13 de jan. de 2013

A torrada está queimada III



Um sábio já dizia:
“Aquele que se contenta consigo fez uma obra inútil”.

... Porque ele ainda está lá, o barco vazio não veio a acontecer ainda, o barco ainda está cheio. O ego está sentado lá, o ego ainda está elevado.

Esse sutra diz:
“O sucesso é o começo do fracasso. A fama é a origem da desgraça.”
Quem pode se libertar do sucesso e da fama, e descer e se perder em meio à massa humana? Esse fluirá como o vazio...
Fique alerta e atento... Esse avançará como a própria vida... Sem nome e sem lar.
É simples e não faz distinção. Aparentemente é um tolo.

É assim que é um sábio – um tolo.

Aparentemente é um tolo. Seus passos não deixam rastro.
Não tem nenhum poder. Nada consegue, não tem reputação.
Como não julga ninguém, ninguém o julga.

Assim é o homem perfeito: Seu barco está vazio.

Perceba... O ego está congelado. O gelo precisa derreter, só então ele pode fluir. Congelado, você tem uma forma – derretido, a forma desaparece.
Congelado, você é alguém em algum lugar, um nome – derretido, o nome some, “ser alguém” desaparece. Você se tornou um nada, sem forma.
Somente quando não está congelado, você flui, e quando flui, você é como a própria vida, porque vida é movimento.
Só a morte é imóvel, só a morte permanece onde está. A vida continua indo, indo, indo – é um fluxo contínuo.
Se você teve sucesso, você está congelado, porque agora você tem medo de derreter – porque se derreter todo o sucesso será perdido. O seu sucesso é parte da sua imobilidade. Se você ficou famoso, você está congelado, agora você não pode derreter. Você tem que proteger, preservar a sua fama, seu respeito, sua reputação.
Você tem que se proteger e tem que permanecer com seu passado. Você não pode avançar para o futuro desconhecido, porque quem sabe? O caminho desconhecido pode levar você a algum lugar onde você perca a fama, perca a reputação.
Então você vai andar só no território que foi mapeado, no conhecido. Você vai andar no círculo da memória, na roda da memória.
A vida nunca anda na trilha de terra batida, ela sempre avança na direção do desconhecido. A todo momento ela está avançando para o desconhecido e, se você tem medo do desconhecido, você está congelado, você morrerá.
A vida não vai esperar por você. Você tem que derreter e só quem não tem fama para proteger, pode avançar com o desconhecido e avançar feliz. Não tem nada a perder.
Assim eram os mendigos de Buda – sem nome, sem abrigo, nada para proteger, nada para preservar. Eles podiam ir a qualquer lugar, assim como as nuvens no céu, sem casa, sem raízes em lugar nenhum, flutuando, sem nenhuma meta, nenhum propósito, nenhum ego.

Esse fluirá invisível,
Avançará como a própria vida
Sem nome e sem lar...

Se estou lhe dando alguma coisa, é uma chave de como não ter sucesso, de como se tornar um despreocupado, como andar por aí sem nome, sem nenhuma meta, de como ser um mendigo.
Um homem destituído de ego – ele é um barco vazio.

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