23 de ago. de 2012

Em busca do significado I



A vida é o viver – é um processo.
Não há maneira de atingir a vida exceto vivendo-a, exceto estando vivo, fluindo, jorrando com ela. Se você está buscando o significado da vida em algum dogma, em alguma filosofia, em alguma teologia, essa é a maneira certa de perder tanto a vida quanto o significado.
A vida não está em algum lugar esperando por você, ela está acontecendo em você. Não está no futuro como um objetivo a ser alcançado; está aqui agora, neste exato momento – na sua respiração, circulando no seu sangue, batendo no seu coração.
Então a pergunta fundamental aqui é: Quem é você? Mas você precisa saber quais são os seus desejos, as suas vontades, as suas ambições.
Se você é um ego, então evidentemente você quer dinheiro, poder, prestígio. Então você estará em luta constante com outras pessoas, você será competitivo – ambição significa competição. Você estará continuamente em competição furiosa com os outros e eles estarão em competição furiosa com você.
Então a vida se torna o que diz Charles Darwin, a sobrevivência do mais adaptado. Mas na verdade, seu uso da palavra “mais bem adaptado” não é correto. O que ele realmente quer dizer com “o mais bem adaptado” é o mais sagaz, o mais parecido com o animal, o mais obstinado, o mais feio.
Porque Charles Darwin não dirá que Buda é o mais bem adaptado, ou que Jesus ou Sócrates são os mais bem adaptados. Essas pessoas foram mortas tão facilmente, e as pessoas que os mataram sobreviveram.
Podemos dizer, então, que o uso de Darwin das palavras “mais bem adaptado” foi infeliz.
Mas vamos voltar... Se você está vivendo no ego, então sua vida será uma luta; será violenta, agressiva. Você vai criar infelicidade para os outros e infelicidade para você porque uma vida de conflito não pode ser nada além de uma vida de conflito.
Portanto, tudo depende de você, de quem é você.
Se você não se conhece está vivendo na inconsciência, e uma vida de inconsciência só pode ser uma vida de equívocos – você pode escutar Buda, você pode escutar Jesus, mas você irá interpretar segundo a sua própria inconsciência – você irá interpretar mal.
Se você está identificado com o corpo, então seus desejos serão diferentes; então o alimento e o sexo serão suas únicas vontades; seus únicos desejos. Estes dois são desejos animais, os mais primários.
Gostaria de lembrar que não os estou condenando por chama-los os mais primários; não os estou avaliando. Estou apenas estabelecendo um fato. Eles estão no degrau mais baixo da escada. O corpo é muito limitado; tem preocupações simples – alimento e sexo – e para ele nada mais existe.
Mas se você está identificado com a mente, a mente tem muitas dimensões e seus desejos serão diferentes: música, dança, poesia, e mais milhares de coisas.
Agora, se você está identificado com o coração, então seus desejos serão de uma natureza mais elevada, mais elevada do que a mente.
Portanto, depende de onde você está fixado: no corpo, na mente, no coração. Estes são os três locais mais importantes a partir de onde uma pessoa pode funcionar.
Mas há também um quarto espaço em você – no Oriente é chamado de Turya – o transcendental.
E se você está consciente da sua transcendentalidade, então todos os desejos desaparecem. Então você simplesmente existe, sem nenhum desejo, sem nada a ser perguntado, a ser preenchido. Não há futuro nem passado. Você vive apenas o momento, totalmente satisfeito, preenchido. No quarto espaço, seu Lótus de mil pétalas se abre; você se torna divino.
E você terá de indagar dentro de você – e isso não é muito difícil. Se são os alimentos e o sexo que absorvem a maior parte da sua energia, então é com o corpo que você está identificado. Se é algo relacionado com o pensamento, então é com a mente; se está preocupado com o sentimento, então é com o coração que você está identificado.
Olhe dentro de você. Onde está exatamente o seu problema?
Investigue, busque o lugar exato onde você está. Todo desejo é puro desperdício, todo o querer isso e aquilo é errado, mas se você está identificado com o corpo eu não posso te dizer isso.
Se você está identificado com o corpo, vou lhe dizer para passar a ter desejos um pouco mais elevados, os desejos da mente, e depois para desejos um pouco mais elevados ainda – os desejos do coração -, e, então, finalmente, para o estado de ausência de desejo.
É preciso ir além de todos os desejos; só então há contentamento.
Portanto, mova-se de desejos inferiores para desejos superiores, de desejos brutos para desejos mais sutis, depois para o mais sutil, porque do mais sutil o salto para o não desejo, para a ausência de desejo, é fácil.
A ausência do desejo é o nirvana – é a cessação do ego e de todos os desejos.
No momento em que o ego morre, os desejos desaparecem. E estar desprovido de desejos, estar desprovido do ego, é conhecer a máxima bem aventurança, é conhecer o êxtase eterno.

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