O mestre Zen diz:
Todo mundo tem um Buda dentro de
si, mas o Buda não é santo, não é inteiro.
Perceba... Nós
vivemos em fragmentos. Um vive na cabeça, outro no coração, outro vive no
corpo, outro vive em algum outro lugar. Um se aplica no dinheiro, outro no
poder, outro em alguma outra viagem. Mas ninguém é íntegro (inteiro), plenamente
consciente no que está fazendo, plenamente consciente no que está sendo.
As abelhas
devem ter algo parecido com as mentes humanas, exatamente a mesma espécie de
estupidez. As portas podem estar abertas, mas se uma abelha estiver dentro da
sala, presa na sala...
Elas entram
pela porta escancarada e querem sair pelo vidro da janela fechada. E quanto
mais ela tenta, mais desesperada ela fica e começa a tentar passar pela parede,
pelo teto, por qualquer lugar. E quanto mais ela tenta, mais desesperada ela fica,
mas não há nenhum meio de se passar pelo teto, ou pela parede, ou pela janela
fechada. E no desespero, na frustração, ela se torna cada vez mais e mais cega,
medrosa e apavorada. Ela perde toda a inteligência.
E o mesmo está
acontecendo com os seres humanos.
Se você está
vivendo certo dilema, a primeira coisa, a saber, é como você entrou nele, ao
invés de tentar sair dele. Sem fazer a pergunta mais fundamental e primária,
você tornará as coisas piores.
E é isso o que
as pessoas estão fazendo. Elas perguntam “como podemos sair da nossa raiva, da
nossa avareza, do nosso apego, da nossa mesquinhez, como podemos sair da nossa
possessividade, sair disso e daquilo”?
Mas essas
mesmas pessoas não perguntam “como entramos nisso”? antes de tudo.
Toda a
abordagem de Buda é esta: Primeiro veja como você entrou na raiva. Se você
puder ver a entrada, a mesma porta é a saída... Não é preciso nenhuma outra
porta. Mas sem estar consciente da entrada, se você tentar encontrar a saída,
você não vai encontrar – você vai ficar cada vez mais desesperado. E é isso que
as pessoas continuam fazendo.
Nas
escrituras, o que você está procurando? Soluções. Você cria os problemas – e as
soluções estão nas escrituras?! Por que você não olha para os problemas, você
mesmo? Como você os cria? Por que você não observa quando está criando certo
problema?
E você cria problemas
todos os dias. Hoje mesmo, em algum momento do dia, você vai ficar com raiva de
novo. Então veja como isso surge, veja como você entra nisso, perceba como isso
se torna tão grande que você se perde...
Você está se
comportando quase como uma abelha estúpida. As abelhas podem ser perdoadas, mas
você não pode ser perdoado.
E a
bela oportunidade surgiu porque uma abelha entrou no cômodo. Ora, a abelha
entra pela porta aberta. Por onde ela entraria¿ Então perceba... Como foi que
você entrou no mundo? Como é que você entra todos os dias no mundo, quando se
levanta de manhã?
Alguma
vez você já observou¿ - quando, no primeiro momento da manhã, você se torna
consciente que o sono se foi, há uma brecha de alguns segundos, no qual a mente
não existe – somente de alguns segundos. O sono não existe mais e o mundo ainda
não começou a existir. A mente vai levar um pouco de tempo pra começar. Há uma
brecha, um intervalo, por alguns segundos. Se você for suficientemente alerta,
você será capaz de ver como você entra todos os dias no mundo. Qual é o seu
primeiro pensamento? Você pode dizer qual foi o seu primeiro pensamento hoje? Você deve ter entrado, mas você não está absolutamente ciente.
Nós
vivemos tão mecanicamente. Cada momento é uma oportunidade, mas nós vamos
perdendo-a na nossa estupidez.
A coisa mais
importante, sempre que você estiver num problema, não é começar a fazer algo
imediatamente, caso contrário, você tornará o problema maior e pior. A coisa
mais significativa é não fazer nada nesse momento, absolutamente. Simplesmente
sente-se silenciosamente, relaxe, descanse... Fique num... Deixe ir! Ao invés
de tentar descobrir o caminho, observe por onde você entrou, porque todo problema
tem sua própria solução e cada pergunta tem sua própria resposta em si.
Se você for
suficientemente atencioso, se você for suficientemente consciente, você será
capaz de descobrir por onde você entrou na raiva, se você for suficientemente
atencioso, você será capaz de descobrir por onde você entrou no ciúme, na
possessividade, no apego, na mesquinhez... E nenhuma escritura irá ajudar.
Os sutras, as
escrituras são boas enquanto vocês são crianças, mas chega um tempo em que você
deve se tornar maduro o bastante para ir além da informação e começar a
procurar pela transformação.
Mas Vivemos
tão mecanicamente... E cada momento nos perdendo na nossa estupidez...
Por alguns instantes, observe a sua respiração... Não
perca esta oportunidade... E encontre um espaço sagrado de silêncio...
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