Hoje
falaremos sobre as experiências de tédio e inquietação.
Sempre que você sente tédio, sente-se também
inquieto. A inquietação é uma indicação do corpo; ele está dizendo: “Afaste-se
daqui, vá para outro lugar, não fique aqui”.
A mente é civilizada, o corpo ainda é
selvagem. A mente é humana, o corpo ainda é animal. A mente é falsa, o corpo é
sincero. A mente sabe as regras e os regulamentos – como se comportar de modo
apropriado – e, por isso, mesmo que você encontre com um chato, você diz:
“Estou tão feliz por te encontrar!” Mas no fundo, se pudesse, você teria virado
as costas.
O tédio é um fenômeno muito
significativo. Só o homem sente tédio, nenhum outro animal. Só o homem se
entedia, porque ele é consciente. A consciência é a causa. Quanto mais sensível
você for, mais alerta estará; quanto mais consciente for, mas entediado ficará.
Quanto mais alerta e mais renovado
você se torna, mais sente quando uma situação é apenas uma repetição, apenas
uma coisa banal.
E sua vida é uma repetição. Todas as
manhãs, você se levanta quase da mesma maneira que tem se levantado a vida
toda. Toma o café da manhã quase do mesmo modo. Vai trabalhar – o mesmo
escritório, as mesmas pessoas, o mesmo trabalho. Depois volta para casa – o
mesmo parceiro ou parceira. É natural se entediar. É muito difícil ver qualquer
novidade nisso – tudo parece velho e coberto de poeira.
O relacionamento também se tornou uma
repetição contínua. Você faz amor, abraça e beija o parceiro ou parceira, mas
agora esses são gestos vazios. O encanto desapareceu há muito tempo. Assim as
pessoas vão fingindo, mas por trás desse fingimento, acumula-se um grande
tédio.
Observe as pessoas andando nas ruas...
Estão morrendo de tédio. Veja os rostos delas – não há aura de prazer. Veja os
olhos – não há brilho de felicidade.
Elas vão do trabalho para casa, da
casa para o trabalho, e aos poucos a vida inteira se torna uma rotina mecânica,
uma constante repetição. E um dia elas morrem... Quase sempre as pessoas morrem
sem jamais ter vivido.
Nesse momento, olhe para dentro e
perceba... Em quantos momentos de sua vida você esteve cheio de brilho, cheio
de esplendor? Você se lembra? Esses momentos são raros. Você pode até sonhar
com esses momentos, imaginar tais momentos, esperar por eles – mas eles nunca
acontecem.
O tédio é a consciência da repetição.
Como os animais não se lembram do passado, não sentem tédio. O búfalo continua
comendo a mesma grama todos os dias, com o mesmo prazer. Você não consegue
fazer isso.
É por isso que as pessoas tentam
mudar. Mudam de casa, compram um carro novo, divorciam-se e começam um novo
caso de amor, mas a coisa sempre se tornará repetitiva, mais cedo ou mais
tarde.
Mudar de lugar, de pessoa, de
parceiro, de casa não serve para nada, pois mais cedo ou mais tarde percebem
que isso é bobagem, pois a mesma coisa vai acontecer com cada mulher, com cada
homem, cada casa, cada carro.
O que fazer, então? Torne-se mais
consciente. Não é uma questão de mudar as situações – transforme seu ser,
torne-se mais consciente. Se você se tornar mais consciente, será capaz de ver
que cada momento é novo.
Ou seja, você não tem consciência – e
assim não sente a repetição – ou tem tanta que, a cada repetição, consegue ver
algo novo. Esses são os dois modos de sair do tédio.
Mudar as coisas externas não vai
ajudar. Aos poucos tudo se assenta, a novidade desaparece, e você não tem
aquela qualidade de consciência que consegue sempre reencontrar o novo.
Para uma mente amortecida, tudo é
velho; para uma mente totalmente viva, não há nada velho sob o sol. Não pode
haver. Tudo está em fluxo. Cada pessoa está em fluxo, como um rio. As pessoas
não são coisas mortas. Como podem ser as mesmas?. Entre o instante que chegou
aqui e o instante que vai embora, muita coisa terá acontecido. Alguns
pensamentos desapareceram de sua mente, outros entraram.
O rio flui continuamente - parece o
mesmo, mas não é.
Além de você não ser o mesmo, tudo
está mudando... Mas é preciso viver no auge da consciência. Viva como um Buda
ou como um búfalo e você não ficará entediado. A escolha é sua. Seja capaz de
se surpreender!
Muito obrigado por esse post, meu nobre.
ResponderExcluirInteressante
ResponderExcluirtexto é do osho?
ResponderExcluirSim Alexandre.
ResponderExcluirVocê encontra o texto na íntegra no livro "A música mais antiga do universo"