2 de ago. de 2012

Uma jornada de volta ao centro I



Observe onde está a sua energia – a sua atenção – nesse momento...
Provavelmente na cabeça, distraído com imagens, pensamentos, lembranças, objetivos, sonhos e desejos...
Direcione sua atenção ao centro do peito e permaneça aí...
Existem três camadas no ser humano – a fisiologia, ou seja, o corpo; a psicologia, ou seja, a mente; e o ser, ou seja, o eu eterno.
O amor pode existir em todos esses três planos, mas as suas qualidades são diferentes.
No plano da fisiologia, ou seja, no corpo, ele é simplesmente sexualidade. Você pode até chamar de amor porque a palavra “amor” parece poética, bela, mas noventa e nove por cento das pessoas estão chamando sexo de amor.
Você se apaixona por uma mulher ou por um homem. Você pode descrever com exatidão por que essa pessoa atraiu você? Você certamente não pode ver o eu verdadeiro, a essência dessa pessoa, pois ainda não vê nem o seu próprio ser.
Você também não pode ver a psicologia dessa pessoa, pois ler a mente de alguém não é nada fácil.
Então, o que você descobriu? Algo na sua fisiologia, na sua química, nos seus hormônios, mas isso não é amor, é química.
Agora pense: a mulher por quem você se apaixonou vai ao médico e muda de sexo, começa a deixar a barba e o bigode crescerem – será que você ainda vai amá-la? Nada mudou, só a química e os hormônios. Então por que o amor acabou?
Perceba... Só um por cento das pessoas vai um pouco mais fundo. Os poetas, os pintores, os músicos, os dançarinos... Essas pessoas têm uma sensibilidade que os faz sentir um pouco além do corpo.
Eles podem sentir as belezas da mente, as sensibilidades do coração, porque eles mesmos vivem nesse plano.
Então tome isso como uma regra básica: enquanto viver, você não pode ver além disso. Se está vivendo no corpo, se você pensa que é só o seu corpo, você só vai se sentir atraído pelo corpo de outra pessoa. Esse é um estágio fisiológico do amor.
Mas um músico, um pintor, um poeta vive num plano diferente. Ele não pensa, ele sente. E, porque ele vive no coração, consegue sentir o coração de outra pessoa.
Então, por que tantas pessoas não estão passando para o segundo plano do amor? As pessoas têm medo de se envolver a ponto de atingir as camadas delicadas do amor, pois nesse estágio o amor é extremamente belo, mas muito passível de mudança.
Poetas, artistas, sabemos que eles se apaixonam todos os dias. Seu amor é como uma rosa. Enquanto existe ele é tão fragrante, tão vivo!. Mas, à noite, ele já se foi e você não pode fazer nada para impedir que isso aconteça.
O amor mais profundo do coração é como uma brisa que entra em seu quarto, traz com ele o frescor, e depois se vai.. Você não consegue agarrar o vento com as mãos.
Muitas poucas pessoas têm coragem bastante para viver uma vida que muda a todo momento. Por isso, elas decidiram por um amor do qual possam depender.
Eu não sei que tipo de amor você conhece – mais provavelmente o primeiro tipo, talvez o segundo. E você tem receio: se atingir o seu ser, o que acontecerá com o seu amor?
Com certeza você vai perde-lo, mas um novo tipo de amor surgirá, um amor que talvez surja em uma pessoa em milhões. Esse amor só pode ser chamado de amorosidade.
O primeiro amor – o da maioria das pessoas – deveria ser chamado de sexo. O segundo deveria ser chamado de amor. O terceiro deveria chamar amorosidade – uma qualidade que não é dirigida a ninguém, não é possessiva nem deixa ninguém tomar posse de você. Essa qualidade amorosa é uma revolução tão radical que até concebê-la é muito difícil.
Quando chega no ser, você simplesmente tem uma fragrância de amorosidade. Mas não tenha medo. A sua preocupação faz sentido – o que você chama de amor acabará. Mas o que o substituirá é imenso, infinito.
Você será capaz de amar sem se apegar. Você será capaz de amar muitas pessoas, porque amar uma pessoa só é viver na pobreza.
Essa pessoa pode lhe dar uma certa experiência de amor, mas amar muitas pessoas... Você ficará encantado ao ver que cada pessoa lhe proporciona um novo sentimento, uma nova canção, um novo êxtase.
Então torne o amor das pessoas livre, torne as pessoas não possessivas. Mas isso só pode acontecer se na sua meditação você descobrir o seu ser.
Não é nada prático. Não estou lhe dizendo para sair essa noite com outra mulher ou com outro homem só para praticar. Você não vai ganhar nada com isso e ainda pode perder o seu parceiro; e pela manhã vai parecer um idiota.
Não é uma questão de praticar, é uma questão de descobrir o seu próprio ser.
A descoberta do ser traz a virtude da amorosidade impessoal. Você simplesmente passa a amar, e esse amor não para de se expandir.
Primeiro são os seres humanos, depois os animais, os pássaros, as montanhas, as estrelas.
Chega um dia em que toda a existência é objeto do seu amor.
Uma amorosidade pura, impessoal, que pode penetrar no ser de qualquer pessoa – esse é o resultado do estado meditativo, do silêncio, do mergulho profundo no próprio ser.
Pouco a pouco você passará do sexo para o coração. E depois passará do coração para o ser. A partir desse ponto, abre-se a porta do ser supremo da existência. É impossível descrevê-lo, só é possível aponta-lo – um dedo apontado para a lua.
Mas não se preocupe. Você só perderá a sua pobreza, a sua miséria. Não perderá nada que tenha valor.

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