30 de mar. de 2013

Sobre o corpo



Procure soltar o seu corpo... O relaxamento do corpo e da mente só acontece quando não há obrigações.
Então, procure se manter sem expectativas, respirando suavemente...
Perceba que a beleza do corpo não está no corpo, mas no hóspede. O corpo é um mero abrigo. Se você se esquece do hóspede, acaba se entregando ao prazer. Se, ao contrário, você reconhece o hóspede, então amar o corpo e celebrá-lo se torna parte da devoção.
Os orientais têm uma visão segundo a qual o corpo não representa tudo: é apenas o começo. Você tem de entrar nele para tomar conhecimento daquilo que foi personificado, daquilo que não é propriamente o corpo.
Os orientais não fazem esforço nenhum para aproveitar a vida, eles simplesmente tiram prazer da vida. Há neles um mistério, um brilho do desconhecido.
Já os ocidentais procuram alimentos naturais, massagens e práticas corporais, na tentativa de criar um significado para suas vidas.
Os orientais, no entanto, alcançaram a felicidade. Eles já a viram dentro de si mesmos. Eles descobriram que a felicidade está lá por meio do amor e da meditação. Por isso, eles tratam o corpo com carinho, porque é o corpo que nos leva aos mais profundos segredos.
A dimensão dos orientais é aqui e agora; a dos ocidentais é em outro lugar – lá, depois; nunca aqui e agora. Os orientais são relaxados; os ocidentais, tensos. O relaxamento aparece quando se está permitindo algo, enquanto a tensão surge quando se está perseguindo algo.
Não por acaso, os ocidentais estão sempre correndo atrás, tentando tirar algo da vida. Mas não conseguem nada, pois o caminho não é esse. Você não pode conquistar a vida; tem de se entregar a ela e ser corajoso o bastante para se deixar derrotar pela vida. No caso, a derrota significa vitória, enquanto o esforço para ser vencedor se traduz em um fracasso total e absoluto.
E há outro aspecto: o homem ocidental é competitivo, leviano e ambicioso. Isso explica porque a cultura e tudo o mais perderam a força, e o reinado do dinheiro se tornou o segmento mais importante da realidade do Ocidente. Não é preciso saber nada sobre literatura antiga, história, religião, filosofia. Nada! Se tiver um robusto saldo bancário, você é uma pessoa importante.
Mesmo quem compra um Van Gogh ou um Picasso não os compra por serem pintores consagrados. Não importa se o quadro está pendurado de cabeça para baixo, até porque é difícil saber, especialmente tratando-se de um Picasso. O que importa é mostrar que você tem dinheiro – o homem ocidental tem a mente mais fútil do mundo.
Os ocidentais estão permanentemente competindo. Os orientais, não. Eles dizem: “Não estamos preocupados com o que os outros estão fazendo; só com quem somos. Não estamos preocupados com o que os outros têm; só com o que temos”.
No instante em que percebemos que a vida pode ser igualmente feliz sem muitas posses, então para que se incomodar com elas¿
Outra diferença brutal entre Ocidente e Oriente: onde termina a vida e onde começa a morte. Para os orientais, a morte não é o fim da vida – muito pelo contrário. Já o homem ocidental tem muito medo da morte. E por isso insiste em tentar qualquer caminho para prolongar a vida.
Isso gera muita angústia e ansiedade. Se você acredita que a morte é o fim de tudo, então viverá uma eterna correria e busca. E como ninguém quer perder nada, tudo tem de ser feito às pressas porque a morte está a caminho.
Os orientais vivem no corpo, amam o corpo e celebram o corpo, mas sabem que dentro dele existe algo que sobreviverá a todas as mortes. Eles conhecem o homem essencial. Sabem que nele existe algo que é eterno, e que nem mesmo o tempo pode destruir. Foi por meio da meditação, do amor e da oração que chegaram a essa percepção. Eles não têm medo da morte porque sabem o que a vida é.
Esse é o entendimento no Oriente: não há necessidade de ir a parte alguma. Mesmo que se passe a vida debaixo de uma árvore, como o Buda. Foi o próprio Deus que veio ter com ele. Ele não ia a parte alguma, estava simplesmente debaixo de sua árvore.
Tudo acontece quando você cria as condições certas. A vida está pronta para acontecer – é só você permitir. A maior barreira é a busca do homem ocidental, a correria em busca de experiências.
De um lado, a busca constante e enlouquecida; de outro, a consciência de que tudo é inútil, de que a morte terminará com tudo.
Ou seja: você continua a perseguir a vida e a vida continua a perseguir você – mas o encontro nunca acontece.
Então, seja... Simplesmente seja, e espere, e seja paciente.

2 comentários:

  1. Namastê Flávio.
    Obrigado por sua participação.
    Todos os textos deste Blog são de palestras do Osho que foram transformadas em livros.

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