24 de out. de 2012

Torne-se a carícia


Meditação 10
Torne-se a carícia

Quando acariciada, Doce Princesa, entre na carícia como na vida eterna.

Shiva começa com o amor, porque o amor é o fato mais próximo, na sua experiência, no qual você está relaxado. Se você não pode amar, é impossível relaxar. Se você puder relaxar, sua vida se tornará uma vida amorosa.
Um homem tenso não pode amar. Por quê? Um homem tenso sempre vive com propósitos. Ele pode ganhar dinheiro, mas ele não pode amar, porque o amor é sem propósito.
E a mente que sempre pensa em termos de propósito será tensa, porque o propósito pode somente ser preenchido no futuro, nunca aqui e agora.
O amor está sempre aqui; não há futuro para ele. É por isso que o amor está tão perto da meditação.

Shiva começa com amor. Ele diz: “Quando acariciada, Doce Princesa, entre na carícia como na vida eterna”.

O que isso significa? Muitas coisas! Quando você está sendo amado, o passado cessa, o futuro não existe. Você se move na dimensão do presente. Você se move no agora. Você alguma vez amou alguém? Se você alguma vez já amou alguém, então, você sabe que a mente não estava lá presente.
Assim, no momento do amor, passado e futuro não existem. Então, há um ponto delicado a ser compreendido: Quando não há passado nem futuro, você pode chamar tal momento de presente? Ele é o presente somente no meio dos dois – no meio do passado e do futuro.
Se não há passado nem futuro, qual o sentido de chama-lo de presente? Não faz sentido. É por isso que Shiva não usa a palavra "presente". Ele diz: “vida eterna”. Ele quer dizer eternidade... Entrar na eternidade.
Perceba... Nós dividimos o tempo em três partes – passado, presente e futuro. Esta divisão é falsa, absolutamente falsa. O tempo é na verdade passado e futuro. O presente não faz parte do tempo. O presente faz parte da eternidade.
Aquilo que passou é tempo; aquilo que está chegando é tempo. Aquilo que é, não é tempo, porque nunca passa – ele é sempre aqui. O agora está sempre aqui. Ele existe sempre aqui! Este agora é eterno.
Você precisa apenas se mover para fora do tempo para entrar na eternidade.
Assim, o amor é a primeira porta. Através dele você pode se mover para fora do tempo. É por isso que todo mundo quer ser amado, todo mundo quer amar. Mas ninguém sabe por que tanta significância é dada ao amor, por que há um anseio tão profundo pelo amor.
E a menos que você saiba disso corretamente, você não pode nem amar, nem ser amado, porque o amor é um dos fenômenos mais profundos sobre a terra.
Assim, se você já amou, o amor pode se tornar uma técnica de meditação. E esta é a técnica: “Quando acariciada, Doce Princesa, entre na carícia como na vida eterna”.
Não seja um amante afastado, que fica do lado de fora. Torne-se amoroso e mova-se para dentro da eternidade. Quando você está amando alguém, você está presente como amante? Se você está presente, então, você está no tempo e o amor é simplesmente falso. Se você ainda está presente e você pode dizer “eu sou”, então vocês podem estar fisicamente perto, mas, espiritualmente, você s estão bem distantes.
Enquanto estiver amando, você não deve existir – somente o amor, somente o ato de amar. Torne-se o ato de amar. Enquanto acariciando seu amado ou amante torne-se a carícia. Enquanto beijando, não seja o que beije ou aquele que é beijado – seja o beijo.
Esqueça o ego completamente, dissolva-o dentro do ato. Mova-se para o ato tão profundamente de modo que o ator não mais existe.
Shiva diz: torne-se o amar. Quando você está em um abraço, torne-se o abraço, torne-se o beijo. Esqueça-se de si mesmo tão totalmente, que você possa dizer: “Eu não mais existo. Só o amor existe”. Então, o coração não está batendo, mas o amor está batendo. Então, o sangue não está circulando, o amor está circulando. E os olhos não estão vendo, o amor está vendo. Então, as mãos não estão se movendo para tocar, o amor está se movendo para tocar.
Torne-se o amor e entre na vida eterna. O amor de repente muda sua dimensão. Você é jogado para fora do tempo e fica encarando a eternidade. O amor pode se tornar uma meditação profunda – a mais profunda possível.
O tantra significa isso: a transformação do amor em meditação. E agora você pode entender por que o tantra fala tanto sobre amor e sexo. Por quê? Porque o amor é a porta mais natural por onde você pode transcender este mundo, esta dimensão.
O amor para Shiva é o grande portal. E, para ele, o sexo não é algo a ser condenado. Para ele, o sexo é a semente e o amor é o florescimento; e, se você condene a semente, você condena a flor. O sexo pode se tornar amor. Se ele nunca se torna amor, então ele está mutilado.
O sexo não deve permanecer sexo; esse é o ensinamento do tantra. Ele deve ser transformado em amor. E o amor também não deve permanecer amor. Ele deve ser transformado em luz, em experiência meditativa, no pico místico definitivo, derradeiro.
Como transformar o amor? Esteja no ato e esqueça o ator. Enquanto amando, seja o amor – simplesmente ame. Então, não é o seu amor ou o meu amor ou o amor de outra pessoa – é simplesmente amor.
Se esse mover-se não for momentâneo e esse mover-se tornar-se meditativo – isto é, se você puder se esquecer de si mesmo completamente e se o amante e a amada desaparecerem, e houver apenas o amor fluindo -, então, diz Shiva, a vida eterna é sua.

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