15 de set. de 2016

Casamento é prostituição

Procure manter a sua mente prisioneira dentro do seu coração...
A palavra amor pode ter dois significados absolutamente diferentes – e não somente diferentes, mas completamente opostos: um é amor como relacionamento; o outro é amor como um estado de ser.
No momento em que o amor se torna um relacionamento, ele se torna uma escravidão, porque existem expectativas, existem exigências, existem frustrações, e um esforço de ambos os lados para dominar. Torna-se uma luta pelo poder.
O amor como estado do ser é uma palavra totalmente diferente. Significa que você está simplesmente amando, você não está criando um relacionamento a partir disso. Seu amor é exatamente como a fragrância de uma flor. Ela não cria um relacionamento, ela não lhe pede que você seja de uma determinada maneira, que se comporte de uma determinada maneira, que aja de uma determinada maneira. Ele não exige nada. Ele simplesmente compartilha. E, no compartilhar, não existe qualquer desejo de recompensa. O próprio compartilhar é a recompensa.
Quando o amor se torna como uma fragrância para você, aí ele tem uma extraordinária beleza, e algo que está muito acima da assim chamada humanidade. Ele tem algo divino.
Quando o amor é um estado do ser, você não pode fazer nada a respeito dele. Ele irá irradiar, mas ele não criará prisão alguma para ninguém, nem lhe permitirá ser aprisionado por qualquer pessoa.
O relacionamento como tal - real ou imaginário – é um tipo de escravidão psicológica muito sutil: ou você escraviza o outro, ou você próprio se torna um escravo.
Outro ponto a ser notado é que você não pode escravizar alguém sem se tornar, você mesmo, um escravo. Perceba... Um pode ser mais forte, um pode ser mais fraco, mas em todo relacionamento você se torna o carcereiro, e o outro se torna o prisioneiro.
Do lado dele, ele é o carcereiro e você o prisioneiro. E essa é uma das causas fundamentais da humanidade viver em tal tristeza, em tal sofrimento.
Deixe que seu amor seja o seu estado de ser... Não se trata de se apaixonar, você simplesmente ama. É simplesmente sua natureza.
O amor é exatamente a fragrância do seu ser. Mesmo que você esteja sozinho, você está envolvido pela energia amorosa. O estado amoroso não é endereçado a alguém.
Mas você só pode estar em estado de amor se você abandonar o velho padrão de relacionamento da mente. O amor não é um relacionamento.
Duas pessoas podem ser muito amorosas juntas. Quanto mais amorosas elas forem, menor é a possibilidade de qualquer exigência, qualquer dominação, qualquer expectativa. E, naturalmente, não existe nenhuma frustração.
O amor é tão valioso que deveria ser protegido de qualquer tipo de poluição, contaminação, protegido de qualquer tipo de envenenamento.

Sempre que o amor florescer espontaneamente, cante-o, dance-o, viva-o; não crie correntes a partir dele.
E o amor é algo que está disponível na Terra, mas não pertence à Terra. Ele lhe dá asas para voar. Sem amor, você está sem asas.
Mas porque ele é tamanha nutrição, todos os problemas surgiram ao redor dele. Você quer que seu amante ou sua amante, seu bem amado esteja disponível para você amanhã também. Foi bonito hoje, e você está preocupado com o amanhã. Consequentemente, o casamento nasceu. É somente o medo de que talvez amanhã seu amante ou seu bem amado possa deixá-lo – então torne-o um contrato perante a sociedade -, para fazer sua escravidão absolutamente certa e segura.
Amanhã de manhã... Você nunca sabe. O amor vem como uma brisa – pode vir novamente, pode não vir – nunca se sabe.
Viver com uma mulher que você não ama, viver com um homem que você não ama, viver por segurança, viver por suporte financeiro, viver por qualquer razão exceto amor, não é nada além de prostituição.

O amor é autêntico somente quando ele dá liberdade.
O amor é verdadeiro somente quando ele não interfere na privacidade da outra pessoa. Mas as pessoas... Elas têm medo da individualidade; elas destroem a individualidade um do outro. E elas esperam que destruindo um ao outro, suas vidas se tornem um contentamento, uma realização. Mas elas simplesmente se tornam mais e mais miseráveis. Seja amoroso e lembre-se: qualquer coisa verdadeira está sempre mudando. Você tem recebido noções erradas de que um verdadeiro amor permanece para sempre. Uma rosa verdadeira não permanece para sempre. Um ser vivo tem que morrer um dia...
A existência é uma constante transformação... Mas a noção, a ideia de que o amor deve ser permanente se ele é verdadeiro... e se o amor desaparece um dia, então a dedução natural é de que não era verdadeiro.
Perceba... O amor veio repentinamente – veio como um presente da natureza. Do mesmo modo que ele vaio, ele vai. Mas não há necessidade alguma de estar preocupado, porque se uma flor murchou, outras flores estarão vindo. As flores virão sempre, mas não se apegue a uma flor. Senão logo você estará se apegando a uma flor morta. E essa é a realidade: as pessoas estão apegadas a um amor morto, que um dia esteve vivo. Agora é somente uma memória e uma dor, e você estagnado devido à respeitabilidade, devido à lei.
Não sou contra o amor, sou imensamente a favor. Mas estou falando sobre o amor como fenômeno espiritual, não como biologia. A biologia não é amor, é luxúria. A ideia de amor é apenas uma sedução biológica. Quando você faz amor com uma mulher ou com um homem, de repente você descobre que não está mais interessado, pelo menos por 24h. E isso depende da sua idade – quando você se torna mais velho, 48, 72 horas...
Não sou contra o amor. É possível que duas pessoas possam viver toda a vida juntas. Ninguém está dizendo que as pessoas têm que se separar, mas esse “viver juntos” será apenas a partir do amor, sem interferir e invadir a individualidade de cada um.
Essa é sua dignidade.

Texto publicado em fevereiro de 2011 e revisado em setembro de 2016

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