Há uma famosa historieta Zen:
Um homem veio a um Mestre Zen e perguntou: "Um cachorro tem natureza búdica?"
Não se pode fazer esta pergunta em nenhum outro lugar. Se você perguntar a um cristão: "Um cachorro tem natureza crística?", ele ficará absolutamente enfurecido. Você está insultando Cristo, o filho unigênito de Deus; isso não é somente profano, mas um sacrilégio. Porém, no budismo se pode perguntar isso, não há problema.
O discípulo perguntou ao Mestre: "Um cachorro tem a mesma natureza de Buda?"
E a resposta do Mestre é muito estranha e confusa, e através dos séculos pessoas a têm contemplado e ela se tornou um koan a ser meditado.
O Mestre disse: "Mu"
Mu significa nada. Agora o problema é: o que ele quer dizer ao falar mu? Mu também pode significar não; pode significar nada e não. Ele está dizendo que o cachorro não tem a mesma natureza de Buda? Vindo de um Mestre Zen, isso não é possível. Então, o que ele quer dizer por mu? Ele não quer dizer não - ele quer dizer nada. Ele está dizendo: "Buda é nada, assim é o cachorro". Ele está dizendo sim ao dizer não.
Ele está dizendo: "Sim, o cachorro tem a mesma natureza de Buda, mas Buda é nada, assim é um cachorro!" Não existe eu, nem em Buda nem num cachorro. Não existe ninguém lá dentro! Buda é vazio e assim é o cachorro. Somente as formas e os sonhos são diferentes. O cachorro está sonhando que é um cachorro - isso é tudo. Você está sonhando que é um ser humano, alguém está sonhando que é uma árvore. Mas dentro não há ninguém - puro silêncio.
Esse silêncio é samadhi. Quando você começa a ter vislumbres deste silêncio, sua vida começa a mudar. Então, pela primeira vez, você vive numa maneira poética, a morte não cria medo em você e nada pode perturbá-lo ou distraí-lo.
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