23 de out. de 2010

Penetrando o desconhecido


Perceba que quando você entra em algo desconhecido, é natural sentir medo.
E toda a aventura traz o seu próprio medo.
Se a pessoa quer viver sem medo, ela pode viver somente em um túmulo.
E é assim que muitos vivem: eles apenas aparentam estar vivo.
A vida pode significar apenas uma coisa, e essa coisa é a constante aventura – sempre se movendo do conhecido para o desconhecido – e finalmente, no fim de tudo, um salto quântico do desconhecido para o que não podemos compreender totalmente.
A pessoa que vive sem aventura na vida, sem medo, vive também sem felicidade.
Ela vive uma vida de conveniência, confortável, aconchegante, mas estúpida, sem significado, sem nenhuma alegria, nenhuma canção, nenhuma dança.
Nunca acontece nada no seu ser, ela simplesmente vegeta.
Do nascimento à morte, ela simplesmente vai morrendo a cada dia, a cada momento, lentamente.
Procure entender que a mente tem muito medo do desconhecido, porque a mente se sente capaz quando você está funcionando dentro das fronteiras do conhecido.
Mente significa conhecimento.
Ou seja, você passou pela mesma rota tantas vezes, que agora você pode passar de olhos fechados, sem nenhum medo de tombar nas coisas, cair...
E você passa a funcionar como um robô.
A mente consiste somente no conhecido.
No momento em que você começa a convidar o desconhecido para dentro dela, a mente dá um clique.
A mente diz: “Não, é perigoso. Eu não quero”.
Não ouça a mente, porque mente significa passado – ele está morto, já acabou: é não existencial.
O passado são as pegadas do que já não existe.
A mente não sabe nada do presente.
Ela não tem nenhuma capacidade de se comunicar com o presente, porque o presente é sempre desconhecido.
E o medo da mente é porque no momento em que você encontra o presente, você tem de ser espontâneo, e a mente se torna inútil.
E esse é o momento em que a meditação começa a acontecer.
Permitir a entrada do desconhecido no seu ser é o começo da meditação, o começo do Zen.
O presente somente pode ser abordado através do estado de não-mente.
Se você tem quaisquer conclusões, você ainda está carregando o passado – as conclusões vêm do passado, os preconceitos vêm do passado...
E os seguidores, os buscadores, estão sempre procurando por garantias, consciente ou inconscientemente – eles ficam esperando por certas indicações de que a verdade seja assegurada.
“Então, poderemos ir a qualquer aventura, poderemos entrar”, mas se houver garantia aí já não será mais aventura.
Procure, então, pôr de lado tudo o que você já sabe.
Olhe para o presente num estado de não-conhecimento.
A mente vai tremer – deixe-a tremer.
Deixe-a morrer de tremedeira.
E quando a mente desaparecer... Você também desaparecerá como ego.

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