Então não acredite, busque a verdade. Porque só a verdade o libertará de todos os medos

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