26 de out. de 2010

Como não ser um avarento



Procure se abrir... Abra suas mãos... Não segure nada... Deixe o rio seguir o seu fluxo... Perceba que você está sempre no controle; pelo menos, tentando controlar... Sempre precavido em relação à vida; sempre pensando em termos de negócios, em termos de dinheiro, em termos de lucro.
Nós fomos todos educados para ganhar mais, para realizar mais, para juntar mais. Dar menos e ganhar mais. E é realmente difícil abandonar esta ideia, porque isso significará uma transformação total – será uma coisa muito fundamental, muito básica. Tem a ver com o abandono de todos os nossos valores.
Nós valorizamos as coisas que têm alguma finalidade útil, nós não valorizamos as coisas que não tenham alguma utilidade. Nós teremos que transferir toda a nossa consciência do utilitário para o não-utilitário. Uma flor é muito mais valiosa do que uma arma. A chuva que cai no telhado e o seu som são muito mais valiosos do que todo o dinheiro do mundo. Estas árvores verdes são muito mais valiosas do que conseguir alguma conquista mundana, como tornar-se um Alexandre – O Grande ou ser um presidente do País.
Desfrutar um lindo pôr-do-sol é muito mais valioso do que ter um nome mundialmente famoso. Ser capaz de experienciar a bem-aventurança da natureza, ou o esplendor da existência é muito mais valioso do que ganhar qualquer prêmio Nobel.

Nós temos de mudar todo o nosso sistema de avaliação.
Temos de desaprender a mente conquistadora, a mente ambiciosa, e temos que aprender um modo totalmente novo de vida, de desfrutar, de se alegrar.
E é isso basicamente o que é o Zen. Sua qualidade básica mais essencial é a capacidade de desfrutar o comum, o mundo comum, com extraordinária perceptividade.
Perceba... Se uma pessoa lhe desse um diamante, é claro que você apreciaria; mas se alguém lhe desse apenas um cravo de defunto, você diria obrigado, mas não estaria realmente agradecendo – seria apenas uma formalidade.
E isso é para ser aprendido, este espírito tem de ser embebido. E, então, toda a sua visão de mundo mudará. Então, vocês não poderão ser conquistadores... Então, você terá de ficar contente esteja onde estiver, seja você quem for.
Mas ninguém quer ficar onde está, esteja onde estiver. Mesmo que no mundo você comece a se sentir contente, você começa uma nova espécie de desejo, de ambição pelo outro mundo... Você começa a procurar pelos prazeres celestiais, pelo paraíso. É o mesmo jogo, é a mesma mente...!

Não ser apegado exageradamente ao dinheiro simplesmente significa que você tem de viver cada momento sem nenhum motivo absolutamente, pela simples alegria de viver, pela simples alegria de dançar, pela simples alegria de cantar. Assim como as flores florescem e os pássaros cantam e os rios fluem, da mesma maneira quando você está vivendo momento a momento, por nenhuma razão absolutamente, sem nenhum propósito absolutamente, sem motivações, sem uma finalidade... Como se este fosse o primeiro e último momento e você estivesse completamente satisfeito com isso – então, nesse ponto, o avarento desaparece.

Seja do momento, viva no momento. Aprenda a arte de permanecer no presente. Nem o passado existe, nem o futuro. Somente o presente existe. Então entre no presente com sua totalidade, sem motivação.
E o milagre é que sua alegria será tremenda! Sim, a sua bem-aventurança será eterna. Mas lembre-se – deixe-me lembrar a você: eu não estou dizendo que viva no presente a fim de que você consiga a bem aventurança eterna. Se esta for a sua ideia, então, de novo, você caiu na velha armadilha. Isso é uma consequência, não um fim. Você não precisa se incomodar com isso.

Simplesmente traga-se de volta repetidamente ao momento presente... Relaxe no presente.

E então, uma vez que você tenha provado, toda a ambição desaparece, porque a bem-aventurança vem e o preenche tanto que não há nenhum lugar para mais nada – nem para a avareza, para a inveja, para a competitividade, para a ambição, para o futuro ou para o passado.

A bem-aventurança o preenche por todos os lados do seu ser e começa a transbordar de você.

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